Desde que foi anunciado oficialmente como membro do Slipknot em abril, Eloy Casagrande vem compartilhando os detalhes de sua máscara na banda. Com a ideia de referenciar a cultura indígena e o saudoso Joey Jordison, o baterista desenvolveu o design do acessório em parceria com o percussionista e líder Shawn “Clown” Crahan.
Um dos elementos mais marcantes da máscara é o tiro na testa. Segundo o ex-Sepultura, a simbologia traz diferentes significados. Um deles é uma memória do músico relacionada a um assalto em São Paulo.
Ao podcast da revista Modern Drummer, Eloy, primeiramente, resgatou os princípios básicos da criação. Conforme transcrição da NME, ele contou:
“Fiz a máscara com o Clown. A primeira coisa que ele me perguntou no começo foi se poderia ser branca. A ideia era trazer de volta a memória de Joey e respeitar seu legado. E eu sugeri as linhas pretas para lembrar os povos indígenas brasileiros. Isso traz comigo o povo brasileiro, a cultura brasileira. Mas a expressão facial da máscara foi criada pelo Clown. Ele estava me observando tocando sem a máscara e disse: ‘é assim que você fica quando está tocando as músicas do Slipknot, então, vamos colocar isso na sua máscara’.”
Em seguida, Casagrande mencionou um assalto que sofreu na capital paulista e como o ocorrido inspirou a máscara. De acordo com o relato, os assaltantes ameaçaram atirar no baterista, mas não o fizeram. Assim, a experiência trouxe a ideia do “tiro na testa” para o integrante, como explicado:
“Eu vim com a ideia do buraco de bala. Dois anos atrás, fui assaltado em São Paulo. Eu estava andando no meu bairro, eram 9 da manhã, eu estava indo para a academia quando dois caras em motos me pararam, colocaram uma arma na minha cabeça e me pediram para dar a eles meu celular e minha mochila. Isso foi algo que de alguma forma mudou muita coisa dentro de mim. E eles decidiram não atirar. Então eu tive sorte.”
Outros significados
O buraco na máscara também veio de uma questão estética. Nas palavras do baterista, até então, “a máscara estava um pouco descompensada”. Além disso, Casagrande quis demonstrar outro pensamento com essa parte do acessório, como contou para Gustavo Chagas no canal da Warner Music Brasil:
“Essa ideia veio do nada, veio à noite, a gente tava conversando, [o Clown] falou: ‘Mas tem certeza? Você fica à vontade com isso?’. Eu falei: ‘Cara, eu fico’, e expliquei o meu motivo. O que eu senti com o Slipknot e também uma sensação minha, quando a gente vai pro palco, a gente vai pra dar tudo. Você está ali, você não sabe o que vai acontecer depois. Pode ser que não aconteça nada, pode ser que aconteça tudo, mas o momento do palco é o momento mais importante de fazer música. E eu com esse tiro na minha testa, é como se eu não tivesse nada a perder. Como se eu fosse para o palco com a ideia: você pode me ovacionar, você pode me amar, você pode me detestar, você pode cuspir na minha cara, você pode jogar uma garrafa na minha cara, tanto faz, eu tenho um tiro na minha testa, entendeu? Então nada me afeta mais.”
Ao Uol, o baterista ainda afirmou que o conceito em questão surgiu da obra do filósofo Albert Camus:
“Um filósofo que li bastante foi o Albert Camus, que traz questões do absurdo, do niilismo, da negação. Estou com um tiro na testa, estou morto, nada me afeta. Nada faz tanto sentido e você pode falar o que quiser de mim. Esse é o conceito.”
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