John Sykes conquistou grande reconhecimento por sua passagem no Whitesnake. O saudoso guitarrista integrou a formação entre 1983 e 1986 e esteve envolvido na fase de maior sucesso comercial da banda. Todavia, antes mesmo, o músico já havia mudado a guitarra no metal, na opinião de Marty Friedman.
O ex-guitarrista do Megadeth citou o colega de profissão como uma de suas maiores influências na adolescência. Principalmente, por causa do disco “Spellbound” (1981), primeiro álbum do Tygers of Pan Tang com a participação de Sykes.
Durante uma entrevista com Eddie Trunk, Friedman explicou que John virou uma referência ao, num contexto em que o ritmo parecia mais importante, ser um guitarrista solo surpreendente e fugir do óbvio. Conforme transcrição da Ultimate Guitar, ele disse:
“John Sykes foi uma grande influência para mim enquanto eu estava me desenvolvendo, naquela fase de adolescente em que você está moldando seu som e decidindo o que quer fazer na música. Quando ouvi o Tygers of Pan Tang, eu estava muito envolvido com a New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), uma cena que foi inovadora em relação à guitarra rítmica no heavy metal e no rock. E alguém pode me corrigir, mas acho que John Sykes foi o primeiro guitarrista solo, ou pelo menos o primeiro que chamou minha atenção, que estava tocando guitarra de uma maneira realmente surpreendente nesse contexto. Naquela época, as guitarras rítmicas eram realmente incríveis, mas os solos eram meio que básicos, normais, que se encaixavam bem nas músicas.”
Então, Friedman creditou o outro músico como o responsável por mostrá-lo a importância dos guitarristas solo para o som de uma banda, pontuando:
“Quando John Sykes apareceu no Tygers of Pan Tang, no álbum ‘Spellbound’, isso mudou o jogo para mim. Ele foi o primeiro cara nesse gênero que eu ouvi e pensei: ‘uau, os guitarristas solo podem realmente se tornar uma parte emocionante do som da banda’. E ele foi uma influência extremamente importante para mim e para muitas pessoas que conheci ao longo dos anos tocando metal. Todos no mundo do heavy metal, hard rock e guitarra devem muito a ele.”
“Verdadeiro músico”
Por fim, Friedman acrescentou a respeito da contribuição de Sykes para o universo da música pesada (via Blabbermouth):
“Ele não era o tipo de cara que dependia de truques. Ele era um verdadeiro músico. E assim que você ouvia o solo dele, o nível da música subia imediatamente. Naquela época, eu ficava completamente fascinado com isso, porque eu amava a New Wave of British Heavy Metal. E as partes de guitarra solo geralmente eram, na falta de uma palavra melhor, meio banais. Para tocar como John Sykes, você realmente precisava ser um músico de verdade. Então, quando o ouvi, isso abriu muitas portas mentalmente para mim, me incentivando a tentar ser mais como ele e a transformar o solo em uma parte empolgante da música. Era algo que ele já fazia muito, muito tempo atrás, antes mesmo do heavy metal ser popular. Por isso, acho que ele deixou uma grande marca em muitas pessoas, não apenas em mim.”
Sobre John Sykes
Nascido em Reading, Inglaterra, John Sykes despontou na cena tocando com o Tygers Of Pan Tang, banda referencial da NWOBHM. Gravou os álbuns “Spellbound” (1981) e “Crazy Nights” (1982), além de ter participado de duas faixas em “The Cage” (1983).
A seguir, foi recrutado pelo Thin Lizzy, gravando o disco “Thunder and Lightning” (1983) e realizando a turnê de despedida da banda. Participou de algumas reuniões na virada do século com ex-membros, no formato de tributo oficial a Phil Lynott.
Em seguida, foi contratado por David Coverdale e se juntou ao Whitesnake. A parceria rendeu o momento de maior sucesso comercial na história da banda e muitas desavenças, fazendo com que a mágoa mútua perdure até os dias atuais.
Nas décadas recentes, manteve-se com poucas atividades profissionais. Chegou a ser anunciado no embrião do que se tornaria o The Winery Dogs, mas não ficou no grupo.
No dia 20 de janeiro, chegou a público a notícia de que o músico havia falecido, ainda em 2024, aos 65 anos. Ele não resistiu a uma batalha contra um câncer.
Sobre Marty Friedman
Nascido em Washington D.C., Estados Unidos, Marty Friedman despontou como integrante do Cacophony, com o também guitarrista Jason Becker, que lançou dois discos. Até hoje participa de projetos ligados ao amigo, que está impossibilitado de se comunicar de outra forma que não com os olhos por conta da Esclerose Lateral Amiotrófica.
Entre 1990 e 2000 foi integrante do Megadeth, participando da fase mais bem-sucedida da banda. Nos últimos anos, se reuniu com a formação mais recente para uma série de participações especiais.
Em 2003 se mudou para o Japão, onde vive desde então. Tornou-se figura pública reconhecida, participando de programas televisivos populares e eventos tradicionais do país. Também participou de trabalhos do Ayreon, Fozzy, Firewind, Kiko Loureiro, James LaBrie e Tourniquet, entre outros.
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