Tony Martin atuou como vocalista do Black Sabbath por quase 10 anos. Com a difícil tarefa de substituir nomes como Ozzy Osbourne, Ronnie James Dio e Ian Gillan, o cantor comandou as vocais na banda entre 1987 e 1991 e, depois, de 1993 a 1997. Ao relembrar o início de sua passagem, ele confessa que sentiu-se sabotado em relação aos shows.
Isso porque, segundo o próprio, a esposa e empresária de Ozzy, Sharon Osbourne, marcava as apresentações do marido nas mesmas cidades do grupo. Assim, devido à baixa venda de ingressos, a turnê que começou nos Estados Unidos em maio de 1989 divulgando o álbum “Headless Cross” (1989), o segundo com sua participação, precisou ser cancelada após oito compromissos.
Em compensação, Ozzy crescia com sua carreira solo em território americano e aproveitou para, no mesmo ano, excursionar com a “No Rest for the Wicked Tour”. Analisando o itinerário disponível no Setlist.fm, de fato, os artistas tocaram em locais como Nova York, Columbia e Portland em períodos bem próximos — ainda que não nas mesmas datas exatas.
Na opinião de Martin, essa era uma maneira de dividir o público que tinha preferência pelo Príncipe das Trevas, como explicou na nova edição impressa da revista Classic Rock (via Guitar):
“Todas as noites, Sharon colocava Ozzy nas mesmas cidades em que estávamos marcados para tocar. Eles queriam dividir os fãs e deu certo. Não posso afirmar com certeza que [a atitude] foi algo calculado, mas eles foram poderosos o suficiente. Eles não gostaram do fato de que estávamos em turnê e sendo meio bem-sucedidos.”
Sharon Osbourne e alegada sabotagem ao Black Sabbath
Em entrevista de 2021 à Rolling Stone, o baixista Neil Murray se recordou de seu passado como parte do Black Sabbath — justamente entre 1989 e 1990 e de 1994 até 1997, que coincide com boa parte da fase de Tony Martin.
No bate-papo, ele resgatou o boato de que Sharon Osbourne estava boicotando os shows da banda. Apesar de não afirmar com toda a certeza que a empresária realmente fazia algo contra o grupo, deixou no ar a possibilidade ao relembrar do rumor.
“Em nosso campo, havia muita conversa de que Sharon Osbourne estava por trás de sabotar a divulgação de nossos shows. Ouvi falar que ela contratou gente para colocar adesivos de ‘cancelado’ em pôsters de shows do Black Sabbath quando, na verdade, não estava cancelado. Era esse tipo de coisa.”
Posteriormente, em outro momento, Murray refletiu sobre a aceitação de Martin enquanto vocalista do Sabbath. Diferentemente, atribuiu a turnê cancelada nos Estados Unidos à baixa divulgação.
“Na turnê que eu entrei para a banda, em 1989, muitos shows tiveram de ser cancelados (nos Estados Unidos). Parte disso porque a gravadora não fazia grande divulgação. O Sabbath não era conhecido na época, as pessoas não sabiam quem estava na banda, devido às várias mudanças na formação. […] Mas em outros territórios, especialmente Alemanha, aceitaram muito bem a banda com Tony Martin.”
A opinião da empresária
Já em entrevista de 2020 ao podcast de Steve-O, com transcrição do Ultimate Guitar, Sharon Osbourne opinou sobre essa “era Tony Martin” e os problemas no entorno dela. O entrevistador descreveu a fase como quando “eles realmente não iam muito bem”, com a empresária, em seguida, elaborando:
“Sim, eles ficavam chamando todos aqueles caras diferentes. Toda semana, tinha alguém novo na formação.”
Isso colaborou com que, de acordo com Sharon, o Sabbath cometesse seu maior erro. Ela disse:
“Eles estavam indo mal e pegando shows ruins, abrindo para alguém. Não eram mais a atração principal (headliner).”
Para a manager, é “muito humilhante” ter que deixar de ser atração principal para abrir o show de alguém.
“Sempre que você deixa o posto de headliner para ficar abaixo, na turnê de outro artista… sendo que por tanto tempo a turnê era deles, eles eram a atração principal. Isso é muito humilhante.”
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