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A música do Tears for Fears que traz 8 referências aos Beatles

Composição contava com uma série de menções filosóficas e psicológicas, aludindo aos anos 1960 e o movimento flower power

Se você tocou uma nota em algum instrumento nas últimas seis décadas no contexto da música popular, a influência dos Beatles estava lá de alguma forma. Não é exagero dizer que o quarteto de Liverpool transformou a cara de uma indústria por completo, inspirando direta e indiretamente muitos artistas – que por sua vez, foram referências para tantos outros, criando toda uma cadeia. E o Tears for Fears tinha plena consciência disso.

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Chega ao ponto de um dos seus grandes hits contar com nada menos que oito alusões ao Fab Four. Trata-se de “Sowing the Seeds of Love”, que faz parte do álbum “Seeds of Love”, de 1989.

O próprio Paul McCartney chegou a dizer, durante uma entrevista coletiva no mesmo ano, resgatada pelo Far Out Magazine:

“Quando ouvi a música pela primeira vez foi um pouco chocante. Pensei: ‘que brincadeira é essa?’. Mas os próprios admitiram que era um tributo aos Beatles, com aquela vibração 1967, estilo ‘Sgt. Peppers’. Fiquei honrado.”

As referências aos Beatles

Conforme listado também pelo Far Out Magazine, “Sowing the Seeds of Love” começa citando a lendária parte de bateria de Ringo Starr em “A Day in the Life”. A referência retorna por volta dos quatro minutos da música.

A segunda incidência acontece imediatamente após outra homenagem ao lendário encerramento de “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, com uma seção que imita seu acorde final histórico, precedido por um crescendo orquestral ascendente logo após três minutos.

A reutilização mais óbvia está no piano elétrico staccato que forma a trilha de apoio básica para os versos, uma cópia da mesma instrumentação em “I Am the Walrus”. O andamento e os ritmos vocais também são virtualmente idênticos ao clássico dos Beatles.

O dístico do segundo verso “I spy tears in their eyes / They look to the skies” é uma alusão ao esquema de rimas de “Walrus”, que por sua vez evoca “Lucy in the Sky with Diamonds” em uma de suas próprias estrofes de versos.

O refrão alegremente ensolarado toma emprestados padrões de acordes tanto do final de “With a Little Help from My Friends” quanto do refrão de “Hello Goodbye”.

A seção final tem estrutura que claramente se baseia na coda “Hey-la” também de “Hello Goodbye”. Chega ao ponto de Roland Orzabal imitar as improvisações de McCartney enquanto repete a frase “love power”.

Também há a coda de “All You Need Is Love”, que recebe menção adicional em uma linha de trompete logo após os três minutos, que também funciona como uma homenagem ao solo do mesmo instrumento em “Penny Lane”. Na seção seguinte, há os breaks de guitarra enterrados na mixagem que capturam o som da faixa-título em “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.

Por fim, a dupla imita a parte principal do mellotron no instrumental “Flying”, de “Magical Mystery Tour” em um break de sintetizador de 30 segundos em torno da marca de dois minutos.

Tears for Fears e “Sowing the Seeds of Love”

“Sowing the Seeds of Love” chegou ao 2º lugar na Billboard Hot 100, principal parada de singles dos Estados Unidos. Também alcançou o 5º lugar no Reino Unido. É um dos maiores hits do Tears for Fears, tendo ficado atrás apenas de “Shout” e “Everybody Wants to Rule the World” em termos de desempenho.

Escrita por Roland Orzabal e Curt Smith, a letra deriva do interesse do primeiro em psicologia e filosofia, de acordo com o Songfacts. Ele cita “Les Mains Sales”, do escritor francês Jean-Paul Sartre, além de “Primal Scream” de Arthur Janov. Também exalta o movimento Flower Power e suas propostas de mudança de mentalidade.

