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Anthrax dá aula magna de thrash metal no Summer Breeze Brasil

Com o fundador Dan Lilker no baixo e participação de Andreas Kisser, banda mostra ainda dominar a arte de levar seu público ao limite físico da empolgação

A apresentação do Summer Breeze 2024 seria só mais uma, a oitava, passagem do Anthrax pelo Brasil. Até a participação ainda especial do arroz-de-festa Andreas Kisser que rolou no domingo (28) não seria uma novidade.

Por problemas pessoais, porém, o baixista Frank Bello não pôde vir. Para seu lugar, a banda convidou Dan Lilker, não apenas um membro-fundador da lenda nova-iorquina do thrash metal, como um ícone por si só.

- Advertisement -
Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Não que o Anthrax precise de qualquer aditivo para fazer um show especial. Quando o tema de introdução de show dos Blues Brothers terminou e o sistema de som reproduziu a abertura de “Among the Living”, o grau de ansiedade tomou conta até da normalmente morosa e sempre estreita pista premium, com o pessoal abarrotado abrindo espaço do jeito que dava para as rodas.

No restante da pista do Memorial da América Latina, fez-se o pandemônio, com sinalizador e tudo, quando o guitarrista Scott Ian soltou o riff inicial da clássica faixa-título de seu principal disco, seguida por “Caught in a Mosh” e “Madhouse”. Início de show para provar que o público da velha guarda metálica predominante no domingo do Summer Breeze não tinha sido vencido pelo calor da tarde e ainda tinha lenha para queimar após apresentações de Torture Squad, Overkill, Ratos de Porão, Carcass e Death Angel no mesmo dia.

Infelizmente, o repertório apresentado não trouxe nada surpreendente do primeiro disco, “Fistful of Metal” (1984), registrado ainda por Dan Lilker. Não é também como se ver o grandalhão baixista, imponente no palco, palhetando sem dó na veloz “Metal Thrashing Mad” fosse algo que qualquer fã do Anthrax sequer desejasse até semanas atrás.

No resto, foi felizmente “apenas” o Anthrax como sempre é: pancadaria divertida, com seu thrash metal com mais cara de HQ das boas do que de telejornalismo pretensioso. Ninguém ali no Memorial da América Latina queria algo senão cantar junto com o elétrico Joey Belladona refrãos cativantes como o de “Efilnikufesin (N.F.L.)”, ou correr pela pista como Ian fazia pelo palco no ritmo ditado por Charlie Benante na bateria.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Difícil dizer se alguém notou a presença do competente Jonathan Donais executando os solos, mas quando Andreas Kisser subiu ao palco, causou gritos ovacionando o Sepultura na pista. O guitarrista brasileiro, que já se apresentou com o Anthrax substituindo Ian em shows do Big Four em 2011, dessa vez foi chamado ao palco pelo mestre-riffeiro enquanto Benante brincava com a introdução de “Ratamahatta” e manteve o frenesi em alta ao tocar o clássico “I Am the Law”.

Com tanta pancadaria durante uma hora e meia, músicas mais cadenciadas serviram como um momento para retomar o fôlego; casos de “Keep it in the Family” e “In the End” — dedicada, como sempre, a Ronnie James Dio e Dimebag Darrell —, além dos riffs primorosos, mas não tão rápidos, da empolgante “Medusa”. O Anthrax domina como poucos a arte de levar seu público ao limite físico da empolgação.

Como Belladonna faz ao puxar coros para os covers de “Antisocial” (Trust) e “Got the Time” (Joe Jackson), já tão incorporados ao repertório do Anthrax que ninguém nem se lembra de suas versões originais. Após a devastadora “A.I.R”, ao encerrar o show com “Indians”, outro hino do thrash metal, Benante parou a “dança da guerra” de sua parte intermediária inconformado com a reação do público. Scott Ian parabenizou a galera ensandecida nas rodas e pediu para que o resto do público agitasse também. Missão dada, missão cumprida.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Tendo feito mini citações a clássicos do metal ao longo da apresentação, Joey Belladonna se despediu mandando à capella o refrão de “Long Live Rock’n’Roll” como senha para o sistema de som executar a clássica faixa do Rainbow. Após mais uma aula magna de thrash metal, vida longa ao Anthrax.

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Anthrax — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024

Repertório:

  1. Among the Living
  2. Caught in a Mosh
  3. Madhouse
  4. Metal Thrashing Mad
  5. Efilnikufesin (N.F.L.)
  6. Keep It in the Family
  7. Antisocial (cover de Trust)
  8. I Am the Law (participação de Andreas Kisser)
  9. In the End
  10. Medusa
  11. Got the Time (cover de Joe Jackson)
  12. A.I.R.
  13. Indians
Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox
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Thiago Zuma
Thiago Zuma
Formado em Direito na PUC-SP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Thiago Zuma, 43, abandonou a vida de profissional liberal e a faculdade de História na USP para entrar no serviço público, mas nunca largou o heavy metal desde 1991, viajando o mundo para ver suas bandas favoritas, novas ou velhas, e ocasionalmente colaborando com sites de música.

