“Vamos falar sobre o elefante na sala”, anunciou o vocalista James LaBrie referindo-se ao retorno do baterista Mike Portnoy na primeira pausa após três músicas emendadas iniciarem o show do Dream Theater, em São Paulo, no último domingo (15). Era desnecessária qualquer introdução, pois a presença do músico havia sido tudo, menos discreta.
Desde o seu kit enorme de bateria até sua participação puxando palmas e regendo coros do público, o carismático cofundador da banda foi uma atração por si só. Felizmente, para a turnê que celebra quatro décadas de existência do Dream Theater, o retorno de Portnoy após mais uma década de ausência foi apenas um dos pontos positivos numa apresentação de quase três horas de músicas executadas.
Seria difícil para qualquer banda repassar quarenta anos de carreira num show curto. No caso do Dream Theater, cuja fama de composições longas a tornou um meme, era impensável. Quando o grupo americano anunciou que sua primeira turnê com a volta do icônico baterista-fundador promoveria tal celebração, a maratona era previsível e bem-vinda.
Nenhum fã saiu decepcionado após as três horas e dez minutos que se passaram desde quando a primeira introdução terminou de ser tocada até o abrupto fim de “Pull Me Under” em um Vibra bem cheio. Ainda assim, a casa paulistana não esgotou seus aproximados sete mil lugares, como em apresentações da banda no mesmo local no passado.
Há explicação. Com preços de ingressos acima da média para shows do porte similar em São Paulo, apenas as cadeiras se esgotaram para a reestreia de Portnoy na capital paulista. Sem incluir as taxas para compras online, a enorme e entupida pista premium custou R$ 1 mil (valor tanto da meia-entrada quanto do tíquete solidário, disponível a todos mediante 1 kg de alimento não perecível). Por outro lado, ficou relativamente esvaziada a pequena pista comum, bem mais afastada do palco e quase colado nos bares, cuja entrada saiu por meros R$ 150 a menos. A proporção de tamanho das pistas comum e premium nitidamente não seguia a apresentada no mapa oficial de vendas.
Repertório fixo e começo “metropolitano”
Com sua volta ao Dream Theater, Mike Portnoy retomou o posto de responsável por elaborar os setlists dos shows. No primeiro “mandato” do baterista na função, o grupo se notabilizou por revezar boa parte das músicas em seus repertórios para agradar sua horda de fanáticos que os seguia por diversas datas na mesma turnê. A segunda “era”, no entanto, manteve as mesmas faixas escolhidas durante o atual ciclo.
O desejo por alguma diferença no repertório da apresentação em São Paulo em relação ao de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, as duas cidades anteriormente visitadas na turnê que marca a décima primeira visita do Dream Theater ao Brasil, foi apenas um devaneio para fãs mais saudosistas. O cenário dificilmente mudará nos dois shows finais do giro, em Curitiba (segunda-feira, 16) e Porto Alegre (terça, 17), por ambas as partes.
Apesar de ter visitado o Brasil por outras dez vezes, nunca o Dream Theater havia iniciado um show no país com a icônica “Metropolis Pt. 1: The Miracle and the Sleeper”, a primeira música da banda a realmente causar impacto e construir sua fanbase. “Pull Me Under” mais tarde encerraria a apresentação e até foi um single de relativo sucesso nos anos 1990, mas foram os dez minutos da intrincada, virtuosa e épica faixa de “Images and Words” (1992) que basicamente obrigaram mídia especializada e público do heavy metal a se familiarizar com o termo “prog metal”.
Portnoy claramente chamou a atenção pelo seu retorno, mas os olhos e ouvidos dos fãs de Dream Theater também estavam focados em James LaBrie. A atuação vocal do canadense nos últimos anos tem sido objeto de acalorada discussão.
