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Sem convite? A curiosa forma como Andreas Kisser entrou para o Sepultura

Guitarrista se juntou à banda em 1987, na vaga de Jairo Guedz, após "conexão musical imediata" com Iggor Cavalera

Andreas Kisser entrou para o Sepultura em 1987. À época, o guitarrista, que ocupou a vaga deixada por Jairo Guedz, trouxe novas influências que resultaram no segundo álbum de estúdio “Schizophrenia” (1987). Com o passar do tempo, o músico conquistou um espaço cada vez mais notório e é tido como o “líder” da formação atual. 

Surpreendentemente, a sua entrada no grupo aconteceu de maneira curiosa. Segundo o próprio, não houve um convite direto dos outros membros. 

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Tudo começou quando o músico conheceu o baterista Iggor Cavalera numa loja de discos em Santo André. Depois do primeiro contato, o guitarrista teve a oportunidade de acompanhar o novo amigo em ensaios e ambos logo perceberam que havia uma conexão musical entre eles. Ao Diário do Grande ABC, relembrou: 

“Quando eu entrei não houve um convite. São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte tinham uma conexão, onde a galera se conhecia. E em Santo André, na frente do Colégio Singular, tinha uma loja de discos que se chamava Fucker Records, foi ali que eu conheci o Iggor Cavalera. Foi um ano especial, mas também para mim foi um ano de limbo. Porque eu estava fora da escola, não namorava, estava sem banda, não sabia o que fazer na faculdade. E então fui passar férias com amigos daqui lá em Belo Horizonte, em janeiro de 1987. Conheci mais de perto todo mundo do Sepultura, fui aos ensaios e aí nos intervalos eu sentei lá com o Igor e comecei a tocar Destruction, Kreator Slayer com ele. E o engraçado é que foi uma conexão musical imediata entre eu e o Igor. A gente começou a tocar e foi muito legal.”

Depois disso, Andreas voltou para São Paulo acompanhado da banda e chegou a assistir a um show como parte do público. Mas, com a saída de Jairo, não demorou para que decidisse ir para Belo Horizonte juntar-se oficialmente aos músicos:

“Eu ainda voltei com eles para São Paulo, porque eles tinham um show em Santa Isabel com várias outras bandas, fui lá para ajudar e foi o único show do Sepultura que eu vi antes de entrar na banda. Logo depois o Jairo saiu, e como eu tava meio sem banda, sem muita perspectiva, eu achei que aquela conexão com o Igor e ter conhecido todo mundo tinha a ver. Eu senti que eles tinham a mesma vontade, o mesmo sangue nos olhos de que tem de fazer acontecer, de ter banda, de seguir uma uma profissão mesmo, de fazer um negócio sério. Então eu fui para Belo Horizonte. Eles estavam procurando um guitarrista e eu procurando uma banda. Juntou a fome com a vontade de comer e foi.”

Anteriormente, à rádio Metal Messiah (via Blabbermouth), o guitarrista já havia descrito a “química instantânea” com os irmãos Cavalera: 

“Quando conheci o pessoal do Sepultura, eles vieram para São Paulo com outra banda, o Mutilator. Estavam prestes a se apresentar na minha cidade natal. Fui ver Max e Iggor pela primeira vez. Após um ou dois meses, estava em Belo Horizonte, cidade natal do Sepultura. Estava de férias, fui apenas para visitá-los e vê-los ensaiando. Depois, toquei um pouco com Iggor. Tocamos um pouco de Kreator e Slayer. A química foi instantânea. Algumas semanas depois, Jairo, o guitarrista deles, saiu, e eu não tinha uma banda em São Paulo. Eles queriam um guitarrista e a impressão foi muito boa que eu tive com o Sepultura e eles comigo. Então, decidimos juntar forças. Eu me mudei para a cidade deles e ‘Schizophrenia’ foi gravado logo depois.”

Em outra entrevista, ao Rock Hard, transcrita pelo site, Max Cavalera comentou ter se conectado de imediato com Andreas. Na ocasião, ele refletia sobre como soaria “Schizophrenia” se Jairo Guedz tivesse permanecido na banda.

“Sempre me pergunto como soaríamos se Jairo tivesse feito ‘Schizophrenia’ com a gente, porque talvez fosse um pouco mais pesado, talvez menos técnico. Não sei. Talvez tivesse sido um álbum ainda mais pesado mesmo naquela época. De toda forma, me conecto muito bem com músicos. Eu me conectei com Andreas imediatamente. Nós dois tocamos baixo também em ‘Schizophrenia’. Paulo (Jr, baixista) não quis gravar, ficava sempre nervoso no estúdio, então dividimos as tarefas do baixo.”

A turnê de despedida do Sepultura

O Sepultura está excursionado pelo Brasil com a sua turnê de despedida. Após os compromissos em território nacional, a “Celebrating Life Through Death” seguirá para a América do Norte, entre setembro e outubro, e Europa, entre outubro e novembro. A ideia é que a excursão dure um ano e meio, com mais datas a serem anunciadas até 2025.

Às vésperas do início da série de shows, a banda anunciou a saída de Eloy Casagrande. O baterista, que acabou se juntando ao Slipknot, fazia parte da banda desde o fim de 2011, tendo gravado três álbuns de estúdio com o grupo. Em seu lugar, entrou Greyson Nekrutman, conhecido por trabalhos com Suicidal Tendencies, Brand X, entre outros. Derrick Green (voz), Andreas Kisser (guitarra) e Paulo Xisto (baixo) completam a formação.

Em nota, os músicos afirmaram que Casagrande comunicou sua saída “de surpresa” e “sem aviso prévio” no dia 6 de fevereiro, menos de um mês antes da turnê começar. Toda a estrutura relacionada à excursão já estava “pronta”, nas palavras da própria banda.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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