Por que bandas precisam querer perder fãs, segundo Josh Homme

Para líder do Queens of the Stone Age, é essencial que artistas saiam da zona de conforto e assumam riscos

Para Josh Homme, só é possível que um artista crie um material genuíno e honesto assumindo riscos. Na opinião do vocalista do Queens of the Stone Age, é necessário que as bandas saiam de sua zona de conforto e estejam dispostas a perder alguns fãs por isso.

O próprio já comentou como a ideia moldou o álbum “Villains” (2017), descrito como “mais dançante” do que os antecessores. Durante uma sessão de perguntas e respostas no festival Hellfest, transcrita pela Ultimate Guitar, o cantor explicou que o movimento natural é sempre copiar a si próprio em vez de tentar coisas novas. 

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Ele declarou:

“Não é nada comum que um artista faça do seu 15º álbum o melhor. Parece natural que, às vezes, você se copie, fique numa zona de conforto ou priorize demais o que os fãs querem em vez do que está acontecendo em sua vida. Mas acho que seria maravilhoso se o último disco que eu fizesse antes de morrer fosse o melhor de todos e ser reconhecido por isso.”

Por isso, em suas palavras, deve existir uma necessidade pelo ineditismo, mesmo que a atitude coloque em jogo o apoio do público:

“Acho que é difícil fazer isso e às vezes você tem que estar disposto a perder seus fãs. Eu sempre falo, se 15% das pessoas não te odeiam, você está fazendo algo errado, sabe? Acho que você tem que se viciar no risco de tentar soar diferente, mas ao mesmo tempo tentar soar igual. Nem sempre [conseguimos] isso, mas acho que você deve pelo menos tentar.”

De qualquer maneira, ele acredita que os fãs mais fiéis, por amadurecerem junto dos ídolos, também gostarão de ouvir mudanças. O vocalista pontuou que, hoje, aos 51 anos, tem interpretações diferentes das músicas que costumava ouvir quando mais novo, o que não necessariamente é ruim:

“Acredito que os fãs leais são aqueles que esperam a mudança. Comecei ouvindo GBH, The Exploited, Subhumans, Black Flag e Misfits. Ainda amo ‘Legacy of Brutality’ dos Misfits tanto quanto antes. É tão viciante e bom e meio que gosto dele agora por razões diferentes, porque sou mais velho e posso ouvi-lo de uma maneira diferente. Eu acho que alguém que gosta de nós esperaria uma mudança porque também ficou mais velho.”

Queens of the Stone Age e “Villains”

No passado, Josh Homme apresentou o mesmo argumento. Após o lançamento de “Villains” (2017), o vocalista do Queens of The Stone Age disse ao site The Current que já esperava uma reação negativa de certa parcela do público, mas que não ficava incomodado com o fato:

“Sinto que se estou me desafiando e se estamos desafiando uns aos outros, estamos indo na direção certa. O resultado disso é que qualquer pessoa que gosta da gente vai sentir o baque porque estamos fazendo [esse álbum] primeiramente para nós mesmos. Parte de mim pensa que cada vez que lançamos algo, podemos perder 20% das pessoas. 20% das pessoas podem dizer: ‘vocês mudaram, cadê minha banda?’ Dá para pressupor isso.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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