O videoclipe, dirigido por Jim Blashfield, contava com as técnicas e tonalidades que se destacavam à época. Faturou os prêmios de “Vídeo Inovador” e “Melhores Efeitos Especiais” no MTV Video Music Awards.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

1 COMENTÁRIO

  1. Entendo as referências mas, excetuando o trompete, não vejo similaridades maiores com os Beatles nessa música. De qualquer forma, lembro de uma frase do grande Wander Taffo que dizia, não exatamente com essas palavras, mas que se você quiser aprender a compôr, estude The Beatles

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Se você tocou uma nota em algum instrumento nas últimas seis décadas no contexto da música popular, a influência dos Beatles estava lá de alguma forma. Não é exagero dizer que o quarteto de Liverpool transformou a cara de uma indústria por completo, inspirando direta e indiretamente muitos artistas – que por sua vez, foram referências para tantos outros, criando toda uma cadeia. E o Tears for Fears tinha plena consciência disso.

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Chega ao ponto de um dos seus grandes hits contar com nada menos que oito alusões ao Fab Four. Trata-se de “Sowing the Seeds of Love”, que faz parte do álbum “Seeds of Love”, de 1989.

O próprio Paul McCartney chegou a dizer, durante uma entrevista coletiva no mesmo ano, resgatada pelo Far Out Magazine:

“Quando ouvi a música pela primeira vez foi um pouco chocante. Pensei: ‘que brincadeira é essa?’. Mas os próprios admitiram que era um tributo aos Beatles, com aquela vibração 1967, estilo ‘Sgt. Peppers’. Fiquei honrado.”

As referências aos Beatles

Conforme listado também pelo Far Out Magazine, “Sowing the Seeds of Love” começa citando a lendária parte de bateria de Ringo Starr em “A Day in the Life”. A referência retorna por volta dos quatro minutos da música.

A segunda incidência acontece imediatamente após outra homenagem ao lendário encerramento de “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, com uma seção que imita seu acorde final histórico, precedido por um crescendo orquestral ascendente logo após três minutos.

A reutilização mais óbvia está no piano elétrico staccato que forma a trilha de apoio básica para os versos, uma cópia da mesma instrumentação em “I Am the Walrus”. O andamento e os ritmos vocais também são virtualmente idênticos ao clássico dos Beatles.

O dístico do segundo verso “I spy tears in their eyes / They look to the skies” é uma alusão ao esquema de rimas de “Walrus”, que por sua vez evoca “Lucy in the Sky with Diamonds” em uma de suas próprias estrofes de versos.

O refrão alegremente ensolarado toma emprestados padrões de acordes tanto do final de “With a Little Help from My Friends” quanto do refrão de “Hello Goodbye”.

A seção final tem estrutura que claramente se baseia na coda “Hey-la” também de “Hello Goodbye”. Chega ao ponto de Roland Orzabal imitar as improvisações de McCartney enquanto repete a frase “love power”.

Também há a coda de “All You Need Is Love”, que recebe menção adicional em uma linha de trompete logo após os três minutos, que também funciona como uma homenagem ao solo do mesmo instrumento em “Penny Lane”. Na seção seguinte, há os breaks de guitarra enterrados na mixagem que capturam o som da faixa-título em “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.

Por fim, a dupla imita a parte principal do mellotron no instrumental “Flying”, de “Magical Mystery Tour” em um break de sintetizador de 30 segundos em torno da marca de dois minutos.

Tears for Fears e “Sowing the Seeds of Love”

“Sowing the Seeds of Love” chegou ao 2º lugar na Billboard Hot 100, principal parada de singles dos Estados Unidos. Também alcançou o 5º lugar no Reino Unido. É um dos maiores hits do Tears for Fears, tendo ficado atrás apenas de “Shout” e “Everybody Wants to Rule the World” em termos de desempenho.

Escrita por Roland Orzabal e Curt Smith, a letra deriva do interesse do primeiro em psicologia e filosofia, de acordo com o Songfacts. Ele cita “Les Mains Sales”, do escritor francês Jean-Paul Sartre, além de “Primal Scream” de Arthur Janov. Também exalta o movimento Flower Power e suas propostas de mudança de mentalidade.

O videoclipe, dirigido por Jim Blashfield, contava com as técnicas e tonalidades que se destacavam à época. Faturou os prêmios de “Vídeo Inovador” e “Melhores Efeitos Especiais” no MTV Video Music Awards.

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João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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  1. Entendo as referências mas, excetuando o trompete, não vejo similaridades maiores com os Beatles nessa música. De qualquer forma, lembro de uma frase do grande Wander Taffo que dizia, não exatamente com essas palavras, mas que se você quiser aprender a compôr, estude The Beatles

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