Para Kirk Hammett, a nova geração apresenta ótimos guitarristas. Em contrapartida, o integrante do Metallica também afirma que, apesar da qualidade, muitas das vezes tais instrumentistas priorizam apenas tocar várias notas por segundo, inferiorizando outros aspectos. No entanto, um guitarrista em específico o deixou realmente impressionado.
Ao New York Times (via Guitar World), o veterano elogiou Mdou Moctar, de 39 anos. Nascido no Níger, país da África Ocidental, o músico em questão é conhecido por combinar música tuareg com um estilo influenciado por Jimi Hendrix.
Nas palavras do próprio Hammett, o colega de profissão mostra certa singularidade. Por isso, seus trabalhos soam diferentes quando comparados aos de guitarristas ocidentais.
Ele declarou:
“Nós, guitarristas do Ocidente, usamos como base o mesmo vocabulário e tocamos sempre o mesmo punhado de licks estereotipados. Mas a música de Mdou é quase livre dessas coisas. E, por isso, soa mais espontânea. Soa como uma novidade. É incrível.”
Sobre Mdou Moctar
De origem tuaregue, Mdou Moctar nasceu no vilarejo de Tchintabaraden, no Níger, país que fica na África Ocidental. Cresceu na zona rural e construiu sua própria guitarra com latas de sardinha, cabos de bicicleta e madeira sobressalente. Aprendeu a tocar em segredo, para não ofender seus pais, que reprovavam qualquer tipo de música feita com instrumentos elétricos.
Lançou em 2008 seu primeiro álbum, “Anar”, gravado na Nigéria. A obra se tornou popular através de arquivos MP3 compartilhados via Bluetooth no Níger. A compilação “Music from Saharan Cellphones: Volume 1” (2011), com vários músicos da África Ocidental e Subsaariana, tornou seu trabalho popular internacionalmente.
Desde então, o músico gravou mais cinco discos. O mais recente, “Funeral for Justice”, sai no próximo dia 3 de maio pela Matador Records. Esteve no Brasil ano passado, para apresentação no festival C6 Fest, em São Paulo. A cobertura pode ser conferida clicando aqui.
Mdou Moctar e “Funeral for Justice”
Como mencionado, o músico anunciou o lançamento de um novo álbum de estúdio para 3 de maio, via Matador Records. “Funeral for Justice” conta com 9 faixas e sucede o elogiado “Afrique Victime”, disponibilizado em 2021.
A formação ainda traz o guitarrista rítmico Ahmoudou Madassane, o baterista Souleymane Ibrahim e o baixista Mikey Coltun – este último também responsável por assinar a produção do trabalho.
No material promocional, Mdou declara:
“Este álbum é realmente diferente para mim. Agora, os problemas da violência terrorista estão ainda mais graves em África. Quando os Estados Unidos e a Europa chegaram aqui, disseram que iriam nos ajudar, mas o que vemos é realmente diferente. Eles nunca se preocuparam em encontrar uma solução.”
Golpe militar no Níger
Ano passado, Mdou e os integrantes de sua banda ganharam as notícias internacionais após serem exilados de seu país natal após um golpe militar ter derrubado o presidente eleito democraticamente.
As fronteiras do Níger foram fechadas – assim como instituições financeiras – e grupo ficou preso nos Estados Unidos sem ter como se manter temporariamente. A renda de turnê era toda enviada para as famílias dos artistas na África.
Através de um crowdfunding, fãs levantaram mais de US$ 110 mil para cobrir moradia de emergência, comida, custos de viagem e possíveis despesas de saúde.
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