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O recado de Blackie Lawless para quem reclama de backing tracks do W.A.S.P.

Líder da banda não esconde se valer de bases pré-gravadas durante os shows e defende a ação

A polêmica do uso de bases pré-gravadas em shows já se tornou uma espécie de assunto corriqueiro em meio aos fãs. Alguns artistas ainda tentam disfarçar e negar, enquanto outros assumiram e não enxergam maiores problemas. Blackie Lawless faz parte do segundo grupo.

O vocalista e guitarrista do W.A.S.P. entende que o público precisa aceitar e lidar com a situação. Caso contrário, a única saída é deixar de frequentar concertos, já que a utilização dos recursos não será abandonada. De qualquer modo, o frontman nega que os playbacks ultrapassem certo limite.

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Ele disse, conforme o Ultimate Classic Rock:

“Se alguém acha que tudo nos nossos shows é gravado, se são loucos o suficiente para acreditar nisso, é problema da pessoa. Se genuinamente pensam assim, é só não ir.”

A seguir, Lawless resolveu jogar um pouco de confete sobre a própria cabeça, exaltando sua capacidade vocal.

“Escute, Deus me abençoou com essa sirene de neblina na garganta. Como qualquer um que tem uma, nós gostamos de exibi-las — e eu não sou diferente. Desculpe se isso soa arrogante, mas haverá momentos em que estarei lá em cima e ouvirei o que está saindo de mim, quando estiver sustentando uma nota ou algo assim. Fico pensando comigo mesmo: ‘Uau, isso é muito legal’. Não tenho certeza se a maioria das pessoas teria a oportunidade de experimentar algo assim em suas vidas. Então, da minha perspectiva, sou muito grato por isso. Como eu disse, quando você tem essa coisa que realmente não muitas pessoas conseguem fazer, você gosta de mostrar. [Risos]”

The Who, Queen, overdubs e gravações

Para defender seu posicionamento, o músico usa como exemplo uma de suas bandas preferidas e um álbum icônico.

“Deixe-me acrescentar mais uma coisa. Eu cresci ouvindo ‘Live At Leeds’, do The Who. Mesmo que não tenha percebido na época, há overdubs no disco. Ainda assim, é bem cru. Parece que foi feito por uma banda de três integrantes. Na maior parte é bem realista. Mas não fazem mais assim. O que eles estavam fazendo era dar a você um reflexo de 1970, um retrato instantâneo daquele período. Mas quando a tecnologia mudou e tivemos a capacidade de fazer soar maior e melhor, quem não faria isso? Quer dizer, você pode fazer a versão ‘Live At Leeds’. Costumávamos fazer. Era boa? Era boa para o que era. Mas você sabe, se eu vou ver um show — e esta é minha opinião pessoal — eu quero que essa coisa soe como o disco.”

Tendo isso em vista, sobra espaço até para alfinetar uma banda reconhecida pela capacidade técnica superior.

“Não me importa o que o Queen diga, ou qualquer uma dessas outras bandas: ‘Oh, estamos fazendo isso ao vivo’. Não, você não tem 20 caras atrás do palco cantando backing vocals. [Risos] Você simplesmente não tem. Eles estão todos recebendo ajuda externa. O ponto principal é dar ao público um bom show. Quem se importa em como se chega lá?”

Blackie Lawless e as bases pré-registradas

Em conversa do ano passado com o The Metal Voice, transcrita pelo Blabbermouth, Blackie Lawless contou como mudou de opinião sobre o uso de bases. Ele deu justificativa baseada em um álbum específico.

“Até cerca de cinco anos atrás, fazíamos tudo – era literalmente uma banda de quatro integrantes; o que você ouvia era o que acontecia. Acabou quando fizemos a turnê de aniversário para ‘The Crimson Idol’. Trouxemos toda aquela parte de orquestração. Lembro-me de ouvir isso no ensaio pela primeira vez. Foi como uma experiência fora do corpo. Quero dizer, era inacreditável. Lembro-me de ter pensado: ‘Nunca ouvi isso soar assim além do disco.’ E eu pensei, ‘isso é o que eu quero fazer de agora em diante. Quero que soe exatamente como o álbum’.”

Porém, garante que a máxima não se aplica a seus vocais.

“Como cantor, tenho muito orgulho do que faço. Quando você recebe um presente como eu, a maioria que conheço quer mostrar isso. Não sou diferente. Sim, sou eu cantando o tempo todo. Mas no que diz respeito a qualquer outra faixa de orquestra ou backing vocal, sinto muito, não há gente suficiente no palco para fazer com que soe como no estúdio, é impossível. Então, novamente, o artista tem que tomar a decisão de como ele quer soar. E desde aquela primeira vez, como eu disse, fiquei no meio da sala e ouvi aquela orquestração, me surpreendeu. E eu pensei: ‘Isso é o que estou fazendo daqui em diante. Agora eu sei por que o The Who ou outras bandas fazem isso. Eles querem que soe como o disco.”

W.A.S.P. atualmente

Entre outubro e dezembro deste ano, o W.A.S.P. realizará uma nova tour pela América do Norte. O giro celebrará 40 anos do lançamento do álbum de estreia da banda, que será tocado na íntegra. Death Angel e Unto Others serão as atrações de abertura. Até o momento, não há previsão de levar o show para outros continentes.

Blackie Lawless é acompanhado atualmente pelo guitarrista Doug Blair, o baixista Mike Duda e o baterista brasileiro Aquiles Priester.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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