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Tom Morello faz apelo para que headbangers tomem atitude para mudar o mundo

Músico defende um planeta “pacífico, justo, equitativo, antirracista e conscientizado ambientalmente”

Durante a coletiva de imprensa do festival francês Hellfest, que teve sua edição anual realizada no último final de semana, Tom Morello conclamou o público headbanger para que se mobilize. O guitarrista entende que as mudanças necessárias acontecerão a partir do levante popular.

Sempre engajado nas causas em que acredita, o membro do Rage Against the Machine não acredita que esperar por uma virada nos rumos de forma espontânea seja o ideal. Por isso, se vale de sua arte para tentar despertar e mobilizar o espírito coletivo.

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Ele disse, conforme registro da Loud TV e transcrição do Blabbermouth:

“Nos 21 discos que fiz, há realmente uma mensagem que é um fio condutor em toda a minha música, e é que o mundo não vai mudar sozinho. Isso depende de você. E por você, eu quero dizer literalmente você — as pessoas assistindo. É assim que o mundo muda. Às vezes parece esse tipo de problema monolítico que nunca seremos capazes de superar e nos faz pensar que o mundo não pode ser mudado ou as piores pessoas são as que estão no comando, e elas geralmente estão. Mas você não é testemunha da história, você é agente da história. História não é algo que aconteceu, é algo que você faz.”

Por conta disso, o músico entende que a ressignificação dos tempos só pode vir do cidadão comum, que é o verdadeiro prejudicado.

“Sempre que houve uma mudança progressiva radical, até mesmo revolucionária positiva para melhor, ela veio de pessoas que não são diferentes de ninguém nesta sala ou de qualquer um dos públicos para os quais você está escrevendo ou para os quais seus vídeos são. Uma vez que você tenha essa percepção de que você tem suas mãos no volante da história e deste planeta, poderá torná-lo mais pacífico, mais justo, mais equitativo, mais antirracista, um lugar mais ecologicamente correto. Não há ninguém para culpar se isso não acontecer, a não ser você por não se levantar.”

A inspiração de Tom Morello

Tom Morello também falou sobre onde encontra inspiração para suas composições em um mundo cada vez mais dividido.

“Em qualquer momento histórico, você está no lugar onde vive e de onde veio. É isso. Então algumas pessoas ficam tipo, ‘Vocês fizeram discos do Rage há 30 anos e agora olham para o estado horrível do mundo.’ Imagine como seria se não tivéssemos feito os álbuns há 30 anos. A cada momento, você faz o que pode, quando pode, onde pode. É assim que eu vejo. E o arco da história é longo. Há tempos muito, muito desafiadores agora, certamente no meu país, e eu sei que aqui também. E em parte, literalmente o destino do planeta está em jogo ao longo das próximas décadas. Então é hora dos headbangers se organizarem.”

Questionado se às vezes se sente sobrecarregado por tudo o que está acontecendo no mundo, Tom disse:

“É avassalador. Das questões climáticas até Gaza, há muita coisa. Ainda assim, procuro fazer o possível com o que tenho. Toco a melhor guitarra que eu puder, canto o melhor que eu puder para que minha banda, a Freedom Fighter Orchestra, entregue o que o público deseja de uma forma que seja um momento convincente e artisticamente significativo. E se eu fizer direito, a mensagem vai tocar alguém. Agora há 70.000 pessoas lá fora. Não sei se isso toca sete delas, ou 7.000 delas, ou o que quer que seja, mas eu sei que ao longo de 30 anos, a coisa que acabei de descrever para você teve repercussões muito além do que eu jamais imaginei que poderia.”

Ainda há esperança

Nem tudo é pessimismo, apesar dos problemas. Quando um dos presentes argumentou que não havia mais esperanças para o planeta, Morello contestou.

“Bem, antes de tudo, eu discordo de você, há esperança. Eu diria, no entanto, para não ser tão… a única opção que eu poderia sugerir é não estar tão envolvido em ser puro a ponto de impedir você de agir. Se você beber uma Pepsi, você não irá para o inferno porque apoiou alguma corporação. O que é importante fazer, a mudança vem de baixo — mudanças realmente significativas vêm de baixo. Sempre aconteceu. As pessoas se organizam e o mundo muda. Estes são tempos realmente difíceis em que estamos. O planeta já passou por tempos difíceis antes — às vezes tão terríveis quanto, ou mais terríveis do que este. E quando ele saiu do lado certo da história, é porque pessoas como você, mesmo em tempos em que poderiam se desesperar, não se desesperaram. É assim que o mundo muda.

Este é um momento histórico terrível, mas não é único. E da maneira como eu vejo, estou preso sendo um guitarrista. Estou amaldiçoado. É minha vocação. Eu não escolhi, ela me escolheu. Então agora eu tenho que encontrar alguma maneira de vencer para usar esse hobby estranho que adquiri quando era adolescente e tentar mudar o mundo com ele. E não é fácil, mas onde quer que você esteja e qualquer que seja seu trabalho, qualquer que seja sua vida, seja enfrentando uma autoridade ilegítima em sua casa, seu local de trabalho, sua escola, seu país ou o que quer que seja, como eu disse antes, a história não é algo que acontece. É algo que nós fazemos. Então eu encorajaria você e seus ouvintes, ou o que quer que seja, a não se desesperarem — a agirem.”

“Soldier in the Army of Love”

No último final de semana, Tom Morello lançou o single “Soldier in the Army of Love”. A música é uma parceria com seu filho, Roman, que gravou o solo de guitarra principal no registro.

A faixa antecede o próximo disco solo do artista. De acordo com o próprio, a obra terá sonoridade totalmente voltada ao rock. A ideia é que o material seja lançado até o fim deste ano.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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