Líder do Rotting Christ relembra censura de Dave Mustaine à banda

Em 2005, líder do Megadeth pediu que o grupo fosse retirado do lineup de um festival por conta de suas convicções religiosas

No ano de 2005, Dave Mustaine ameaçou não levar o Megadeth a um festival em Atenas, Grécia, por conta de duas bandas presentes no lineup. Para o vocalista e guitarrista, tocar com o Rotting Christ e o Dissection iria contra seus valores como cristão, dado o conteúdo lírico dos dois grupos.

Como a corda sempre estoura do lado mais fraco, o músico acabou ganhando a queda de braço. À época, outros artistas da cena metal se manifestaram contra a censura imposta, assim como pelo fato de os promotores locais terem cedido às exigências.

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Em recente entrevista ao Blabbermouth, Sakis Tolis refletiu sobre como se sente em relação ao ocorrido quase 20 anos depois. O frontman do Rotting Christ disse:

“Sabe de uma coisa, sou o tipo de pessoa que não é violenta. É preciso muito para me ofender. Mustaine tem o direito de fazer o que quiser. Não gostei da ideia. Não gosto de censura, tenho minhas próprias ideias sobre isso. Eu nunca censuraria alguém. Jamais faria o mesmo, especialmente na cena do metal. Somos headbangers. Escolhemos nosso próprio caminho. É contra a sociedade, o sistema e tudo mais. Se alguém da comunidade do metal age assim, eu não dou a mínima, mas não vou respeitá-lo. Isso é tudo. Nunca direi mais nada sobre ele.”

O entrevistador ainda enfatizou o fato de que o músico não fez grande alarde à época, mesmo sabendo que isso poderia lhe garantir bastante espaço na mídia. Tolis reagiu:

“Não. Nunca. Para ser honesto, só quero ser eu mesmo. O que você vê no Rotting Christ é 100% nós. Você conhece nossas ideias sobre religião. Conhece nosso modo de vida. Você sabe tudo. Eu nunca poderia agir de forma egoísta. Não é disso que tratamos.”

A versão de Dave Mustaine

Em 2014, Dave Mustaine relembrou o fato em entrevista a uma rádio de Israel. Conforme transcrição do Blabbermouth, ele explicou:

“Bem, a verdade é que quando coloquei minha vida em ordem pela primeira vez, em 2002… tive uma lesão grave no braço e, quando minha carreira parou, isso me fez realmente adotar um olhar severo para tudo. Queria ter certeza de não tocar com nenhuma banda que tenha viciados, porque não posso ficar perto de caras que usam heroína por causa da tentação e porque estou tentando ter algo em minha vida que seja um poder maior do que eu, para que eu possa voltar à forma. Não quero andar com caras que serão perigosos para mim espiritualmente, porque acabei de decidir que começaria a seguir um caminho espiritual. Achei que não queria voltar… porque eu gostava de bruxaria, magia negra e coisas assim, então eu sei sobre essas coisas.

E eu pensei, quer saber? Só vou tentar evitar essas coisas. Nunca disse que odiava alguém, só não queria tocar com eles. O pôster do evento estava escrito em fonte hebraica, ou escrita, como você chama, e então vi a banda Dissection e pensei: ‘Bem, esse é um nome legal. ‘ E eu pesquisei e disse, ‘Uh-oh.’ Então eu disse ao promotor: ‘Olha, não podemos tocar. Não vamos tocar naquele festival. Eu nunca disse: ‘Expulse-os’. Esse foi o erro do promotor. O promotor os expulsou. Já é bastante difícil conseguir shows, então eu nunca expulsaria uma banda de um.”

Em relação específica ao Rotting Christ, o ex-Metallica argumentou:

“Eles tinham um nome que era meio ofensivo para mim. Mas, você sabe, isso é uma coisa pessoal. Não tem nada a ver com a banda deles, com a qualidade da música ou com eles como pessoas.”

Rotting Christ no Brasil

Recentemente, o Rotting Christ passou pelo Brasil mais uma vez. A banda grega possui uma longa e passional relação com o país, o qual Sakis já declarou abertamente ser um de seus lugares favoritos no mundo.

Resenhas dos shows de São Paulo e Brasília podem ser conferidas clicando aqui e aqui, respectivamente.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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