Paul Stanley precisou lidar com críticas quanto à sua voz nos últimos anos. Depois de tantas décadas em atividade, o cantor e guitarrista do Kiss passou a ter problemas vocais, apresentando dificuldades para atingir tons mais agudos e até mesmo manter a afinação.
Em 2011, o cantor enfrentou uma cirurgia nas cordas vocais no intuito de se recuperar. Mais recentemente, foi acusado de usar playback na turnê de despedida “End of the Road”, realizada entre 2019 e 2023.
No alto de seus 72 anos, o próprio artista tem consciência de que a sua voz não é mais a mesma. No entanto, isso não significa que ele, necessariamente, ache que devesse parar de cantar por isso.
Durante entrevista ao programa “Rock of Nations”, comandado por Dave Kinchen e Shane McEachern, o Starchild deixou claro que não é mais aquele cantor da década de 1970. Fazendo uma analogia com o esporte, ele disse conforme transcrição da Rock Celebrities:
“Eu estaria mentindo se dissesse que sou o cantor que eu era 20, 30 anos atrás. 50 anos atrás? Claro que não. Nenhum lutador é o mesmo que era, nenhum jogador de basquete também.”
Em seguida, o vocalista refletiu sobre o direito de cada artista em decidir quando é o momento certo de parar. Ao seu ver, o público pode ficar insatisfeito com o desempenho de alguém que costumava admirar, mas impor qualquer tipo de regra quanto à situação é “ridículo”:
“Acho que todos nós temos o direito de decidir o que fazemos e por quanto tempo. O público tem o direito de parar de acompanhar. Mas o resto é uma escolha individual. Acho engraçado quando ouço alguém dizer: ‘ah, eu gostaria que fulano se aposentasse do esporte ou do entretenimento porque quero ficar com a lembrança de como ele era no passado’. Bem, se é isso que você quer, pare de assistir. Mas impor essa vontade é ridículo.”
Paul Stanley: vocalista x atleta
Para ilustrar a questão, Paul Stanley usou a mesma comparação entre performar no palco e ser um atleta em ocasiões anteriores. Conversando com o G1 em 2015, por exemplo, o vocalista e guitarrista não só fez a analogia, como ainda citou Pelé:
“Ninguém canta da forma como já fez, não é possível. Nenhum atleta tem o mesmo desempenho de sempre, esse é o lado humano da coisa. Robert Plant, Roger Daltrey [The Who], [David] Coverdale [Whitesnake], a lista continua. Não é uma questão de soar como fazia há 20, 30 ou 40 anos, só importa que cante bem. Sua voz muda, tom muda, o que quer que seja muda e isso se torna irrelevante. O que importa é: ‘você está satisfazendo seus fãs?’. Muhammad Ali foi o mesmo lutador por toda sua carreira? Não! Pelé foi [o mesmo jogador]? Não. Isso é parte de ser um ser humano.”
Já para o cantor Richard Marx em 2020, como parte da série “Social Distancing”, mencionou o exemplo do álbum ao vivo “Alive!” (1975) (via Blabbermouth):
“Minha voz é o que era há 20 anos, 30, 40? Não, um grande atleta não consegue replicar o que fez em seus primeiros anos. Portanto, tendo a pensar em mim dessa forma. Porque os vocais que fiz no passado quase eram de natureza atlética, e não é possível fazer da mesma forma neste momento. Alguém virá até mim e dirá: ‘Você não soa como em ‘Kiss Alive’. Isso foi há quase 50 ou 45 anos. E eu disse, ‘se você deseja me ouvir soar assim, coloque o álbum.’ Hoje isso não é mais possível.”
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