“Deadpool & Wolverine”, que estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas brasileiros, é o filme que os fãs da Marvel precisavam e queriam. Depois de anos de produções em sequência que frustraram a empolgação do público e renderam inúmeros debates sobre uma possível crise criativa no estúdio, a mais nova realização para os cinemas da “Casa das Ideias” chega com ares de que reconquistará seus admiradores.
Não significa que o longa dirigido por Shawn Levy (“Uma Noite no Museu”, “Gigantes de Aço”) e protagonizado por Ryan Reynolds e Hugh Jackman — com este retornando ao papel de Wolverine após 7 anos — seja brilhante. O que temos é uma coleção infinita de piadas, referências e participações especiais que provavelmente arrancarão aplausos, risadas e gritos dos entusiastas de cultura pop ao redor do mundo.
Apesar de não serem perfeitos, os 40 primeiros minutos — que chegaram a serem exibidos isoladamente em eventos de divulgação da obra na última semana — são o que de melhor encontramos aqui. A necessidade de se encaixar conceitualmente no Universo Cinematográfico Marvel pode incomodar e confundir aqueles menos familiarizados com certas concepções. Porém, é nesta parte inicial onde acerta o tom da galhofa, assumindo-se como uma obra de heróis de violência explícita que ironiza o gênero sem se levar tanto a sério.
Regado a fan service
A grande questão é que, a partir daí, “Deadpool & Wolverine” acaba por se tornar redundante. A tão aguardada produção da Marvel dá voltas em si mesma, reproduzindo ideias e macetes incessantemente até que os acontecimentos soem vazios e percam o peso de suas consequências.
Há inúmeros embates entre os dois protagonistas que não resultam em nada e personagens secundários desinteressantes, que entram e saem de cena sem compreendermos seus propósitos. Até as participações especiais por vezes soam como apenas fan services, sem acrescentar à narrativa para além de suas introduções repetitivas — sempre à base de truques como cenas em slow motions e personagens que saem do escuro ou aparecem inicialmente de costas para que haja algum suspense.
“Deadpool & Wolverine” em cima do muro
É bem provável que uma imensa parcela dos fãs argumente que “Deadpool & Wolverine” seja justamente sobre isso: um filme que não se leva a sério e não almeja nenhuma profundidade além de piadas repetitivas a qualquer custo. Isso é parcialmente verdadeiro. Contudo, há momentos em que o longa ensaia um debate sobre indivíduos e heróis renegados recebendo uma segunda chance — casos de Deadpool, Wolverine e da maior parte das aparições especiais.
No fim das contas, a obra está em cima do muro. Por um lado, ironiza sem limites. Já por outro, oferece pausas dramáticas e momentos em que parece se levar mais a sério, com intenções além da brincadeira e com a trajetória de altos e baixos da Marvel nos cinemas como um todo.
Fato é que “Deadpool & Wolverine” não chega a nada muito concreto de fato. As risadas estão garantidas para a parcela apaixonada por quadrinhos que deve lotar os cinemas. Falta, em meio a tantas voltas e repetições, o peso de algo realmente consistente e criativo para além das referências.
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