Andre Matos nos deixou em 2019, mas sua obra continua emocionando até aqueles que foram seus parceiros na música. Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra, citou as composições na voz do primeiro cantor de sua banda que tocam mais forte em seu coração, principalmente após o falecimento dele.
A conversa surgiu em um dos episódios do podcast Amplifica, comandado por Rafael. Na ocasião, o músico recebeu como convidados Gus Nascimento e Isa Nielsen. O primeiro entrevistado pergunto a Bittencourt, primeiramente, sobre a música do Angra que mais o emocionava.
O apresentador, então, respondeu, conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br:
“Tem muitas interpretações do Andre Matos [que emocionam], por duas razões. Ele era um cara profundo nas coisas. E ele não está mais aqui. Então, por exemplo, ‘Deep Blue’, as baladas [do Angra]… acho que ele tinha uma profundidade, uma sensibilidade…”
Na sequência, Bittencourt lembrou de outra faixa cantada por Andre, dessa vez em sua primeira banda, o Viper. Rafael também destacou a época em que conhecia o vocalista apenas por ser fã do grupo mencionado.
“Posso te falar uma que me machuca? ‘Living for the Night’. Os álbuns do Viper… outro dia eu estava ouvindo o ‘Soldiers of Sunrise’ (1987) […] que é o primeiro álbum do Viper, e eu era fã do Viper, então eu tinha o álbum e ouvia. Conhecer o Andre foi uma coisa assim, de conhecer um ídolo. Um ídolo próximo: eu sabia que estava ali no bairro, conhecia um monte de gente em comum e tal, mas foi uma situação disso mesmo. Então o ‘Soldiers of Sunrise’ e também o ‘Theatre of Fate’ (1989) me emocionam, porque aí eu resgato o Andre e o que ele representava para mim antes de eu conhecê-lo. E ele já não está mais aqui. Então muita história aconteceu, ele já não tá mais aqui e aí isso faz um resgate também de quem eu era.”
Reconhecimento
Em outro episódio do Amplifica, dessa vez tendo como convidado o guitarrista Hugo Mariutti (Shaman), Rafael Bittencourt citou mais uma música do Angra com Andre Matos e exaltou o antigo vocalista novamente. O artista ainda comparou o ex-colega a outro grande nome.
“Ele era muito rigoroso com as regras de como compor música. Ele era bem mais erudito e prestava atenção nessa coisa da linguagem. Quando penso nisso, sempre me lembro de um vídeo do Frank Zappa que uma pessoa pergunta sobre a concepção dele na guitarra e ele diz que não toca como a maioria. Para mim, foi um privilégio na minha vida ter encontrado o Andre Matos. Primeiro, porque talvez eu nem estivesse aqui. Ele já tinha dois discos com o Viper, conhecia o pessoal da gravadora no Japão. Eu cortei caminho graças ao Andre. Comecei com 19 anos inexperiente já com um sistema.
Segundo, agradeço o privilégio de ter trabalhado com um dos maiores músicos que já existiu. Coloco ele no mesmo patamar do Freddie Mercury. Claro que o Freddie é mais conhecido, mas em termos de capacidade e talento eles são iguais. Eu tenho uma memória especial que é a ‘Never Understand’. Lembro do momento do aprendizado, tinha o baião com heavy metal.”
Sobre Andre Matos
Nascido em São Paulo, Andre Coelho Matos se tornou vocalista do Viper aos 13 anos. Permaneceu entre 1985 e 1990, gravando dois discos. Retornou entre 2012 e 2015.
Após se dedicar aos estudos, ajudou a formar o Angra na primeira metade dos anos 1990. A banda se tornou uma das principais do power metal, realizando turnê pela Ásia e Europa, onde também obteve vendas significantes. Lançou três discos de estúdio, além de EPs.
Saiu junto com o baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori, formando o Shaman. Após dois discos, o grupo se separou. Retornaram em 2018.
Além da carreira solo, integrou projetos como Virgo e Symfonia. Também participou de discos do Avantasia, Epica, Aina, Avalanch, Soulspell, Hamlet e Time Machine, entre outros.
Morreu dia 8 de junho de 2019, aos 47 anos, vítima de infarto do miocárdio.
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André pra mim foi o melhor vocalista de heavy que o Brasil já teve