Espólio de Sinéad O’Connor exige que Trump pare de usar “Nothing Compares 2 U”

Representantes da falecida cantora irlandesa entendem que ela se sentiria “enojada, magoada e insultada” com a associação

O espólio de Sinéad O’Connor pediu que Donald Trump pare de usar a versão da cantora para “Nothing Compares 2 U”, composição de Prince, em seus comícios de campanha. O ex-presidente dos Estados Unidos, que irá se candidatar ao pleito neste ano, tocou a música como trilha recentemente durante eventos em Maryland e na Carolina do Norte.

Em uma declaração repercutida pela revista Variety, os representantes da cantora irlandesa falecida em 2023 e da gravadora Chrysalis Records exigiram que Trump parasse de executar a canção imediatamente.

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Diz o comunicado:

“Ao longo de sua vida, é sabido que Sinéad O’Connor viveu de acordo com um código moral feroz definido pela honestidade, bondade, justiça e decência para com seus semelhantes. Foi com indignação que soubemos que Donald Trump tem usado a sua performance icônica de ‘Nothing Compares 2 U’ em comícios políticos. Não é exagero dizer que Sinéad teria ficado enojada, magoada e insultada se o seu trabalho fosse deturpado desta forma por alguém a quem ela própria se referia como um ‘demônio bíblico’. Como guardiões do seu legado, exigimos que Donald Trump e seus associados parem imediatamente de usar a canção.”

O’Connor definiu Trump como “demônio bíblico” em entrevista de 2020 à Hotpress. Na ocasião, ao ser perguntada sobre o atual presidente americano, Joe Biden, que à época era candidato e venceria o empresário, a saudosa artista irlandesa afirmou:

“Olha, Biden é muito doce, legal e tudo o mais, mas nos Estados Unidos é tudo uma questão de testosterona. O candidato tem que ter mais testosterona que Trump. Infelizmente, Biden não tem. Precisamos descobrir se Kamala (Harris, vice-presidente) tem. A pessoa que deveria ter concorrido é Andrew Cuomo. Ele tem mais testosterona do que Trump jamais imaginou. Mas, sim, o problema é que é tudo bombástico e cheio de testosterona. Então, nesse aspecto não parece bom. Se eu fosse Rastafari, estaria olhando para o Livro do Apocalipse e dizendo que esse cara (Trump) é o verdadeiro demônio bíblico. Nesse caso, esse filho da p#ta terá mais quatro anos no cargo.”

Ainda este ano, Johnny Marr se manifestou por conta do uso de uma música do The Smiths por parte do pré-candidato republicano. Após um usuário do X/Twitter ter publicado vídeo onde “Please, Please, Please Let Me Get What I Want” era tocada antes de um comício em Rapid City, Dakota do Sul, o músico reagiu compartilhando e dizendo:

“Ahh… certo… ok. Nunca em 1 milhão de anos eu pensaria que isso pudesse acontecer. Considere esta m#rda cancelada já.”

Donald Trump vs. Artistas

Donald Trump é frequentemente acusado por músicos de usar canções em seus comícios sem a devida permissão. Enquanto alguns entram na Justiça para impedi-lo de fazer isso, outros já declararam apoio a adversários e o criticaram de forma mais direta. No caso de artistas falecidos, familiares e responsáveis pela obra de também já se manifestaram contra o uso de composições deles.

Entre os nomes que já tiveram problemas com o ex-presidente americano estão Adele, Aerosmith, o espólio de George Harrison (Beatles), Bruce Springsteen, John Fogerty (Creedence Clearwater Revival), Elton John, Axl Rose (Guns N’ Roses), os representantes de Leonard Cohen, Linkin Park, Nickelback, Neil Young, o legado de Luciano Pavarotti, Ozzy Osbourne, o espólio de Prince, Brendon Urie (Panic! At the Disco), Pharrell Williams, R.E.M., Brian May (Queen), Rihanna, os representantes de Tom Petty, Rolling Stones, Victor Willis (Village People) e The White Stripes.

Por que o uso continua

A questão é: por mais que esses artistas entrem na Justiça contra Donald Trump, sua campanha negocia com empresas que possuem direitos sobre todo ou parte do catálogo dos músicos. Com isso, ele segue utilizando o trabalho de pessoas que muitas vezes não concordam com suas visões políticas.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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