Kurt Cobain teve contato com o metal ainda na infância. Quando estava na quarta série, o saudoso vocalista e guitarrista do Nirvana descobriu o Black Sabbath e “coisas mais pesadas que não tocavam em Aberdeen”, sua cidade natal, em Washington, nos Estados Unidos. Na capa de “Bleach” (1989), primeiro álbum do grupo, aparece até mesmo uma foto de King Diamond.
Dentre as bandas de música pesada, uma em específico tinha o respeito do artista. Chegou ao ponto do próprio músico ter contratado o engenheiro de som do grupo para trabalhar no “Nevermind” (1991).
À Guitar World, Butch Vig, baterista do Garbage e produtor do disco, mencionou a curiosa admiração de Cobain pelo Slayer. De acordo o músico, a decisão de chamar Andy Wallace, à época conhecido por trabalhar no “Reign in Blood” (1986), “South of Heaven” (1988) e “Seasons in the Abyss” (1990), veio do falecido ícone grunge:
“Scott Litt estava no topo da lista. Mas Kurt disse: ‘não, não quero soar como R.E.M.’ Ed Stasium também estava na lista. E Kurt disse: ‘não, não quero soar como os Smithereens’. Ele foi até o fim da lista e Andy Wallace estava lá. Dizia ‘Slayer’ ao lado do nome dele. E Kurt disse: ‘quero esse cara’.”
Posteriormente, Cobain criticou a mixagem de Wallace, afirmando que o engenheiro fez o “Nevermind” soar “polido demais” e “mais próximo do Mötley Crüe do que um disco de punk rock”. No entanto, Vig não acredita que essa era a opinião real do vocalista e guitarrista:
“Acho que essa foi apenas a reação de Kurt ao sucesso de ‘Nevermind’. Se tivesse vendido apenas 50 mil cópias, ele provavelmente não teria feito nenhum comentário sobre se era muito polido ou não polido o suficiente.“
Mais peso?
Conversando com a Billboard em 2016, Butch explicou que o Nirvana queria soar mais pesado em seu segundo álbum de estúdio. Até mesmo por isso, o nome de Wallace ganhou destaque entre as sugestões:
“De início, eu ia mixar, mas a banda vinha às sessões de mixagem e Kurt continuava dizendo: ‘quero que soe mais como Black Sabbath’. O empresário da banda ligou e sugeriu que procurássemos outros engenheiros de mixagem […]. Eles me enviaram uma lista com talvez 16 ou 18 engenheiros de mixagem realmente bons. Kurt olhou e não queria nenhum deles, até chegar ao fim e ver o nome de Andy Wallace com ‘Slayer’ do lado. Ele disse: ‘ligue para esse cara’. Andy também tinha mixado Madonna, mas não dizia Madonna na lista.”
Krist Novoselic confirmou o argumento. Para o livro “Classic Rock Albums: Nirvana – Nevermind”, o baixista explicou:
“Nós aceitamos trabalhar com Wallace porque os discos do Slayer eram muito pesados.”
Nirvana e “Nevermind”
Lançado em 24 de setembro de 1991, “Nevermind” vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo, causando uma revolução na indústria musical, que abraçaria o movimento que ficou conhecido como grunge. Ganhou disco de platina no Brasil.
A sonoridade se distancia de “Bleach” (1989), trabalho de estreia. Kurt Cobain citou influências de nomes como R.E.M., Pixies e Melvins para as ideias que buscava à época.
O vocalista e guitarrista ressaltou abertamente ter ficado descontente com o resultado, dizendo que soava muito polido. O produtor Butch Vig alega que esse foi um discurso para as câmeras e que todos se mostraram satisfeitos ao ouvir a versão final.
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