Quando Eloy Casagrande comunicou sua saída do Sepultura em fevereiro do ano passado, Andreas Kisser imediatamente considerou Greyson Nekrutman como um possível substituto. O baterista americano, que antes integrava o Suicidal Tendencies, de fato assumiu a posição, mas o grupo também tinha uma outra opção muito mais próxima.
Bruno Santin, ex-drum tech (técnico de bateria) do Sepultura, afirmou que estava pronto para tocar com os artistas quando tudo aconteceu. O músico começou a trabalhar com a banda em meio à turnê de divulgação ao álbum “Quadra” (2022).
Segundo o próprio, o convite para atuar como técnico veio de Eloy, que também queria que Bruno fosse seu reserva. Isso porque, em abril daquele ano, o agora integrante do Slipknot quebrou a perna durante uma apresentação nos Estados Unidos e passou por uma cirurgia. Por causa da recuperação, Bruno Valverde (Angra) o substituiu inicialmente, com Casagrande voltando aos palcos só em junho.
Como ainda havia receio a respeito de seu estado físico, a ideia era que Santin começasse a trabalhar como drum tech e também aprendesse as músicas do setlist, entrando no seu lugar caso fosse preciso. Por meio dos Stories do Instagram (via Sepultura Community e RockBizz), Bruno relembrou:
“Comecei como drum tech lá [no Sepultura], a convite do Eloy para ser seu reserva, quando ele tinha operado a perna quebrada, na tour que eles fariam após a sua recuperação de sua cirurgia. Tive que tirar o setlist dos shows e tudo mais! No fim, ele conseguiu fazer os shows sem maiores problemas e eu não precisei tocar, mas continuei como drum tech.”
Por ter se preparado para o momento e conviver diariamente com os músicos, o ex-drum trech revelou que sabia todos os detalhes a respeito das apresentações – não só as músicas, mas os discursos e as brincadeiras de palco também. Ainda assim, ressaltou que a banda preferiu buscar “outra pessoa lá fora” por “não ser famoso”, mesmo que “custasse muito menos”:
“Após a saída do Eloy, como várias pessoas já me perguntaram, ninguém falou comigo, fiquei sabendo só quando tinham um substituto. Mesmo eu estando pronto, sabendo todas as músicas do show, todas as passagens, as falas entre as músicas, as brincadeiras entre as músicas e tudo mais, buscaram outra pessoa lá fora. Afinal, eu não sou famoso. Sou apenas um caipira do interior. Mas eu teria custado muito menos.”
Santin deixou de ser técnico do Sepultura em dezembro do ano passado. O profissional alegou ter sido desligado pouco antes do Natal sem justificativas. Em texto publicado nas redes sociais comunicando o fim da parceria profissional, Bruno aproveitou para mencionar toda a história com Eloy:
“Hoje se encerra meu ciclo como drum tech no Sepultura. Gostaria de agradecer primeiramente ao Eloy Casagrande que me chamou no início para ser seu possível substituto na tour do ‘Quadra’ caso houvesse alguma complicação na recuperação da sua perna quebrada entre os shows da tour e consequentemente, entrei como drum tech também, tendo essas duas funções. Sem esse convite, eu não teria conhecido o mundo.”
Já na seção de comentários de outra postagem, como também compartilhado pela Sepultura Community e RockBizz, Bruno disse que seu erro “foi ser bom o suficiente” na bateria a ponto de o entenderem como uma “ameaça”. Nenhum nome foi citado, mas internautas têm interpretado como uma declaração sobre Nekrutman. Santin disse:
“Não teve treta nenhuma, ele simplesmente pediu para os empresários me dispensarem. Sequer teve a hombridade de falar comigo. Mesmo após toda a ajuda que eu dei além das minhas obrigações. Mesmo sabendo a situação que minha mãe está passando, com um grave câncer, mesmo sabendo que eu e minha esposa somos um dos poucos suportes que ela tem, mesmo conhecendo minha família pessoalmente e mesmo depois de toda ajuda e suporte que eu dei para que ele pudesse entregar o melhor lá no começo. Simplesmente me descartou sem mais nem menos […]. Quando você não é mais útil, é dispensável. Meu erro foi ser bom o suficiente no meu próprio instrumento a ponto de acharem que eu era uma ‘ameaça’. Resumindo, provavelmente todos os comentários de ‘você deveria estar lá’ me fizeram ser demitido. Segue o baile…”
Sobre Bruno Santin
Natural de Piracicaba, interior de São Paulo, Bruno Santin também faz parte dos grupos Endrah e Lockdown, projeto de death metal criado na pandemia com João Gordo nos vocais.
Além disso, tem passagens pelo Cardiac e Oitão, banda liderada pelo chef Henrique Fogaça. Chegou a ser anunciado como baterista do Project46, mas abriu mão do posto em setembro do ano passado para ajudar a cuidar da mãe, diagnosticada com câncer nós ovários.
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