Morreu aos 75 anos a atriz Shelley Duvall, conhecida pelos trabalhos nos filmes “O Iluminado” e “Popeye”. A informação foi confirmada por Dan Gilroy, seu parceiro, ao The Hollywood Reporter.
De acordo com Gilroy, Duvall sofreu complicações de diabetes em sua casa, na cidade americana de Blanco. O falecimento se deu nesta quinta-feira (11), enquanto ela dormia.
Ao THR, ele declarou:
“Minha querida, doce e maravilhosa companheira de vida e amiga nos deixou. Houve muito sofrimento ultimamente, mas agora ela está livre. Voe para longe, linda Shelley.”
Sobre Shelley Duvall
Nascida em 1949, no estado americano do Texas, Shelley Duvall iniciou a carreira de atriz em 1970, após ter sido escalada para participar do filme de humor negro “Voar é com os pássaros”. Com “Três Mulheres” (1977), dirigido por Robert Altman, foi premiada melhor atriz no festival de Cannes.
No clássico do terror “O Iluminado” (1980), fez história como a personagem Wendy Torrance, mulher do protagonista Jack Torrance, que foi vivido por Jack Nicholson. Porém, alega ter ficado traumatizada pelo trabalho, conduzido pelo diretor Stanley Kubrick.
Os desentendimentos da atriz com o cineasta eram frequentes. Ele também pedia para que a equipe de produção deixasse Duvall isolada com intenção de criar um clima de horror psicológico – o que só piorou a situação. Há relatos de que a artista ficou doente por meses e seus cabelos chegaram a cair durante as gravações.
Outros filmes de renome da carreira da atriz incluem: “Popeye”, “Os Bandidos do Tempo”, “Roxanne” e “Gasparzinho e Wendy”. A partir da década de 1990, sua carreira entrou em declínio. Desde 2002, estava aposentada do ramo e vivendo em seu estado natal do Texas. Retornou de forma breve em 2023, para uma participação no longa “The Forest Hills”.
Trauma com “O Iluminado”
Por conta do estilo perfeccionista (e até considerado neurótico por muitos) do cineasta Stanley Kubrick, “O Iluminado” levou um ano para ser gravado. Durante o período, como já mencionado, Shelley Duvall se desentendeu inúmeras vezes com o diretor. Há relatos de que ela ficou doente por meses e seus cabelos chegaram a cair durante as gravações.
Além disso, o cineasta instruiu a produção do filme para deixar Duvall isolada, com o intuito de criar um clima de horror psicológico, o que só piorou a situação. A filha de Stanley Kubrick, Vivian, já confirmou este fato.
Até Jack Nicholson se frustrou algumas vezes. Após certo tempo, o ator sequer se dava ao trabalho de ler o roteiro do longa para memorizar suas falas, pois sabia que Kubrick faria mudanças antes de gravar.
Apesar da ampla divulgação, na época, dos problemas que a atriz viveu no longa, ela nunca havia tocado no assunto. Mas tudo isso mudou com a entrevista que aceitou conceder ao The Hollywood Reporter em 2021, quando ela culpou Kubrick, falecido em 1999, pelas dificuldades no set.
“(Kubrick) não aceitava nada até gravarmos a 35ª tomada. Trinta e cinco tomadas correndo, chorando e carregando um menino pequeno é algo difícil. E mantendo a mesma performance desde a primeira tomada. Isso é complicado.”
Outro ponto que contribuiu para o desgaste da atriz foi o fato de ela ter optado por escutar músicas consideradas tristes em seu walkman antes de gravar, para melhorar sua performance. Decisão essa que, após algum tempo, decidiu rever.
“Escutava músicas tristes. Ou você pensa em algo muito triste de sua vida ou o quanto você sente falta de sua família e amigos. Mas após algum tempo, seu corpo se rebela. Ele diz: ‘pare de fazer isso comigo, não quero chorar todo dia’. E algumas vezes, só de pensar nisso, me fazia chorar.”
O veículo de comunicação também conversou com a atriz Anjelica Huston, que tinha um relacionamento com Jack Nicholson e estava com o ator durante as gravações de “O Iluminado”. Ela acredita que o fato de Shelley Duvall ter optado por morar em um flat ao lado do estúdio em que o longa foi gravado, apenas na companhia de seu cachorro e dois pássaros, também contribuiu para seus problemas.
“Ninguém faz isso. Íamos e voltamos para Londres (onde Nicholson morou durante as gravações), mesmo que isso significasse ficar duas horas parado no trânsito. Mas Shelley fez isso por um ano e meio. Ela alugou esse apartamento e morava lá por ser terrivelmente dedicada e não queria enganar a ela mesma ou a alguém se ela não se comprometesse por completo.”
Apesar de tudo que passou com o diretor, Shelley garante que Stanley a tratava bem.
“Ele foi bem acolhedor e amigável comigo.”
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