Assumidamente desconfortável para reproduzir ao vivo as faixas de seu primeiro disco gravado com a banda, o cantor transmitiu boa primeira impressão. E, felizmente, manteve-se assim ao longo de três horas. Não repetiu no domingo (15) a potência do início dos anos 1990, como talvez nunca o tenha feito desde então, mas, em São Paulo, conseguiu cantar em tons altos o suficiente para não descaracterizar a versão original e agradar os fãs presentes.
Se os fãs tiveram que esperar sete anos para conferir a sequência de “Metropolis” (que, de tão longa, virou um álbum), na atual turnê já vieram emendadas duas músicas de “Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory” — o disco conceitual em 1999 retomou a trama e os personagens da faixa de “Images and Words”.
As melodias da instrumental “Overture 1928” foram cantadas tanto quanto a letra de “Strange Déjà Vu”. A reação do público se mostrou digna da importância que o disco teve ao retomar uma certa credibilidade progressiva ao Dream Theater, após ter se submetido à pressão da gravadora para acenos comerciais no antecessor “Falling into Infinity” (1997).
Como uma espécie de vingança quase trinta anos depois, “Hollow Years”, single único daquele disco, integrou o repertório ainda em sua primeira parte, mas em sua versão demo. Após uma introdução de guitarra mais intimista acompanhada por um teclado atmosférico, a banda executou a canção com seu arranjo inicial mais expansivo – e menos coeso.
O guitarrista John Petrucci abandonou a abordagem minimalista da versão de estúdio e fritou sem dó para deleite dos fãs, terminando sua parte saudado por LaBrie. A música se encerrou com mais um solo, agora de Jordan Rudess, emulando em seus teclados o som de piano em certo descompasso com a atmosfera geral da balada.
Vai que é sua, Mike Portnoy!
Como fã de Dream Theater é antes de tudo um nerd, outra faixa veio mais próxima de sua versão demo: “The Mirror”. A única música da noite a vir de “Awake” (1994), disco que completou trinta anos em 2024, foi executada incluindo a parte final dos solos de “Lie”, faixa seguinte na tracklistdo álbum, mas foi concebida como uma parte final instrumental antes de ganhar vida própria.
Sua seção inicial, batizada de “Puppies on Acid”, também já integrava a turnê de “Images and Words” e teve aparições autônomas em vários repertórios ao longo da quarenta anos de carreira da banda — curiosamente, chegou até a receber menção no disco solitário dos Mamonas Assassinas. Coincidência?
A canção veio depois do primeiro respiro do show após a “trinca metropolitana” inicial. Antes mesmo de LaBrie fazer a mencionada formalização do retorno de Mike Portnoy à banda, o baterista já tinha abandonado seu kit para saudar pessoalmente o público. O momento era apropriado.
“The Mirror”, que ainda teve um solo meio deslocado de Jordan Rudess com seu tecladinho-polegar-portátil, veio emendada a “Panic Attack”. De certa forma, ambas tocadas logo na parte inicial do show do Dream Theater foram significativas da volta de Mike Portnoy à banda — a música de “Awake” foi a primeira letra assinada pelo baterista a constar num disco da banda e abordou seus problemas pessoais com álcool, que posteriormente escreveria toda uma sequência de composições abordando sua recuperação contra o vício com o auxílio dos alcoólicos anônimos.
Apesar de a canção de “Awake” ter sido outra a exigir mais do alcance da voz de LaBrie, Portnoy também chamou a atenção pelo retorno de seus característicos backing vocals durante os shows: o jogral de “The Mirror” dá lugar ao dueto nos versos da pesada “Panic Attack”, que teve a melodia maideniana de seu solo cantada pelo público.
Carreira quase inteiramente representada
Dos quarenta anos de carreira do Dream Theater, porém, o baterista não fez parte em mais de uma década. E, se a estreia do grupo “When Dream and Day Unite” (1989) foi tristemente deixado de lado nessa turnê — nem uma menção ao antecessor de James LaBrie, Charlie Dominici, falecido em novembro de 2023 —, o período com Mike Mangini nas baquetas foi representado por duas músicas.
