A influência do rock que Mussum levou ao samba

Durante turnê internacional do Originais do Samba, músico testemunhou apresentação da banda britânica Mungo Jerry

Antes de ser o trapalhão Mussum, Antônio Carlos Bernardes Gomes era o Carlinhos do Reco-Reco, alusão ao instrumento que tocava no grupo Os Originais do Samba. A carreira televisiva de seu integrante mais famosos quase fez com que os feitos do conjunto fossem esquecidos. E eles não foram poucos.

Caracterizado pelos arranjos vocais em uníssono dos ritmistas, os músicos foram parceiros de figuras conceituadas da música brasileira, como Jorge Ben Jor – à época apenas Jorge Ben –, Elis Regina, Vinícius de Moraes, Baden Powell e Jair Rodrigues, entre outros.

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Também excursionaram pela América do Norte e Europa, tendo sido o primeiro grupo de sambistas a se apresentar na icônica casa de shows Olympia, em Paris, França. Foi justamente no exterior que Mussum acabou se inspirando para uma ideia que mudaria a história da música que praticava. E ela tem influência direta do rock.

Ao prestigiar um show do Mungo Jerry, ficou fascinado pelo banjo elétrico tocado por Paul King. Retornando para o Brasil, se juntou ao compositor Almir Guineto e o adaptou. Estava criado o “banjo brasileiro”, que tinha como principal diferença uma corda a menos em comparação ao estrangeiro – quatro contra cinco – se assemelhando ao cavaquinho, embora com maior potência sonora.

O instrumento se tornaria presença constante no samba. Seu maior expoente, além de Almir, foi Arlindo Cruz. Anderson Leonardo, do Molejo, também se valeu do recurso em vários dos maiores clássicos do grupo.

Sobre o Mungo Jerry

O Mungo Jerry foi formado em Middlesex, Inglaterra, no ano de 1970. Seu único membro em tempo integral é o vocalista e guitarrista Ray Dorset – o que faz com que muita gente pense que Mungo Jerry se trata de um artista solo. A formação ao seu redor sempre se alterou.

O grupo emplacou 9 hits na parada britânica. O maior de todos é “In the Summertime”, de 1970, o tipo de música que se torna mais conhecida que o próprio autor. Muita gente a conhece sem saber quem a canta. Ela chegou ao topo de dezenas de paradas mundo afora. O outro único número 1 da banda é “Baby Jump”, lançada no ano seguinte.

Veja a presença do banjo no videoclipe abaixo ou clicando aqui.

O conjunto segue na ativa até hoje. Seu álbum mais recente, “Somelight”, saiu em 2022. Entre os músicos conhecidos da cena rock/metal que já passaram pelo lineup estão o baixista Bob Daisley (ex-Rainbow, Ozzy Osbourne, Uriah Heep e Black Sabbath), o baterista Boris Williams (ex-The Cure) e o falecido guitarrista e tecladista Paul Raymond (ex-UFO e Chicken Shack).

Mussum e Os Originais do Samba

Além de Mussum, a formação original d’Os Originais do Samba contava com Bigode (pandeiro e voz) – único até hoje no grupo –, Bide (cuíca e voz), Chiquinho (ganzá e voz), Lelei (tamborim e voz), Rubão (surdo e voz) e Branca de Neve (violão e voz). O grupo também se caracterizava por se apresentar com ternos iguais, além de incorporar o elemento da dança às performances.

Seus maiores sucessos foram “Tragédia no Fundo do Mar (Assassinato do Camarão)”, “Cadê Tereza?”, “Esperanças Perdidas”, “Tenha Fé”, “Tá Chegando Fevereiro” e “A Dona do Primeiro Andar”. Mussum permaneceu até 1979, quando saiu por não poder conciliar a agenda com o sucesso d’Os Trapalhões. Mesmo assim, sempre que podia, fazia aparições especiais com os amigos.

Faleceu em 29 de julho de 1994, aos 53 anos, decorrência de um choque séptico após transplante cardíaco. Sua obra segue sendo celebrada em lançamentos como o documentário “Mussum, um Filme do Cacildis” (2019) e o filme “Mussum, o Filmis” (2023) – cuja resenha pode ser lida aqui.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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