Museu gera polêmica ao afirmar que Kurt Cobain “se desviveu”

Museum of Pop Culture (MoPOP), nos EUA, estreou exposição que utilizou o termo; curadoria justificou uso da expressão popular no TikTok

Localizado em Seattle, nos Estados Unidos, o Museum of Pop Culture (MoPOP) abriga a maior exposição de itens do Nirvana no mundo. Em cartaz desde 2011, a “Nirvana: Taking Punk to the Masses” já recebeu milhões de visitantes e virou referência. 

Uma outra exibição temporária também relacionada à banda estreou recentemente no local. Chamada “Gone Too Soon”, a atração, segundo descrição oficial, “utiliza de artefatos e roupas de The Notorious B.I.G., Robin Williams, Kurt Cobain e outros para explorar a questão: como homenageamos figuras lendárias com vidas complexas das quais não fizemos parte?”. Porém, esta causou polêmica nas redes sociais. 

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Um usuário publicou a imagem de uma das explicações presentes na mostra. O texto em questão aborda o “clube do 27” – nome usado para agrupar os inúmeras artistas que coincidentemente morreram aos 27 anos de idade – e, numa tentativa de “suavizar” a situação, afirma que o vocalista e guitarrista Kurt Cobain “se desviveu” (em inglês, “un-alived”) em vez de mencionar seu suicídio diretamente. 

Há uma justificativa para o uso do termo. De acordo com outro texto mantido ao lado do primeiro mencionado, a curadora envolvida optou pela expressão para tornar a discussão sobre saúde mental mais fácil, já que a expressão surgiu no TikTok com uma conotação “mais leve”.

Diz a organização:  

“Na era digital, as mídias sociais influenciam a maneira como as comunidades online se envolvem em discussões, particularmente em torno de tópicos sensíveis como saúde mental. Um exemplo é o termo ‘unalive’ (‘desvive’), que surgiu online para descrever a morte por suicídio ou homicídio. Usuários em plataformas de mídia social criaram esse termo para navegar em algoritmos que censuram conteúdo relacionado à saúde mental e tópicos explícitos. ‘Unalive’ desencadeou conversas construtivas, especialmente entre os jovens, abordando questões como depressão, ansiedade e suicídio. Nesta exposição, o curador convidado escolheu utilizar o termo ‘unalive’ como um gesto de respeito para com aqueles que perderam tragicamente suas vidas devido a lutas pela saúde mental. Ao trazer conscientização para essa linguagem, pretendemos promover um diálogo significativo e aumentar a conscientização sobre as complexidades da saúde mental e da linguagem em nossa sociedade.”

Um artigo publicado pela Associated Press afirma que utilizar “unalive” no lugar de palavras como “morte” ou “suicídio” pode ajudar os jovens a discutir tais tópicos de um jeito mais aberto. De qualquer forma, muitos internautas enxergaram a decisão como desrespeitosa, além de minimizar o verdadeiro problema, desfocar da realidade e servir de eufemismo.

Até o momento, a postagem original conta com mais de 119 mil curtidas. O próprio usuário responsável escreveu:

“Usar ‘unalived’ parece particularmente insensível quando se refere ao que talvez seja o caso mais famoso de suicídio como resultado de doença mental de todos os tempos, especialmente em um museu que ganha destaque com o uso de itens de sua vida e carreira há décadas.”

Outro ainda opinou:

“Sim, eu não entendo como isso é um gesto de respeito. O cara compôs ‘Rape Me’ [canção do álbum ‘In Utero’ cuja tradução significa ‘me estupre’], isso é constrangedor.”

** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

Sobre Kurt Cobain

Kurt Cobain nasceu em Aberdeen, Washington, no dia 20 de fevereiro de 1967. Iniciou trajetória na cena musical de Seattle por meio do amigo de colegial Buzz Osbourne, vocalista e guitarrista do Melvins. Aos 18 anos formou a primeira banda da carreira, Fecal Matter que ficou ativa por um curto período.

Em 1987, ao lado de Krist Novoselic, formou o Nirvana. Nos primeiros anos de atividade, o projeto atingiu amplo reconhecimento na região de Seattle com sua sonoridade bastante apoiada pelo punk rock.

A consagração mundial veio com o seu segundo álbum, “Nevermind” (1991), que se tornou um dos discos mais vendidos de todos os tempos. O material apresentou hits como “Smells Like Teen Spirit”, “In Bloom”, “Come As You Are” e “Lithium”. 

Em paralelo ao sucesso, enfrentou a depressão e a dependência química. Os problemas foram amplamente explorados pela mídia, assim como o relacionamento problemático com Courtney Love. Em constante conflito com a fama e o vício, cometeu suicídio no dia 5 de abril de 1994, aos 27 anos.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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