Curiosamente, um par de faixas com arranjos mais tranquilos. “Barstool Warriors” e “This is the Life”, tocadas uma em cada set do show, são quase baladas e não ofereceram tantos desafios para que Portnoy as reproduzisse ao vivo. Talvez para evitar comparações desnecessárias com seu substituto no posto?
As músicas de “Distance Over Time” (2019) e “A Dramatic Turn of Events” (2011) também não despertaram as maiores reações do público. LaBrie se esforçou, inclusive explicando o conceito das letras ao introduzi-las, porém o máximo que arrancou da plateia foi acompanhar a cadência com os braços.
Encerramento de peso na primeira parte do show
A primeira parte do show antes de um intervalo de quinze minutos se encerrou com duas das músicas mais pesadas e concisas — leia-se, com menos de dez minutos de duração — da discografia do Dream Theater.
“Constant Motion”, de “Systematic Chaos” (2007), e “As I Am”, faixa que abre “Train of Thought” (2003), marcaram uma expansão da fanbase do Dream Theater. A sonoridade mais agressiva furou a bolha no qual a banda se encontrava e teve maior apelo junto aos fãs de vertentes mais pesadas.
Foi inegável a empolgação do público com o levada que, por momentos, remete ao Anthrax clássico da única música do penúltimo álbum de Portnoy antes de sua traumática saída. Em “As I Am”, no entanto, a recepção foi das mais acaloradas da noite. A introdução soturna de Jordan Rudess ao teclado despertou urros em toda a casa. O riff, com seu andamento que não soaria deslocado no “Black Album” (1991) do Metallica, gerou cabeças chacoalhando, gritos e pulos ao longo da pista no Vibra.
Com essa sensação vitoriosa de uma banda que cresceu justamente quando bateu o pé para não abrir mão de suas características principais — como deixa claro a letra repleta de autoconfiança e certa arrogância da faixa do disco de 2003 —, a primeira parte do show terminou após um dos solos mais “fritadores” da carreira de Petrucci.
Retorno moroso até LaBrie espatifar a lua de vidro
Quando o tema de abertura de “La gazza ladra” (Rossini), encerrou os 15 minutos de intervalo entre as duas partes do show do Dream Theater, as luzes se apagaram. Os três telões de LED atrás do palco — acompanhados por um sob o kit de bateria de Mike Portnoy e outro junto ao teclado 360º de Jordan Rudess — passaram a executar um vídeo com alusões às capas de todos os discos da banda.
No sistema de som do Vibra, um tema instrumental com adaptações típicas de trilhas sonoras de filmes infantis da Disney de trechos das músicas acompanhando de forma cronológica a discografia do grupo até o próximo álbum. “Parasomnia” será lançado em 7 de fevereiro de 2025.
A reação do público foi gélida. Talvez tivesse funcionado melhor antes da primeira música, quando se vivia a ansiedade do começo do show. Não melhorou muito para a faixa nova executada na sequência, “Night Terror”, o primeiro single revelado do álbum de retorno de Mike Portnoy. Já com quase três meses de lançamento, não parece ter caído no gosto do povo. A situação mudará assim que o álbum completo estiver disponível?
O público despertou mesmo quando as luzes se apagaram novamente e, após apenas algumas iluminações vermelhas a laser, uma lua apareceu nos telões e o riff inicial de “Under a Glass Moon”, com sua melodia cantada em uníssono, pôs a casa abaixo. Se a primeira parte do show teve duas músicas de assinatura de Portnoy, sua retomada começou de fato com o cartão de visitas de John Petrucci.
A faixa de “Images and Words” mostra tanto a letra sobre uma epifania religiosa (tema que sempre marca presença nas composições do líder do Dream Theater) como tem um de seus solos mais apreciados pelos fãs. Neste, Petrucci esbanja abordagens diferentes encaixando feelinge virtuosismo de competência poucas vezes replicada ao longo dos quarenta anos de banda.
