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Bruce Dickinson oferece noite incandescente de metal em Ribeirão Preto

Show quente — não apenas figurativamente — voltou a provar ao público local por que vocalista, agora solo, segue como um dos maiores da história do heavy metal

**Texto por Jo Campos. || Em sua estreia solo em Ribeirão Preto — e segunda apresentação na cidade, sucedendo a com o Iron Maiden em 2022 —, Bruce Dickinson fez um show que deixou a plateia bem aquecida. Não somente pela figura de linguagem.

O calor que tomou a Alcans Hall (anteriormente chamada Quinta Linda) deixou tudo ainda mais quente para o público que encheu, mas não chegou a lotar o espaço. Informações extraoficiais apontam que o cantor teria solicitado que o ar condicionado fosse desligado para preservar sua voz — o que pode estar ocorrendo em outras cidades, já que a temperatura também estava alta durante as performances anteriores em Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

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Se foi isso que garantiu o que se viu na última quinta-feira (2), tudo bem. Aos 65 anos de idade, o integrante do Iron Maiden entregou qualidade ímpar e alto nível de energia. Sua banda de apoio formada por Dave Moreno (bateria), Mistheria (teclados), Tanya O’Callaghan (baixo), Philip Naslund (guitarra) e Chris Declercq (guitarra) não ficou atrás: excelente em todos os aspectos, o grupo ofereceu execução impecável. Nem o eco e o palco baixo da Alcans Hall poderia atrapalhá-los.

Foto: Douglas Santos @douglas.img

Noturnall

A abertura da noite ficou a cargo do Noturnall, que acabou escalada para as três das sete datas finais da turnê nacional após a saída do Clash Bulldog’s por questões de saúde.

A banda formada por Thiago Bianchi (voz), Victor Franco (guitarra, estreando na formação), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria) subiu ao palco às 20h05 e, apesar do pouco tempo de repertório (42 minutos), encontrou uma plateia receptiva e animada. Também irretocável, a performance evidenciou o som agressivo e ao mesmo tempo melódico do grupo, que funde o peso do thrash metal com o apuro melódico do power metal — além da velocidade de ambos.

Foto: Bruno Bellan @brunobellan / Suco de Manga

Como resultado, o grupo foi aclamado em cada intervalo entre músicas. Bianchi repetiu a dose do Ribeirão Rock Series em 2023 — quando tocaram com Sinistra, Angra e Scorpions — e agitou o público como um verdadeiro mestre de cerimônia. Ainda bem jovem, Franco desfilou execuções rápidas e precisas, em destreza também notada nos trabalhos de Pucci, altamente técnico e veloz em sua abordagem, e Xakol, que formou com o baterista uma cozinha de altíssimo nível.

Os quatro álbuns lançados na última década foram contemplados ao longo do setlist de sete canções. O mais representado, como esperado, foi o recente “Cosmic Redemption” (2023), com “Try Harder”, “Reset the Game” e a faixa-título. Ao fim — e como é possível confirmar nos vídeos publicados nos Stories de seu Instagram —, o Noturnall deixou o palco ovacionado, com gritos em coro com seu nome e punhos cerrados ao alto. Abriu caminho em grande estilo para a atração principal.

*Fotos do Noturnall gentilmente cedidas por Bruno Bellan @brunobellan / Suco de Manga

Foto: Bruno Bellan @brunobellan / Suco de Manga

Repertório:

  1. Try Harder
  2. No Turn At All
  3. Fight the System
  4. Cosmic Redemption
  5. Wake Up!
  6. Reset the Game
  7. Nocturnal Human Side
Foto: Bruno Bellan @brunobellan / Suco de Manga

Bruce Dickinson

Repetindo os pequenos e nada significantes atrasos de outros shows pelo Brasil, Bruce Dickinson, marcado para 21h, subiu ao palco por volta das 21h15. A gravação de “Toltec 7 Arrival” introduziu a música inaugural: “Accident of Birth”, faixa-título do álbum de 1997, que levantou ainda mais a plateia que cantou em coro seu refrão. “Abduction” e “Road to Hell” — esta, tocada pela primeira vez na tour nacional — não diminuíram a euforia que tomou conta do ambiente.

