O Journey atingiu um novo patamar de sua carreira no início da década de 1980. Após se reposicionar no mercado em 1977 com a transição do rock progressivo para o hard rock mais comercial, especialmente devido à entrada do vocalista Steve Perry, o grupo emplacou uma trajetória de ascensão constante nas paradas de sucesso.
Lançando novos álbuns anualmente, os californianos alcançaram o ápice em 1981 com “Escape”, maior êxito comercial da carreira. Em meio a uma série de hits presentes no trabalho, estava “Don’t Stop Believin’”, faixa que se tornou um hino da cultura pop e garantiu a longevidade do legado do grupo.
Em entrevista ao canal do YouTube de Lyndsey Parker (transcrição via Ultimate Guitar), o guitarrista Neal Schon abordou os bastidores da criação do clássico — e como a Columbia Records atrapalhou nesse sentido. Segundo ele, o setor de A&R (Artists and Repertoire), divisão da gravadora responsável pelo desenvolvimento artístico, pressionou para que a música de 4 minutos fosse reduzida.
“Montamos a música do jeito que queríamos, mas havia os caras de A&R que trabalhavam na gravadora e achavam que sabiam de tudo, dizendo: ‘bem, vocês precisam cortar essa música, ela nunca vai tocar no rádio’. Decidimos manter nossa posição. Simplesmente dissemos: ‘não, não vamos cortar, gostamos do jeito como soa’.”
Com uma estrutura diferente da tradicional, “Don’t Stop Believin” conta com quatro versos intercalados por instrumentais, pré-refrão e um refrão que só começa nos últimos 50 segundos da faixa. O formato não convencional e a insistência dos músicos em não fazer alterações levou a gravadora a reduzir o investimento no single, que alcançou organicamente a nona posição da parada americana Billboard Hot 100.
“Acho que por causa disso eles não investiram tanto dinheiro nessa música como fariam em outras. O sucesso nas paradas não depende sempre da música, mas sim de uma grande máquina — honestamente, há muita política e dinheiro envolvidos.”
Journey e o sucesso de “Don’t Stop Believin’”
O sucesso de “Don’t Stop Believin’” se provou com o passar dos anos. Até mesmo em revivals recentes, o mais notório sendo o uso nas trilhas sonoras das séries “Família Soprano” e “Glee”. Em janeiro último, a versão digital do single atingiu certificação de 18x platina, resultando em 7 milhões de vendas somente neste formato.
Neal Schon revelou, ainda a Lyndsey Parker, que pressentiu que a faixa seria um sucesso absoluto. Ele chegou a compartilhar a sensação com os engenheiros de som do álbum.
“Eu sabia que quando gravamos essa música, terminamos e estavam nas etapas finais de mixagem com Michael Stone e Kevin Nelson, eu disse: ‘Acho que essa música vai ser enormemente grande’. Não sei por quê, apenas tive um instinto, e ver isso acontecer tantos anos depois, continuar crescendo e agora se tornar, tipo, a maior música do mundo, de todos os tempos, na história da música, é insano.”
Por fim, o fundador do Journey compartilhou o sentimento atual perante as decisões que garantiram o sucesso do hit single.
“Uma surpresa agradável e definitivamente muito grato por termos dedicado nosso tempo e acertado.”
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