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O clássico álbum do Iron Maiden salvo por uma escada

“É sério, não deixamos que eles tirassem aquela escada por dias!”, garante o baterista Nicko McBrain ao relembrar de situação em famoso estúdio nas Bahamas

Após duas semanas de folga no início de 1984 para recarregar as baterias, o Iron Maiden começou a trabalhar no álbum que sucederia “Piece of Mind”. Assim nascia Powerslave, seu quinto disco de estúdio.

Foram seis semanas de preparação entre fevereiro e março até o momento de retornar em abril ao Compass Point Studios, em Nassau, nas Bahamas. O local foi um dos estúdios de gravação mais icônicos do século 20.

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Fundado em 1977 pelo mesmo Chris Blackwell que criou a Island Records em 1959, o local rapidamente se tornou um ponto de encontro para alguns dos maiores nomes da música. Dire Straits, Rolling Stones e U2 produziram muitos de seus hits sob a atmosfera tropical e a vibe relaxante da ilha.

Em depoimento a Martin Popoff, presente no livro “The Top 500 Heavy Metal Albums Of All Time” (ECW Press, 2004), o guitarrista Adrian Smith recorda-se que Nassau foi “um ambiente fantástico para trabalhar”:

“Era lindo; tínhamos apartamentos bem na beira do mar. O estúdio ficava coladinho. Era muito isolado. De vez em quando, tínhamos que dar uma pausa e curtir por alguns dias. Mas conseguimos fazer bastante trabalho no meio de toda a diversão. Não houve muitas discussões sobre nada. Acho que isso só veio um pouco depois [risos]. Acho que naquela época estávamos meio que surfando uma onda, vivendo um ótimo momento e voando alto.”

Não era uma visão consensual. Na autobiografia “Para que serve esse botão?” (Intrínseca, 2018), o vocalista Bruce Dickinson descreve o ambiente de forma um pouco diferente de seu colega, destacando o tráfico de drogas que assolava a região na época:

“Ainda que nas proximidades do Compass Point Studios a vida parecesse adequadamente relaxada, em clima de praia, havia lugares na capital, Nassau, onde a atmosfera era pouco amigável (…) Parecia a ilha onde Sean Connery filmara ‘007 Contra o Satânico Dr. No’.”

Dickinson também lembra que, apesar de espaçoso e confortável, o Compass Point tinha suas “excentricidades”. Ele diz:

“A rede elétrica da ilha era imprevisível, e por isso havia um gerador de emergência. Até aí tudo bem, só que o pico de energia quando o gerador era acionado gerava uma corrente que atingia as cabeças do gravador de 24 canais e apagava ou danificava o conteúdo das fitas que estivessem em contato com a cabeça naquele momento. Quedas de energia, portanto, eram momentos decisivos. A sala de repente mergulhava na escuridão e os operadores se atiravam na direção do gravador para afastar a fita das cabeças. Tinha-se uns dez segundos para fazer isso antes que um trecho inteiro da gravação fosse perdido.”

Em uma matéria especial publicada no site da revista Classic Rock, Nicko McBrain acrescenta que, durante o processo de gravação, o ar-condicionado do estúdio pifou. E assim que técnicos foram consertar o aparelho, as coisas começaram a dar certo para o Maiden:

“O engraçado é que, no minuto em que a escada foi colocada na sala [de gravação], todo o resto do equipamento de repente começou a funcionar corretamente! Sei que parece ridículo, mas foi o que aconteceu… e todos nós começamos a olhar para esta escada e a zombar uns dos outros dizendo: ‘Deve ser a escada — tem a forma de uma pirâmide!’. É sério, não deixamos que eles tirassem aquela escada por dias!”

Iron Maiden e “Powerslave”

O álbum “Powerslave” marcou a primeira vez que a banda repetiu a formação entre um disco e outro. É, até hoje, o último trabalho do grupo a contar com uma faixa instrumental: “Losfer Words (Big ‘Orra)”. A capa, desenhada por Derek Riggs, conta com referências à música que dá título à obra, além de alguns easter eggs.

Mais de quatro milhões de cópias foram vendidas à época do lançamento. Discos de ouro foram arrematados no Reino Unido e Alemanha, além de platina nos Estados Unidos e platina dupla no Canadá.

A turnê promocional, intitulada “World Slavery Tour”, durou 11 meses e rendeu o álbum e vídeo “Live After Death” (1985). Também marcou a primeira vinda do então quinteto ao Brasil, na noite de abertura da edição inaugural do Rock in Rio.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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