Apesar disso, James LaBrie acabou no centro das atenções. Nem de longe ele foi capaz de reproduzir a forma como cantou na versão de estúdio, muito menos a registrada no home-video oficial gravado em Tóquio naquela sua primeira turnê com o Dream Theater. Entretanto, quem acompanhou o cantor de 61 anos nessas três décadas à frente da banda já o viu fazer muito pior do que naquela noite de domingo em São Paulo.
Ciente da impossibilidade de alcançar os tons e a agressividade de tantos anos atrás, pelo menos ele soube trabalhar dentro de suas limitações. Saiu-se diferente das atuações na segunda metade dos anos 1990, quando, logo após romper suas cordas vocais numa intoxicação alimentar e sem tempo para uma recuperação adequada por estar às vésperas de entrar em turnê, mal conseguia evitar desafinadas que causavam vergonha alheia.
Entre esse LaBrie limitado e não ouvir mais a música ao vivo, provavelmente a base de fãs da banda vai ter que conviver com a primeira opção. Dificilmente Petrucci vai deixar de executar no futuro uma canção tão icônica dele.
Como crítica possível à atuação do vocalista, no entanto, segue uma forçação de barra para parecer um frontman metálico enérgico, iniciada principalmente após a saída de Mike Portnoy. Destoa da participação mais sóbria dos demais músicos.
LaBrie correu o palco o todo, pulou sem parar, encaixou tons agressivos algumas vezes desnecessários, mas, principalmente, pareceu faltar fôlego em algumas músicas para completar um verso inteiro. Aconteceu já logo de cara em “Strange Deja Vu”, repetiu-se em “As I Am” e, de novo, em “Under a Glass Moon”.
Baladas introduzem sequência épica derradeira
Se a balada “This is the Life” voltou o show para um certo marasmo na sequência, a curta “Vacant” manteve o tom intimista, mas só precisou de alguns segundos para despertar o público. Destaque para a banda, sem Portnoy no palco, reproduzindo arranjos orquestrais na raça, especialmente o baixista John Myung, sempre discreto em sua postura de palco, mas peça-chave da engrenagem para o Dream Theater manter seu peso ao vivo com apenas uma guitarra.
À abordagem minimalista da balada de “Train of Thought” vieram dois dos momentos mais icônicos da primeira fase da atual formação do Dream Theater — e que evidenciaram como o entrosamento da banda ao vivo é diferente com Portnoy na bateria.
“Stream of Consciousness”, música instrumental do mesmo disco, chegou a ser objeto de um concurso na época do lançamento do álbum: os fãs foram chamados a compor uma versão apenas com base nas descrições dadas pela banda às várias seções escritas que integram a faixa. No Vibra, ao longo de seus 11 minutos, teve o público puxado por Petrucci para acompanhar seu andamento cadenciado às palmas.
Para encerrar a segunda parte e o set regular, Jordan Rudess ficou sozinho no palco para tocar a introdução da faixa-título do disco “Octavarium” (2005). O álbum, cuja turnê marcou o retorno do Dream Theater ao Brasil após intermináveis sete anos de espera, também foi uma espécie de fim de era dourado no relacionamento entre os membros da banda.
Com um posterior aumento da distância entre Portnoy (à época mais assolado de participações em projetos paralelos) e seus companheiros, o disco seguinte apareceu apenas com a já citada “Constant Motion”. Enquanto isso, o último trabalho lançado antes da separação, “Black Clouds & Silver Linings” (2009) sequer foi representado na turnê.
A faixa de quase 25 minutos que dá nome ao álbum de 2005 foi recebida como um dos grandes clássicos do Dream Theater. Boa parte da pista cantava cada um dos seus versos, coros enormes surgiam nos refrãos e nas melodias. As imagens projetadas no telão exibiam desenhos de temática psicodélica setentista, adequados à tentativa de modernização da atmosfera prog-velha, adequada às influências musicais e líricas despejadas na longa canção, que encerrou a segunda parte do repertório.
