Há momentos da carreira em que artistas consagrados costumam realizar shows em que fogem do óbvio. Seja resgatando raridades do catálogo ou realizando sets dedicados a uma época específica, as apresentações costumam ser destinadas aos fãs mais ferrenhos, que acompanham suas carreiras de forma mais devotada do que o público generalista.
Em 2016, Paul McCartney foi questionado pelo New York Times sobre a possibilidade de realizar algo assim. Como exemplo, o entrevistador usou Bob Dylan, que estava promovendo concertos apenas com material recente.
Ele respondeu, conforme resgate do fansite The Paul McCartney Project:
“Já pensei muito sobre isso. Teoricamente, a filosofia é boa, porque, bem, você não está tocando músicas que já tocou muito. Mas minha preocupação é com o público. Lembro-me de quando ia a shows, principalmente quando criança, era muito dinheiro que você tinha que economizar. Então, imagino-me indo ao meu show: eu gostaria de ouvir só as músicas novas? Não. Então, não gostaria de fazer isso.”
Ainda assim, o Beatle entende que poderia adotar um formato diferente, desde que feito de forma limitada.
“Eu faria um show menor e anunciaria com antecedência como seria. Provavelmente chamaria a turnê de ‘Deep Cuts’ ou algo assim. Então, você saberia de antemão que seriam apenas cortes realmente profundos, aquelas canções que apenas os aficionados conheceriam. Acho que se eu fizesse isso, poderia ser bem divertido.”
A preocupação com a plateia
A seguir, o jornalista apontou o fato de Macca se preocupar com o público. O músico deixou claro que desde os tempos do Fab Four, sempre houve uma dedicação para oferecer o produto mais acessível dentro das possibilidades.
“Já fui um fã e gastei o que, para mim, era muito dinheiro. E essa era muito a filosofia dos Beatles. Se você pensar em nossos singles, havia um lado A e um lado B. Normalmente as pessoas colocam um material de menor importância no lado B. Mas os lados B dos Beatles eram sempre muito bons. Costumávamos chamar isso de ‘valor pelo dinheiro’. Porque todos nós tínhamos sido aqueles adolescentes que agora estávamos atraindo.”
A situação gerou até mesmo um desencontro com um produtor que Paul odiou ter trabalhado no projeto “Let it Be”.
“É engraçado, nós realmente estávamos impressionados com o trabalho de Phil Spector. Então o conhecemos e ele disse: ‘Por que vocês colocam boas músicas no lado B?’ Nós respondemos: ‘vamos lá Phil, você tem filhos, temos que valorizar o dinheiro que investem.’ E ele disse que não, que precisávamos investir tudo no lado A, depois colocar a mesma faixa no lado B sem vocais e chamá-la de ‘Cante junto com She Loves You’. E nós dissemos que de jeito nenhum!”
Paul McCartney no Brasil em 2024
Em outubro, Paul McCartney volta ao Brasil para shows onde tocará hits de toda a carreira. Serão três apresentações, nas seguintes datas e locais:
15/10 – Estádio Allianz Parque, São Paulo, Brasil
16/10 – Estádio Allianz Parque, São Paulo, Brasil
19/10 – Estádio da Ressacada, Florianópolis, Brasil
Apenas o segundo show na capital paulista ainda tem ingressos à venda – exceto pela opção Hot Sound para o primeiro. Eles podem ser adquiridos aqui.
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