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Kiss faz acordo com cabeleireiro que acusou banda de negligenciar covid

David Mathews, colaborador de longa data, processou a banda após a morte do técnico de guitarra Francis Stueber em outubro de 2021

Em fevereiro de 2023, saiu a notícia de que o Kiss estava sendo processado pelo seu antigo cabeleireiro de longa data, David Mathews. À época, o profissional acusou a banda de não ter fornecido o devido apoio ao técnico de guitarra Francis Stueber – que morreu em 2021 por causa da covid-19 durante a turnê de despedida dos mascarados, “End of the Road”.

Além de mencionar a negligência em relação ao coronavírus da parte do baixista e vocalista Gene Simmons e do também vocalista e guitarrista Paul Stanley, Mathews alegou rescisão de contrato injusta, falta de pagamento e violação de leis trabalhistas. Agora, anos mais tarde, tudo indica que o caso foi resolvido. 

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Conforme divulgado pela Rolling Stone, um julgamento estava marcado para o dia 22 de janeiro, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Porém, os advogados informaram ao tribunal que ambos os lados entraram em um acordo, cujos detalhes não chegaram a público. 

No mês passado, o juiz responsável Armen Tamzarian havia proposto que as duas partes chegassem numa resolução privada. Ao seu ver, a continuidade da disputa apresentava “riscos sérios”, tanto para Mathews, quanto para os músicos. Ele disse:

“Se esse caso for para julgamento, não me surpreenderia se o Sr. Mathews não ganhasse nada. Não me surpreenderia também se ele ganhasse muito dinheiro. Há um grande risco de que a decisão oscile dramaticamente para um lado ou para o outro. É um caso difícil para quem fez a denúncia vencer, mas se ele vencer, poderá receber muito dinheiro.”

O caso

No processo, David Mathews afirmou que começou a trabalhar para o Kiss em 1992. De início, sua principal função era “aplicar e estilizar as perucas de palco” da banda. Então, mais tarde, passou a supervisionar as equipes de guarda-roupa e camarins, com jornadas de 12 a 15 horas por dia sem parar, de acordo com o relato.

Sobretudo, a motivação por trás da ação envolveu a morte do técnico de guitarra Francis Stueber. Nos documentos obtidos, o cabelereiro alegou que estava com o profissional quando ele começou a apresentar sintomas de covid-19, em Illinois, nos Estados Unidos. Segundo o próprio, Doc McGhee, empresário do grupo, sabia a respeito do estado de saúde do membro e, mesmo assim, não tomou nenhuma medida concreta a tempo hábil.

Outra questão levantada é a de que Gene Simmons continuou realizando shows enquanto estava com o novo coronavírus. Mathews afirmou que o vocalista e baixista recebeu o diagnóstico durante a turnê na América do Sul em 2022 — que teve shows em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Ribeirão Preto — e não ficou de quarentena, colocando o resto da equipe em risco.

Com o falecimento do técnico de guitarra, três funcionários do Kiss denunciaram, em anonimato, que a banda não estaria cumprindo devidamente os protocolos determinados pelas autoridades de saúde. Um representante da equipe contou à Rolling Stone em 2021:

“Não éramos testados em nenhum dos dias de shows. E há tantas incógnitas. Será que superespalhamos isso? Nós espalhamos essa coisa de cidade em cidade? É o procedimento normal enfiar alguém em um hotel? E se alguém morrer, simplesmente dirão: ‘oh, que pena, chamem o próximo cara’?”

Outro profissional declarou que os testes de covid realizados pela equipe eram optativos: dependia dos profissionais demonstrarem a iniciativa de serem avaliados nesse sentido, não uma obrigatoriedade. De acordo com ele, alguns membros da equipe escolhiam não fazer o teste porque caso testassem positivo, significaria que ficariam alojados de quarentena em um hotel de alguma cidade aleatória. Além disso, conforme destacado pelo roadie, quando alguém era diagnosticado com a doença, os outros não eram avisados.

O gerente de produção do Kiss, Robert Long, confirmou que os testes diários não foram implementados, mas insistiu que não os desencorajava. Em comunicado oficial, a banda também se defendeu:

“Estamos profundamente abalados pela perda de Francis. Ele foi um amigo e colega de 20 anos, não há como substituí-lo. Milhões de pessoas perderam alguém especial para este vírus horrível e nós encorajamos todos a se vacinarem. Por favor, proteja você e seus entes queridos.

Nossa turnê mundial ‘End of the Road’ atendia a todos os protocolos de segurança da Covid em vigor, seguindo as diretrizes federais, estaduais e locais. Mas, em última análise, esta ainda é uma pandemia global e simplesmente não há maneira infalível de viajar sem algum elemento de risco.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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