A música do Van Halen que estabeleceu o som do Alice in Chains, segundo Jerry Cantrell

Afinação de guitarra usada por Eddie Van Halen em clássico serviu de influência para ícones do grunge

A afinação em Drop D consiste em alterar a corda mais grave da guitarra ou do baixo, a colocando um tom abaixo da afinação padrão – de mi para ré. A partir dos anos 1990, ela passou a ser muito usada, se tornando quase um marca registrada das bandas de rock. O Alice in Chains foi o responsável pela popularização.

No entanto, os próprios pegaram a influência partindo de outro grupo. Em entrevista de 2021 ao Ultimate Guitar, Jerry Cantrell revelou de onde veio a inspiração. Ela saiu de um conjunto que representava quase que o inverso do movimento grunge em sua aura soturna. Ainda assim, foi uma referência justa.

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Disse o instrumentista e vocalista:

“Tenho que dar todo o crédito a Eddie Van Halen. Aprendi a Drop D por causa de ‘Unchained’. Eu simplesmente amei o som dele nessa música, era tão pesado. Conforme estávamos formando a banda, já estava mexendo com a afinação meio tom abaixo de qualquer maneira. Então, quando você abaixa mais essa corda mais grave, é uma nota e meia do padrão.”

Unchained” foi o segundo single e maior sucesso do álbum “Fair Warning” (1981), quarto de estúdio da carreira do Van Halen. Além da afinação alternativa, apresenta o uso proeminente do pedal flanger MXR M-117, que teve um aumento de vendas graças à composição.

Jerry Cantrell e a Drop D

A seguir, Jerry falou sobre as vantagens do uso da Drop D. Também revelou nunca mais ter retornado ao convencional.

“Ela adiciona uma tonelada de espessura e lodo – pode fazer você soar muito mais brutal para as coisas mais pesadas, como ‘Dam That River’, mas também para as coisas mais leves. Só adiciona esse peso a tudo. Acho que nunca gravamos em tom regular, para ser honesto.”

Alice in Chains em turnê com o Van Halen

Em 1991, o Alice in Chains foi escolhido para abrir a turnê do Van Halen promovendo o disco “For Unlawful Carnal Knowledge”. A banda de Seattle havia lançado seu debut, “Facelift”, no ano anterior. Àquela altura, já possuía um grande hit em “Man in the Box”. Mesmo assim, a recepção dos fãs da atração principal não foi das melhores.

Sammy Hagar lembrou a situação ao Ultimate Classic Rock.

“A ideia de convidá-los foi minha, adorava o trabalho deles. Mostrei o vídeo de ‘Man in the Box’ e todo mundo aprovou. Eles optaram por começar o set com músicas menos conhecidas, guardando os sucessos para o final. Uma estratégia compreensível, mas os fãs vaiavam e mostravam o dedo do meio durante todo o set.”

A postura indiferente do frontman Layne Staley à reação da plateia também marcou Hagar.

“Quando Jerry Cantrell fazia o solo de guitarra, Layne Staley se afundava no praticável da bateria e ficava observando. De repente, voltava à frente do palco e cantava como se nada estivesse acontecendo. Achei muito divertido e corajoso.”

Diante disso, o Red Rocker decidiu intervir e tentar facilitar as coisas para os então novatos.

“Um dia cheguei neles e falei para abrirem o show com ‘Man in the Box’. Isso faria as pessoas reconhecê-los de cara. Eles aceitaram e funcionou imensamente. Sou amigo de Jerry até hoje, ele sempre participa das minhas jams de aniversário no Cabo Wabo. Nos últimos trinta anos só deve ter perdido uma ou duas.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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