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Evanescence cativa maior público do dia no Rock in Rio 2024

Potência vocal de Amy Lee foi capaz de espantar memória de falha técnica que quase atrapalhou show antes do início

Durante os anos 2000, o Evanescence era uma das maiores bandas do planeta. O álbum de estreia “Fallen” (2003) vendeu mais de 17 milhões de cópias no mundo todo. O Brasil até hoje é um dos países com a maior concentração de fãs — a ponto destes terem enchido um estádio, o Allianz Parque, para ver o grupo em 2023.

Então não é de se espantar que, mesmo se apresentando no país menos de um ano após sua última visita, a banda liderada por Amy Lee atraiu o maior público do Rock in Rio 2024 no último domingo (15).

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Foto: Vans Bumbeers / Rock in Rio

Ao longo de aproximadamente uma hora e quinze minutos, dezenas de milhares de pessoas estavam com os olhos grudados no palco Mundo. Nem mesmo uma falha técnica na abertura pré-gravada, antes mesmo do show oficialmente começar, tirou a performance dos trilhos. O problema, segundo a transmissão do Multishow, foi causado por um defeito no fone de retorno in-ear da cantora.

O Evanescence entrou pouco mais de cinco minutos atrasado devido a esse percalço — em um silêncio que gerou ansiedade nos presentes a ponto de passarem o tempo cantando “Evidências” —, mas não perdeu muito tempo para se estabelecer. Considerando que o show anterior, do Journey, foi diretamente afetado por problemas técnicos, isso foi uma ótima notícia.

Foto: Rita Seixas / Rock in Rio

É banda, não projeto solo

Apesar de alguns descreverem o grupo como um projeto solo da vocalista Amy Lee, na realidade quase todos os outros integrantes fazem parte há quase 20 anos. A única “novata” é a baixista Emma Anzai, que entrou em 2022 quando Jen Majura saiu e Tim McCord virou segundo guitarrista.

Em vários momentos ao longo da performance, Anzai e o baterista Will Hunt ganharam destaque nos telões. Muito mais do que os guitarristas McCord e Troy McLawhorn — algo curioso para um show de rock. Entretanto, a estrela do show ainda assim é Amy Lee.

Foto: Rita Seixas / Rock in Rio

O mito de criação do Evanescence envolve Lee cantando “I’d Do Anything For Love (But I Won’t Do That)”, de Meat Loaf, sozinha num piano. Apesar de a cantora ser associada por alguns a vocalistas de metal sinfônico pelo contexto da época na qual a banda estourou, a interpretação de Amy é menos ópera e mais Broadway. As canções do grupo não são árias, mas baladas melodramáticas metalizadas.

Isso, ao longo dos anos, ressoou profundamente com o público brasileiro. Boa parte do set foi construída em torno de canções do álbum mais recente do grupo, “The Bitter Truth” (2021), mas ainda assim a plateia não parou de prestar atenção. A intensidade dos vocais de Lee foi capaz de cativar o público.

Foto: Rita Seixas / Rock in Rio

Catarse

Mesmo assim, foi evidente que um outro nível de empolgação surgiu quando o Evanescence tocou músicas dos dois primeiros álbuns, “Fallen” e “The Open Door” (2006). “Going Under” gerou o primeiro coro apaixonado da noite. “Call Me When You’re Sober” também teve grande parte do público cantando junto. Mas nada parecido com a dupla final.

Ao final de “My Immortal”, Lee começou a cantar um trecho em português, algo que ela já havia feito em 2023. A passagem diz: “Amor é a sua luz, deixe brilhar / Eu nunca vou deixar isso passar / Não acaba / Nunca acaba / Você sabe”. Foi um momento poderoso de conexão com o público.

Foto: Rita Seixas / Rock in Rio

Ela já havia subido ao palco com uma bandeira brasileira pintada no rosto. Durante a performance, peguo do chão uma bandeira brasileira com o escudo do Cruzeiro — deixada lá por Arnel Pineda durante o show do Journey. Mas perto dela cantando no nosso idioma, esses gestos pareceram até pequenos.

A apresentação terminou com “Bring Me to Life”, o maior hit do Evanescence até hoje. Originalmente, a canção também possui vocais de Paul McCoy, da banda 12 Stone, mas esses trechos não são interpretados por Lee, nem por outro integrante. Então, a plateia brasileira se encarregou de cobrir suas partes com um vigor enorme — quase querendo se equiparar à potência de Amy ao longo da performance.

O resultado foi um final catártico para os fãs. O Evanescence pode não ser para todo mundo, mas para muitos presentes naquele domingo (15), a banda é o mundo.

Foto: Rita Seixas / Rock in Rio

Evanescence — ao vivo no Rock in Rio 2024

  • Local: Cidade do Rock, Rio de Janeiro
  • Data: 15 de setembro de 2024
  • Turnê: The Bitter Truth

Repertório:

  1. Broken Pieces Shine
  2. Made of Stone
  3. Yeah Right
  4. Going Under
  5. The Game Is Over
  6. My Heart Is Broken
  7. Wasted on You
  8. The Change
  9. Take Cover
  10. End of the Dream
  11. Better Without You
  12. Call Me When You’re Sober
  13. Imaginary
  14. Use My Voice
  15. Blind Belief
  16. My Immortal (com trecho de música cantada em português ao fim)
  17. Bring Me to Life

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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