Foto: Douglas Santos @douglas.img

A primeira do novo álbum “The Mandrake Project” a aparecer foi a “Afterglow of Ragnarok”. Como manda o protocolo, outras três do disco surgiram: “Many Doors to Hell”, “Resurrection Men” e “Rain on the Graves”.

Na sétima canção do set, “Jerusalem”, Dickinson deu uma pequena escorregada ao começar a cantar o refrão uma vez a mais. Parou quase que imediatamente, sem comprometer o andamento. Até os deuses do metal erram — e momentos assim, por incrível que pareça, dão um caráter único à performance.

Foto: Douglas Santos @douglas.img

Um dos momentos mais aguardados da noite, “Tears of the Dragon” trouxe uma grande emoção e nostalgia aos que estavam presentes. Além dos celulares levantados, era possível ver fãs com lágrimas nos rostos de quem estava na plateia, que, no geral, deu show à parte ao entoar cantos de “olê, olê olê olê, Brucê, Brucê” e interagir com todas as provocações do astro da noite.

Na música “Frankenstein”, cover de The Edgar Winter Group, rolou espaço para alguns improvisos. Bruce pirou com seu teremim, trazendo uma vibe psicodélica ao show.

Philip Naslund e Chris Declercq, a cargo das guitarras após a saída repentina de Roy Z da tour, executaram todas as obras de forma primorosa. O tecladista Mistheria, com seu keytar, parecia mais um terceiro guitarrista ao trazer uma dinâmica interessante ao show; ficou até difícil não comparar com o próprio Iron Maiden e suas três guitarras. A consistente cozinha de Tanya O’Callaghan e Dave Moreno é marcada por uma incrível química, com destaque à interação entre os dois e a presença imponente da baixista aliada à sua habilidade.

Foto: Douglas Santos @douglas.img
Foto: Douglas Santos @douglas.img

No final do show, já no famoso bis, Bruce disse: “Estamos quase no fim da turnê brasileira, estamos muito tristes com isso. Mas temos que voltar, o que torna apropriado cantarmos a próxima música. Porque nunca a tocamos em nenhum lugar do mundo, exceto no Brasil. Correu tão bem que vamos tocá-la em todos os lugares. E vamos voltar e ver todos vocês nesta pequena história de amor cósmica de Romeu e Julieta, que se chama ‘Navigate the Seas of the Sun’.” Não é bem verdade, já que a canção do álbum “Tyranny of Souls” (2005) apareceu nos setlists de Santa Ana (EUA) e Guadalajara (México), mas não há problema. O bloco final foi incrível mesmo assim, com esta faixa, “Book of Thel” e “The Tower”.

Foto: Douglas Santos @douglas.img

Um dia antes da apresentação, Bruce protagonizou um episódio divertido ao tentar dizer o nome da cidade enquanto anunciava o evento pelas redes sociais. Pérolas como “Ribeirão Tomato” surgiram em meio à dificuldade de pronúncia. Na hora do “vamos ver”, porém, não teve complicação alguma de citar o nome do município por diversas vezes.

Apesar dos já mencionados calor, palco baixo e considerável eco nos momentos falados devido ao ambiente, é o tipo de show que fica na lembrança de quem assistiu. A turnê chega ao fim neste sábado (4), com apresentação no Vibra, em São Paulo, que também terá cobertura do site IgorMiranda.com.br.

Foto: Douglas Santos @douglas.img

Bruce Dickinson — ao vivo em Ribeirão Preto

  • Local: Alcans Hall
  • Data: 2 de maio de 2024
  • Turnê: The Mandrake Project
  • Produção: BConcerts / MCA Concerts

Repertório:

  1. Accident of Birth
  2. Abduction
  3. Road to Hell
  4. Afterglow of Ragnarok
  5. Chemical Wedding
  6. Many Doors to Hell
  7. Jerusalem
  8. Resurrection Men
  9. Rain on the Graves
  10. Frankenstein (cover do The Edgar Winter Group)
  11. The Alchemist
  12. Tears of the Dragon
  13. Darkside of Aquarius

Bis:

  1. Navigate the Seas of the Sun
  2. Book of Thel
  3. The Tower
Foto: Douglas Santos @douglas.img
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