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Entrevista: 6 perguntas para Noodles (Offspring)

Guitarrista falou sobre relação com The Damned, hiato criativo — agora encerrado — e impressão de que sua banda está mais popular do que nunca

No início deste mês, o Offspring realizou cinco shows no Brasil. Antes dessas apresentações, este que vos escreve pôde conversar com o guitarrista Noodles a respeito da turnê e alguns outros assuntos.

O bate-papo saiu na Rolling Stone Brasil (leia a íntegra aqui), mas vale trazer algumas respostas para o site IgorMiranda.com.br. As declarações sobre os shows foram cortadas, pois as performances já aconteceram.

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Entrevista com Noodles, guitarrista do Offspring

Igor Miranda: Neste festival que percorre o Brasil, vocês têm no lineup The Damned, uma das bandas mais importantes da história do punk rock. Como é a sua relação com a música deles, especialmente quando você ainda era apenas um fã?
Noodles: “Sou um grande fã de The Damned. Em um ponto eles assinaram com a Nitro Records, quando Dexter ainda estava no comando, e lançaram o álbum ‘Grave Disorder’ (2001), que é fenomenal. Conversei com Captain (Sensible, guitarrista) e Rat Scabies (baterista) algumas vezes. Fizemos um cover de ‘Smash It Up’ no festival de Glastonbury (1995). Tem um grande solo de bateria no meio e Ron (Welty, ex-baterista do Offspring) errou o solo. (Risos) Rat Scabies estava bem na lateral. Então ele continuou comprando bebidas para Ron a noite toda, fazendo Ron ficar bêbado. Somos grandes fãs. Tocamos com eles há pouco tempo em um festival na Europa e eles estão mandando bem como sempre.”

IM: É desafiador montar um setlist a esta altura da carreira?
N: “Invariavelmente, vamos pular a música favorita de alguém. Isso é sempre uma chatice. Estávamos em Montreal, e um cara realmente queria ouvir a faixa-título do álbum ‘Smash’ (1994), então ele saiu e gritou comigo no bar depois do show: ‘Por que vocês não tocam ‘Smash’? P#rra!’ E então saiu correndo. ‘Uau, cara, desculpe. Não podemos tocar todas elas’. Tentamos misturar e tornar divertido para o público e para nós também. Amamos tocar músicas que não tocamos há muito tempo.”

IM: Antes de “Supercharged” (2024), vocês passaram quase 10 anos sem lançar um novo álbum, entre “Days Go By” (2012) e “Let the Bad Times Roll” (2021). “Supercharged” saiu até rapidamente, três anos após o disco anterior. O que mudou na banda para que os fãs tivessem um novo álbum em menos tempo?
N: “Muitas coisas nos atrasaram entre ‘Days Go By’ e ‘Let the Bad Times Roll’. Dexter (Holland, vocalista) voltou para a faculdade e focou em seu PhD (em biologia molecular). Ficamos animados com isso e o apoiamos. Não são muitos os caras do rock que podem dizer que têm um PhD. Só sei de Milo (Descendents), Greg Graffin (Bad Religion) e Brian May (Queen). Além disso, quando íamos para o estúdio, as coisas não aconteciam tão rápido. Mas antes de terminarmos ‘Let the Bad Times Roll’, sentimos que estávamos mais criativos. Aí lançamos esse disco durante a pandemia, sem poder fazer turnê, então Bob (Rock, produtor) aparecia e continuávamos compondo música nova até poder sair em turnê. Começamos a turnê de ‘Let the Bad Times Roll’ e, nos intervalos, voltávamos para o estúdio. E temos trabalhado com Bob desde então. Preciso ligar para Bob hoje, a propósito. Obrigado por me lembrar.”

IM: Por causa da minha idade, me tornei fã do Offspring na época do “Splinter”, entre 2003 e 2004. E tenho a impressão de que a popularidade do Offspring parece ter até aumentado. Hoje vocês parecem mais populares do que nunca — tanto que estão fazendo essa grande turnê no Brasil, estão tocando nos maiores festivais. Vocês também sentem que a popularidade do Offspring aumentou? Se sim, até que ponto os sentimentos nostálgicos dos fãs influenciam isso?
N: “Não sei se é nostalgia por aquela época. Veja o exemplo do Sum 41, que surgiu por volta do ano 2000. Uma das primeiras turnês deles foi conosco, eles estavam em uma van quando nós já estávamos em um ônibus. Agora, eles lançam seu melhor e mais bem-sucedido álbum (‘Heaven :x: Hell’, 2024)… e então decidem se aposentar. Lamentei, mas fiquei empolgado por vê-los tendo tanto sucesso. E tenho dúvidas se é só nostalgia por aquela época dos anos 1990 e 2000. Também não sei se também há novos fãs descobrindo. Mas acho que a música daquela época ainda é tão boa, válida e vital. Por outro lado, sei que é difícil ser objetivo nesta resposta. Fato é que, ano passado, tocamos ‘Smash’ na íntegra algumas vezes e para mim, todas essas músicas soam tão novas. Acho que algumas no geral até podem soar um pouco datadas, mas muitas delas ainda soam novas.”

IM: Eu também entrevistei Jakob Nowell, do Sublime, e ele me disse que sempre foi fã do Offspring, mas que, no começo, os garotos mais velhos o provocavam, dizendo que vocês não eram uma banda punk de verdade e todas aquelas bobagens que ouvimos. Mas Jakob disse que, hoje, essas mesmas pessoas dizem que gostam do Offspring. Você acha que o Offspring também é mais bem visto hoje em dia pelos fãs mais puristas e de punk rock clássico, o que também passa a impressão de que o público aumentou?
N: “É totalmente possível. Quando eu era jovem, eu falava com muita paixão sobre o que eu amava e sobre o que eu odiava. Hoje, ainda amo as coisas que eu curtia, mas me importo menos com o que odeio. Até comecei a gostar de certas bandas de glam metal que eu odiava nos anos 1980 — não falarei nomes. [Risos] Conforme a pessoa envelhece, ela deixa de lado essas irritações bobas. Certamente não somos a banda mais punk do mundo, mas nós não somos apenas uma banda punk. Saímos do punk, das regras e das margens do punk, e tentamos outras coisas. Mas foi no punk onde encontramos nosso caminho como jovens adultos neste mundo. É onde nosso coração está. Ficamos animados com as antigas bandas punk, como The Damned, e também com bandas novinhas em folha, como Amyl & the Sniffers.”

IM: Sei que pode estar cedo, mas existe algum plano para compor novas músicas, talvez um novo álbum?
N: “Sempre estamos planejando música nova. Agora estamos focados na turnê intensa deste ano, mas estávamos no estúdio com Bob na semana passada, trabalhando em uma única música. Não tenho certeza do que será dessa música, mas estamos trabalhando em algumas coisas: uma nova canção e depois um remix de uma música antiga, tentando ver o que podemos fazer.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

3 COMENTÁRIOS

  1. Ótima entrevista. Sem aquele pachecada patriota que sempre rola quando um brasileiro entrevista um gringo. Por entrevistas como essa todos os dias aqui no site! (Ok, uma vez por semana já está valendo)
    Parabéns!

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