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The Troops of Doom prova não ser fogo de palha com “A Mass to the Grotesque”

Banda encabeçada por Jairo “Tormentor” Guedz (ex-Sepultura) empilha bem mais acertos do que erros e se consolida com segundo álbum

Se havia desconfiança de que a nova empreitada do guitarrista Jairo “Tormentor” Guedz (ex-Sepultura e The Mist) pudesse perder fôlego após o disco de estreia, ou talvez que o bom resultado inicial fosse um mero fruto do acaso (leia-se: marketing da nostalgia), “A Mass to the Grotesque” chega para dirimir qualquer dúvida. O segundo álbum do The Troops of Doom prova que a banda de Belo Horizonte não é fogo de palha e vai além de um único integrante ou seu passado pioneiro.

Lançado pela Alma Mater — selo português de Fernando Ribeiro, do Moonspell —, “A Mass to the Grotesque” já apresenta predicados interessantes a partir da “embalagem”, com uma bela capa desenhada por Dan Seagrave, ícone das ilustrações de death metal e com nomes como Morbid Angel, Dismember, Entombed, Gorguts e Carnage no currículo. Ou seja, nada de inteligência artificial por aqui.

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A mixagem/masterização do disco também traz outro baluarte do estilo: Jim Morris, cofundador do lendário Morrisound Recordings, na cidade americana de Tampa, estúdio considerado a meca da vertente que ficou conhecida como “death metal da Florida”. Ele trabalhou em cima da gravação feita em Porto Alegre pelo produtor brasileiro André Moraes, e o resultado em termos de timbres e definição é excelente.

Mas e as músicas, afinal? Nesse aspecto, certamente o mais importante, o The Troops of Doom também empilha vários acertos, muito mais do que erros. “Chapels of the Unholy” e “Dawn of Mephisto”, disponibilizadas anteriormente, já antecipavam um pouco do cenário a ser vislumbrado e que agora se confirma: death metal com muitas variações de andamento e que por vezes cruza a fronteira com o thrash. Algo que o próprio Sepultura patenteou nos primeiros anos de carreira.

Não chega a ser um death/thrash virtuoso ou altamente burilado, mas demonstra a qualidade técnica dos envolvidos. Alex Kafer (baixo e vocal), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria) completam o time encabeçado por Jairo, que historicamente bebeu em fontes como Celtic Frost, Possessed, Kreator e, sobretudo, Slayer, o qual aqui fica evidente como sua influência maior.

Além da já citada “Chapels of the Unholy”, os principais destaques são “The Impostor King”, com blast beats muito bem encaixados, “Faithless Requiem”, com um tempero típico do death/thrash mineiro dos anos 1980, quando bandas como Mutilator, Chakal e Holocausto tomaram Belo Horizonte de assalto, e “Terror Inheritance”, cujos riffs sobressaem de imediato.

O momento mais diversificado do álbum vem com “Psalm 7:8 – God of Bizarre”, que, a título de metáfora, é como se transitasse por diversas fases do Slayer ao longo de seus 8 minutos de duração. Desde o “Hell Awaits” (1985) nas partes mais viscerais até as cadências de um “Seasons in the Abyss” (1990), passando pela maldade intrínseca ao inigualável “Reign in Blood” (1986).

“The Grotesque”, assim como “Dawn of Mephisto” já havia feito, mostra que o The Troops of Doom sabe inserir melodias quando julga necessário – e que essa faceta não compromete o peso e a agressividade das músicas quando usada de forma inteligente.

Perante uma duração total de 49 minutos, “A Mass to the Grotesque” pode soar ligeiramente redundante na reta final, com “Blood upon the Throne” e “Venomous Creed”. Não são ruins, mas correm o risco de já não oferecer maiores atrativos a um ouvinte menos dedicado.

A despeito disso e de um ou outro momento menos inspirado, o segundo disco de estúdio certamente consolida o The Troops of Doom. Após o cartão de visitas com “Antichrist Reborn” (2022), a banda retorna ainda mais imponente e olhando para frente. Sem se prender a sobrenomes ou ficar refém de regravações.

*Ouça “A Mass to the Grotesque” a seguir, via Spotify e YouTube, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

*O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

The Troops of Doom – “A Mass to the Grotesque”

1. Solve Et Coagula – Introduction
2. Chapels of the Unholy
3. Dawn of Mephisto
4. Denied Divinity
5. The Impostor King
6. Faithless Requiem
7. Psalm 7:8 – God of Bizarre
8. Terror Inheritance
9. The Grotesque
10. Blood upon the Throne
11. Venomous Creed

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Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Atualmente revisa livros da editora Estética Torta e é editor do Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

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