Billie Eilish não gosta quando artistas lançam um mesmo disco em várias edições diferentes de vinil. Apesar de já ter adotado a prática anteriormente, a cantora acredita que o comportamento colabora para um problema muito maior, que vai além da música.
O assunto surgiu durante entrevista com a Billboard. De início, Maggie Baird, sua mãe, destacou para o veículo como a filha olha para a sustentabilidade em todos os aspectos da carreira — desde as roupas em que usa, até justamente os produtos que comercializa.
Então, a conversa seguiu para o campo das mídias físicas. Ao lançar o álbum “Happier Than Ever” (2021), Eilish disponibilizou variantes distintas ao público. Cada LP era composto de material 100% reciclado, obtido a partir de sucatas, enquanto as embalagens vieram da cana de açúcar.
Na visão da artista, é impossível não preocupar-se com a questão ambiental atualmente. Por isso, ela diz repudiar quem coloca tantas opções de um mesmo projeto disponíveis no mercado visando o lucro e desempenho nas paradas, sem priorizar o aspecto sustentável.
Primeiramente, afirmou:
“Vivemos em uma época em que, por algum motivo, é muito importante para alguns artistas fazer todos os tipos de vinis e edições diferentes… o que aumenta as vendas, aumenta os números e dá mais dinheiro. Não consigo nem expressar para vocês o quanto isso é um desperdício. Está bem na frente da nossa cara e as pessoas estão desviando do problema.”
Em seguida, mencionou que alguns dos “maiores artistas do mundo” utilizam-se do método, optando por não citar nenhum nome diretamente:
“Alguns dos maiores artistas do mundo fazem a m#rda de 40 edições de vinil com coisas diferentes só para fazer você continuar comprando mais. É um desperdício tão grande, me irrita que ainda estejamos em um ponto em que as pessoas se importam tanto com números e em ganhar dinheiro – e todos os seus artistas favoritos fazem isso. Eu estava assistindo ‘Jogos Vorazes’ e pensei sobre isso, porque é assim que as coisas funcionam. Só mostra a maneira bagunçada que a indústria trabalha.”
Retratação
Após a declaração, Billie Eilish causou polêmica nas redes sociais. Isso porque certos fãs entenderam que a cantora mandou uma indireta para Taylor Swift — cujo próximo álbum, “The Tortured Poets Department”, sai no dia 19 de abril em quatro variantes diferentes além da padrão.
Sendo assim, a artista veio a público explicar novamente seu posicionamento. Nos Stories do Instagram, escreveu:
“Seria incrível se as pessoas parassem de colocar palavras na minha boca e realmente lessem o que eu disse naquela matéria da Billboard. Eu não mencionei ninguém, essas são questões sistêmicas de toda a indústria. Muitos artistas lançam diferentes versões de vinil, incluindo eu, o que deixei claro na entrevista. A crise climática está acontecendo agora e é sobre todos nós sermos parte do problema e tentarmos melhorar.”
Opinião de Sean Ono Lennon
Sean Ono Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono, discorda da opinião de Billie Eilish. Por meio do X/Twitter (via Rock Celebrities), o músico indicou que o mercado de vinis hoje em dia é muito pequeno quando comparado ao streaming. Ainda, que outros comportamentos rotineiros da sociedade prejudicam muito mais o meio ambiente do que o consumo de mídia física.
“A indústria fonográfica do vinil é uma pequena sombra do que já foi. LPs não são plásticos descartáveis, que você utiliza uma única vez. Tenho discos feitos pela empresa Edison [extinta em 1928] que ainda tocam. Todo mundo que está reclamando de discos de vinil por causa do aspecto ambiental também está prejudicando o ambiente com seus celulares, seus computadores, suas calças jeans, seus tênis e todo resto.”
Por fim, também sem citar qualquer nome, deixou claro que não tem nada contra quem emitiu a declaração:
“Não quero desrespeitar ninguém diretamente. A artista que falou sobre isso é brilhante e talentosa na música. Na verdade, eu a amo muito. Mas voltar-se contra um nicho de mercado minúsculo em uma indústria dominada pelos serviços de streaming não é grandioso como você acha que é. Nós literalmente só temos um pequeno número de fábricas em todo o mundo que conseguem fabricar vinil. Deixem os boomers em paz. Gostamos que a nossa música soe bem. Deixem que a gente tenha nossos álbuns fisicamente.”
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