Não é segredo que o Angra sofreu uma série de problemas técnicos durante sua apresentação no Rock in Rio 2011.
De início, o público mal conseguia ouvir o que a banda tocava. Em outros momentos, o som chegou a sair completamente distorcido. Até mesmo a participação da convidada Tarja Turunen, ex-vocalista do Nightwish, quase deu errada.
À época, os músicos não esconderam a situação desastrosa. Em nota logo após o show, a banda reconheceu que o desempenho no palco acabou prejudicado pelas sucessivas falhas, elencadas em detalhes no texto publicado (via Metal Revolution):
“Diante de um público presente de cerca de 60 mil nas bilheterias da Cidade do Rock e sendo televisionado em rede nacional para milhões, nós do Angra tivemos as vísceras expostas numa luta heróica de 60 minutos contra problemas técnicos no palco e na transmissão para a TV e internet, que não estavam ao nosso alcance resolver.
Não perdemos a moral porque sabemos o que representamos. E que não recuamos com o nosso propósito diante das microfonias, das quedas de sistema de amplificação, das falhas das equipes de apoio, ausência de retorno no palco e in-ears, etc. Isto prejudicou muito a nossa apresentação, mas não diminui a honra de estar lá e de representar o Metal no seu dia no Rock in Rio.”
A situação foi tão traumática que, menos de um ano depois, Edu Falaschi anunciou sua saída do Angra. O cantor, que lidava com problemas vocais, foi o mais criticado pela performance no festival carioca. Em entrevista de 2013 ao Estadão, ele admitiu que a apresentação “desencadeou uma série de fatos que me obrigaram a tomar algumas decisões” — em provável referência ao fim de seu vínculo com o grupo.
Mais de uma década depois, Ricardo Confessori revelou o motivo responsável por todo o fiasco no festival. A declaração aconteceu durante participação no podcast Ibagenscast.
Primeiramente, o baterista do grupo — que integrava a formação à época, a deixando em 2014 — contou que não tinha dimensão do quão ruim estava o áudio enquanto tocava no palco. Até então, sabia que o som “não estava uma maravilha”, mas não imaginava a gravidade da questão.
Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele disse:
“O som não estava uma maravilha, mas não imaginei que estivesse como estava. Nesse show, não tinha tecladista. Então, toquei naquele esquema de disparar o teclado com metrônomo pelo notebook. Por isso, meu retorno de áudio já é meio econômico. Eu me concentro mais na trilha via computador do que o resto da banda. Para mim, estava rolando tudo certo. Acabou o show, eu estava dando pulo de alegria, mas vi a galera com uma cara meio assim, inclusive nas entrevistas. Aí vi a repercussão.”
Segundo o músico, o problema ocorreu por causa de uma tentativa “besta” de economizar. Para não gastar dinheiro, a banda não levou para o festival um técnico de monitor, responsável pelo retorno de áudio dos artistas. Resolveram contrataram um profissional de maneira aleatória e em cima da hora.
Confessori explica:
“O que aconteceu para piorar tudo… éramos empresariados pela mesma empresária do Sepultura, então, meio que viajamos juntos. Por uma questão besta de economia, o Angra não levou técnico de monitor. A empresária pensou em contratar alguém lá, pois já teriam alguns. Aí foi um gringo que mora no Brasil, passou o som do monitor de manhã e salvou tudo no pendrive.”
Angra traído pelo pendrive
No entanto, o técnico em questão se atrapalhou e, no fim das contas, não havia gravado nada no pendrive. Ao perceber o erro, já era tarde demais para consertá-lo.
Ricardo Confessori afirma:
“Quando ele colocou o pendrive, não tinha gravado nada. Você tinha meia hora para fazer o line check (verificação de tudo o que foi montado no palco), mas não estava funcionando nada. Um monte de canais não chegavam para o cara que cuidava do som na frente. […] Pelo que consta, o cara mixou o P.A. com seis canais funcionando. Essa é a história técnica do que aconteceu.”
Por isso, nenhum dos músicos conseguia ouvir o som que chegava para a plateia ou o que o outro tocava. O baterista admite que a experiência, apesar de “engraçada”, foi “bem ruim”.
“E aí tem a parte artística do que aconteceu, que todos viram: as pessoas não se escutaram durante o show. Mesmo assim, conseguimos tocar por boa parte do show. Mas enfim, foi bem ruim. Experiência engraçada.”
Sobre Ricardo Confessori
Ricardo Confessori integrou o Angra em duas etapas, entre 1993 e 2000, novamente de 2009 a 2014. A partir da virada do século, também fez parte do Shaman, fundado junto a outros dissidentes da banda. Foi o único a participar de todas as formações. O grupo existiu até 2013, retornando em 2018 e acabando em definitivo ano passado.
Ainda excursionou e gravou com nomes como Korzus e Massacration. Com o projeto que leva seu sobrenome, já lançou as músicas “Into the Dark Matter”, “Where the Eagles Fly”, “The Dark Passenger” e “The Shredder”.
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