E o show terminou como ele começou
Se a noite foi longa, a espera pelo bis não teve nem um minuto até o vídeo de “O Mágico de Oz” aparecer no telão. Não, não era uma reprodução sincronizada de “The Dark Side of the Moon” (1973) — disco do Pink Floyd que o Dream Theater já chegou a executar na íntegra no passado. Apenas a clássica frase “There’s No Place Like Home” servia como introdução para a próxima música, “Home”, das mais celebradas de “Scenes from a Memory”.
Parafraseando o último verso da canção que encerrou a segunda parte do repertório, o show terminou como ele começou: duas músicas de “Scenes from a Memory” e uma de “Images and Words”. Seguida à combinação inusitada de sons middle eastern e riffs grooveados tangenciando o nu-metal da faixa escrita por Portnoy — ele improvisou até um mini solo de bateria ao seu final —, veio “The Spirit Carries On”.
A balada seguiu o clichê esperado para uma canção do tipo: imagens meio bregas no telão, lanternas de celulares acesas pelo público, solo épico de John Petrucci, cantorias desafinadas acompanhadas de inúmeros olhos lacrimejados ao longo da pista.
Para encerrar a noite, “Pull Me Under”. Não à toa, foi a única música do Dream Theater que se aproximou de poder ser considerada um hit — décimo lugar na parada de rock mainstream da Billboard. Ela pode estar longe de ser uma das faixas favoritas dos fãs mais ardorosos, mas ao vivo segue irresistível.
O público acompanhou sua parte inicial aos gritos, pulou e cantou junto a música toda, e gritou sozinho o último refrão depois do solo de guitarra icônico. LaBrie, num último momento de fôlego renovado, fez o que pôde para se virar em seus tons altos e versos rápidos e conseguiu entregar uma performance digna após quase três horas de show.
Enquanto o sistema de som tocava a clássica “Singin’ in the Rain”, a pergunta que nenhum fã tinha cabeça para pensar após uma maratona do nível proporcionado pelo Dream Theater na noite deste domingo é: como superar um show desses no futuro?
A julgar pela reação da primeira faixa nova revelada, dificilmente uma turnê focada no próximo álbum será capaz de repetir o tom emotivo e épico dessas apresentações que marcaram o aniversário da banda e o retorno de Mike Portnoy.
A esperança é que o regresso baterista, de novo na função de montador dos repertórios do grupo, se mantenha capaz de montar um show coeso equilibrando os quarenta anos de carreira do Dream Theater com músicas novas de “Parasomnia”. Ou esperemos para ver se James LaBrie aguentará o tranco até a turnê de cinquenta anos.
Dream Theater — ao vivo em São Paulo
- Local: Vibra
- Data: 15 de dezembro de 2024
- Turnê: 40th Anniversary Tour 2024-2025
- Produção: Liberation MC
Repertório:
Primeira parte:
Introdução: Prelude (música de Bernard Herrmann)
1. Metropolis Pt. 1: The Miracle and the Sleeper
2. Act I: Scene Two: I. Overture 1928
3. Act I: Scene Two: II. Strange Déjà Vu
4. The Mirror
5. Panic Attack
6. Barstool Warrior
7. Hollow Years (versão demo de 1996)
8. Constant Motion
9. As I Am
Segunda parte:
Introdução: Orchestral Overture (adaptação clássica de várias músicas de toda a discografia do Dream Theater)
10. Night Terror
11. Under a Glass Moon
12. This Is the Life
13. Vacant
14. Stream of Consciousness
15. Octavarium
Bis:
Introdução: Trecho do filme “O Mágico de Oz”
16. Act II: Scene Six: Home
17. Act II: Scene Eight: The Spirit Carries On
18. Pull Me Under
Música de saída: Singin’ in the Rain (de Arthur Freed & Nacio Herb Brown)
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.