Iggor Cavalera realizou o desejo de sua saudosa mãe e jogou suas cinzas na Avenida Paulista, no último domingo (2), dia da Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo. Vania Cavalera faleceu aos 80 anos, em julho do ano passado. A causa não foi revelada.
Durante uma entrevista concedida em 2010 à revista Trip, ela manifestou a vontade de ser cremada e de ter suas cinzas espalhadas no evento. Na ocasião, revelou acreditar que, assim, conseguiria um “final feliz”.
À época, declarou:
“Para garantir um final feliz, não quero ser sepultada. Quero minhas cinzas jogadas na avenida Paulista, no dia da Parada Gay.”
Agora, o baterista ex-Sepultura cumpriu o desejo. Em publicação no Instagram, o músico relembrou a entrevista citada e mostrou ter concretizado a missão acompanhado de outros membros da família, como a irmã Kira, a esposa Laima Leyton e os filhos Iccaro e Raissa.
Ele escreveu, conforme traduzido pelo site:
“Minha querida mãe desejava que jogássemos suas cinzas na parada LGBT+ em São Paulo. Foi uma montanha russa de emoções… mas missão cumprida. Aproveite com as pessoas que ama! Nós rimos juntos e choramos juntos.”
Max Cavalera, também irmão de Iggor e parceiro de bandas, não apareceu nos registros. Ao que tudo indica, o frontman do Soulfly está em Arizona, cidade nos Estados Unidos onde reside. Ainda assim, conforme observado pelo site, compartilhou uma foto ao lado da mãe e, em referência ao destino de suas cinzas, destacou:
“Voe livre, Mamina. Você estará sempre comigo.”
Sobre Vania Cavalera
Vania é citada como a maior incentivadora das carreiras musicais de Max e Iggor, que formaram o Sepultura, em Belo Horizonte, no ano de 1984. No prazo de pouco mais de uma década, a banda se tornaria a maior representante do heavy metal brasileiro no exterior, colecionando discos de ouro e posições de destaque nas paradas de vários países, além de um legado a ponto de artistas de todo o planeta mencionarem o grupo como influência.
Antes mesmo do Sepultura ter sido fundado, em 1979, Vania precisou lidar com a morte de Graziano, seu marido e pai de seus três filhos. Ele sofreu um infarto aos 40 anos, dentro de um carro onde estavam Max e Iggor, além de um sobrinho. Em entrevista de 2010 à Trip, ela, que trabalhava como modelo na juventude, afirmou:
“Olhei as crianças pequenas e virei um robô, congelei o cérebro. Não dava tempo de sofrer. Fui trabalhar no consulado como telefonista, mas em 1981 resolvi voltar para Minas, primeiro para a casa dos meus pais, de onde eu havia saído fugida para ser modelo no Rio e em São Paulo. E depois em uma casa alugada, que mais tarde viraria o QG do Sepultura.
Depois da morte do meu marido, a vida passou a ser os meninos e os amigos deles. Não era apenas uma relação de mãe e filhos, nós nos protegíamos, sempre fomos muito cúmplices. Era difícil até arrumar emprego, as mulheres viravam a cara para mim, tinham medo de uma ex-modelo viúva na cidade. Vivia com o dinheiro da pensão, porque não tinha reservas. Vendi joias, perfumes, faqueiros; meu marido não pensava no futuro. Dizia que só precisava deixar cultura e amor para os meninos. Aos 12 anos, eles iam para a escola caminhando para economizar no transporte e nunca me pediram nada.”
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