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Carlinhos Brown explica por que vaias no Rock in Rio 2001 foram “necessárias”

Músico volta ao palco do evento em 21 de setembro, data batizada de Dia Brasil

Carlinhos Brown é uma das atrações do Rock in Rio 2024 no próximo 21 de setembro, data em que será realizado o Dia Brasil. A produção do evento escolheu o sábado de sua segunda semana para abrir espaço apenas a artistas nacionais. O baiano subirá ao Palco Mundo participando do “Para Sempre MPB”.

Será sua primeira aparição nos holofote principais do evento desde 2001. À época, escalado para o mesmo dia de Guns N’ Roses e Oasis, o músico foi alvo de vaias e arremessos de objetos. Seu show foi interrompido várias vezes e ele partiu para o confronto com a plateia.

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Em entrevista ao Uol Splash, Brown considera o ocorrido superado. Também destacou que o episódio serviu para um amadurecimento geral.

“Tudo isso se amadureceu. […] O próprio Medina fala que não fez o Rock in Rio para ser só rock. Ele fez para ser tudo. Também não considero, ainda mais que isso está no passado, um episódio também desastroso. O Rock in Rio falava de um mundo melhor. E era necessário [acontecer isso], porque um evento como aquele disciplinava também outros festivais, com essa compreensão de que nós estamos no Brasil e nós podemos falar a língua que quiser e convidar quem quiser.”

Carlinhos ainda entende que era a pessoa ideal para passar pelo ocorrido, procurando analisar tudo sob um espectro positivo.

“Que bom que foi comigo e que tive coragem, porque não aconteceu só comigo. […] Também sou agradecido por aquele momento, porque poucas pessoas me conheciam. Fico muito mais atento hoje ao fato de que naquilo havia um discurso. Esse discurso do escárnio, das garrafas, é apenas uma cena a se ver. Eu vejo filosoficamente que aquilo foi necessário para mim, para o Rock in Rio e para o público, para a gente se entender mais. E hoje chamam de cancelamento.”

Carlinhos Brown: “tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música”

Em 2021, quando a situação completou 20 anos, Brown deu entrevista à Folha. Na ocasião, se mostrou mais amargurado.

“Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese (daquilo). E dentro do cancelamento tem tudo. Tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música. Eu era um artista muito mais frágil naquele momento, com expectativas gigantes jogadas naquele momento. Eu já estava com música estourada, já tinha criado, com meus amigos, o axé music. Mas eu era frágil com inocências antropofagistas. Me vestia como índio, eu não queria me vestir como o cara do rock n’ roll.”

O artista também ressaltou que Roberto Medina buscou provocar o público ao colocá-lo em um dia destinado ao rock. A edição de 2001 foi marcada por boicote de grandes bandas brasileiras, como Skank, Charlie Brown Jr, Raimundos e Jota Quest, entre outras, contra os baixos cachês e horários pouco privilegiados no line-up.

“Que bom que houve aquele choque porque a gente sabia que, no Rock in Rio, a palavra rock, suas quatro letras, era maior que Rio. Mas a gente também estava dizendo que o Rio é enorme. A música brasileira precisava ser mostrada.”

Rock in Rio 2024 e o Dia Brasil

O Dia Brasil contará com as seguintes atrações e divisões por palcos:

Palco Mundo:
15h30: Pra Sempre Trap – Cabelinho, Filipe Ret, KayBlack, Matuê, Orochi, Ryan SP e Veigh
18h20: Pra Sempre MPB – BaianaSystem, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Gaby Amarantos, Majur, Margareth Menezes e Ney Matogrosso
21h20: Pra Sempre Sertanejo – Chitãozinho e Xororó, Orquestra Heliópolis, Ana Castela, Junior, Luan Santana e Simone Mendes
00h10: Pra Sempre Rock – Capital Inicial, Detonautas, NX Zero, Pitty, Rogério Flausino e Toni Garrido

Palco Sunset:
16h55: Pra Sempre Rap – Criolo, Djonga, Karol Conká, Marcelo D2, Rael, Rincon Sapiência, Xamã
19h45: Pra Sempre Samba – Zeca Pagodinho, Alcione, Diogo Nogueira, Jorge Aragão, Maria Rita e Xande de Pilares
22h35: Pra Sempre Pop – Duda Beat, Gloria Groove, Ivete Sangalo, Jão, Ludmilla, Luísa Sonza e Lulu Santos

New Dance Order:
22h: Pra Sempre Eletrônica – Maz x Antdot
23h30: Pra Sempre Eletrônica – Eli Iwasa x Ratier
01h: Pra Sempre Eletrônica – Beltran x Classmatic
02h20: Pra Sempre Eletrônica – Mochakk

Supernova:
14h30: Pra Sempre Indie – Autoramas
16h: Pra Sempre Indie – Vanguart
18h: Pra Sempre Indie – Chico Chico
20h: Pra Sempre Indie – Jean Tassy

Espaço Favela:
15h: Pra Sempre Terra Indígena – Kaê Guajajara convida Totonete
17h: Pra Sempre Música Clássica – Nathan Amaral e Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem
18h40: Pra Sempre Baile de Favela – Buchecha, Cidinho e Doca, Funk Orquestra, MC Carol, Kevin o Chris e Tati Quebra Barraco
20h40: Pra Sempre Funk – Livinho, MC Don Juan, MC Dricka, MC Hariel, MC IG e MC PH

Global Village:
15h: Pra Sempre Jazz – Leo Gandelman, Jonathan Ferr, Antônio Adolpho e Joabe Reis
17h: Pra Sempre Soul – Banda Black Rio, Claudio Zoli e Hyldon
18h40: Pra Sempre Bossa Nova – Bossacucanova com participação de Cris Delanno, Leila Pinheiro, Roberto Menescal e Wanda Sá
20h40: Pra Sempre Futuro Ancestral – Gang do Eletro e Suraras do Tapajós

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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