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A apresentação do Summer Breeze 2024 seria só mais uma, a oitava, passagem do Anthrax pelo Brasil. Até a participação ainda especial do arroz-de-festa Andreas Kisser que rolou no domingo (28) não seria uma novidade.

Por problemas pessoais, porém, o baixista Frank Bello não pôde vir. Para seu lugar, a banda convidou Dan Lilker, não apenas um membro-fundador da lenda nova-iorquina do thrash metal, como um ícone por si só.

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Não que o Anthrax precise de qualquer aditivo para fazer um show especial. Quando o tema de introdução de show dos Blues Brothers terminou e o sistema de som reproduziu a abertura de “Among the Living”, o grau de ansiedade tomou conta até da normalmente morosa e sempre estreita pista premium, com o pessoal abarrotado abrindo espaço do jeito que dava para as rodas.

No restante da pista do Memorial da América Latina, fez-se o pandemônio, com sinalizador e tudo, quando o guitarrista Scott Ian soltou o riff inicial da clássica faixa-título de seu principal disco, seguida por “Caught in a Mosh” e “Madhouse”. Início de show para provar que o público da velha guarda metálica predominante no domingo do Summer Breeze não tinha sido vencido pelo calor da tarde e ainda tinha lenha para queimar após apresentações de Torture Squad, Overkill, Ratos de Porão, Carcass e Death Angel no mesmo dia.

Infelizmente, o repertório apresentado não trouxe nada surpreendente do primeiro disco, “Fistful of Metal” (1984), registrado ainda por Dan Lilker. Não é também como se ver o grandalhão baixista, imponente no palco, palhetando sem dó na veloz “Metal Thrashing Mad” fosse algo que qualquer fã do Anthrax sequer desejasse até semanas atrás.

No resto, foi felizmente “apenas” o Anthrax como sempre é: pancadaria divertida, com seu thrash metal com mais cara de HQ das boas do que de telejornalismo pretensioso. Ninguém ali no Memorial da América Latina queria algo senão cantar junto com o elétrico Joey Belladona refrãos cativantes como o de “Efilnikufesin (N.F.L.)”, ou correr pela pista como Ian fazia pelo palco no ritmo ditado por Charlie Benante na bateria.

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Difícil dizer se alguém notou a presença do competente Jonathan Donais executando os solos, mas quando Andreas Kisser subiu ao palco, causou gritos ovacionando o Sepultura na pista. O guitarrista brasileiro, que já se apresentou com o Anthrax substituindo Ian em shows do Big Four em 2011, dessa vez foi chamado ao palco pelo mestre-riffeiro enquanto Benante brincava com a introdução de “Ratamahatta” e manteve o frenesi em alta ao tocar o clássico “I Am the Law”.

Com tanta pancadaria durante uma hora e meia, músicas mais cadenciadas serviram como um momento para retomar o fôlego; casos de “Keep it in the Family” e “In the End” — dedicada, como sempre, a Ronnie James Dio e Dimebag Darrell —, além dos riffs primorosos, mas não tão rápidos, da empolgante “Medusa”. O Anthrax domina como poucos a arte de levar seu público ao limite físico da empolgação.

Como Belladonna faz ao puxar coros para os covers de “Antisocial” (Trust) e “Got the Time” (Joe Jackson), já tão incorporados ao repertório do Anthrax que ninguém nem se lembra de suas versões originais. Após a devastadora “A.I.R”, ao encerrar o show com “Indians”, outro hino do thrash metal, Benante parou a “dança da guerra” de sua parte intermediária inconformado com a reação do público. Scott Ian parabenizou a galera ensandecida nas rodas e pediu para que o resto do público agitasse também. Missão dada, missão cumprida.

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Tendo feito mini citações a clássicos do metal ao longo da apresentação, Joey Belladonna se despediu mandando à capella o refrão de “Long Live Rock’n’Roll” como senha para o sistema de som executar a clássica faixa do Rainbow. Após mais uma aula magna de thrash metal, vida longa ao Anthrax.

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.

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  1. Among the Living
  2. Caught in a Mosh
  3. Madhouse
  4. Metal Thrashing Mad
  5. Efilnikufesin (N.F.L.)
  6. Keep It in the Family
  7. Antisocial (cover de Trust)
  8. I Am the Law (participação de Andreas Kisser)
  9. In the End
  10. Medusa
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  12. A.I.R.
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