Letras carregadas de sentimento não são raras na discografia do Metallica, mas uma música em específico fez com que James Hetfield e Kirk Hammett chorassem juntos. Curiosamente, a faixa vem de um dos álbuns mais polêmicos não apenas da banda, como também da história do metal.
Em conversa com o podcast da Rolling Stone, Hammett relembrou o trabalho do grupo com Lou Reed, no disco “Lulu” (2011). O guitarrista destinou vários elogios ao ídolo falecido em 2013 e, ao contrário da maior parte da população mundial, revelou gostar muito do trabalho em questão.
Kirk afirmou:
“Aquele álbum significa tanto para mim por vários motivos. As letras são incríveis. É poesia a cada faixa. Sou um grande fã de Lou Reed. Poder estar com ele e trabalhar com ele musicalmente significou muito.”
Para Kirk Hammett, uma música do projeto em especial tem ainda mais significado, e não é diferente para o frontman James Hetfield: ambos choraram ao ouvir “Junior Dad” pela primeira vez, diretamente de Reed. O músico relembrou o efeito causado pelo épico de 19 minutos e meio:
“A faixa ‘Junior Dad’ – não consigo ouvi-la, cara. Me leva às lágrimas. Lembro de quando Lou disse: ‘tenho uma música para vocês e quero que ela esteja no álbum’. E ele tocou para James e eu. No fim da música, eu olhei para James, James olhou para mim e nós dois tínhamos lágrimas nos olhos. Então Lou Reed veio e nos viu chorando na cozinha. Ele sorriu e disse: ‘peguei vocês, não foi?’.”
Lou Reed proíbe solos do Metallica
Durante o trabalho com Lou Reed, Kirk Hammett descobriu algo importante, especialmente para um guitarrista: seu ídolo não gostava de solos. O integrante do Metallica também contou que Reed se opunha a sonoridades mais exóticas, como escalas orientais. Kirk contou:
“Me lembro que comecei a fazer algumas coisas com wah-wah e ele só foi até o microfone e disse: ‘não’. Eu fiquei: ‘o que?’ e ele disse: ‘sem solos de guitarra’. Eu disse: ‘ok’. E então eu me lembro que em algum ponto eu fui para um modo frígio dominante, sabe, um tipo de escala oriental. E ele foi até o microfone e disse: ‘sem música de dança do ventre’.”
Sem nenhum solo de guitarra – nem “música de dança do ventre” – e com Lou Reed mais declamando as letras do que cantando, “Lulu” não foi bem recebido entre os fãs do Metallica, que ainda aguardavam a sequência de “Death Magnetic” (2008). “Hardwired… to Self-Destruct” (2016) chegou só cinco anos depois.
“The View” acabou por se tornar o único single de “Lulu”, álbum duplo com mais de 87 minutos de duração. O trabalho teve bons resultados nas paradas da Europa, mas de maneira geral, não agradou nem os fãs da banda de thrash metal e nem os admiradores de Lou Reed.
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