No último sábado (23), o Planet Hemp tocou no festival URB Music Tour 2024, realizado em Criciúma, em Santa Catarina. Antes mesmo da banda subir ao palco, a apresentação já era comentada devido às declarações do prefeito local Clésio Salvaro.
O político ameaçou interromper a performance caso, em seu ver, houvesse “apologia às drogas”. Em vídeo postado nas redes sociais, ele apareceu ao lado de um funcionário da prefeitura, chamado Gilberto Nascimento, que portava um alicate para ilustrar a questão.
Ao longo do registro, afirmou que “[se acontecer] qualquer coisa que mexa com nossos meninos e as nossas meninas, o Gilberto está autorizado para cortar a energia”. Ainda acrescentou que o evento era destinado às “famílias de bem”, sem especificar o que define uma família do tipo. Relembre no vídeo abaixo.
Dessa forma, a banda — que se apresentou normalmente — decidiu brincar com toda a situação. O início do show trouxe imagens no telão do próprio Gilberto percorrendo os corredores do local com um alicate na mão, enquanto o vocalista Marcelo D2 “implorava” para que o profissional não cortasse a energia, ironizando o posicionamento de Clésio.
Veja o vídeo abaixo:
Depois, o também vocalista BNegão ainda publicou uma selfie ao lado do funcionário no perfil oficial do Planet Hemp. Na legenda, escreveu:
“Gilberto era nosso fechamento o tempo todo.”
Sobre o URB Music Tour 2024
Além do Planet Hemp, Criolo, Dandara Manoela e Beto Cardoso integraram a programação do festival, organizado pela Plataforma STU, cujo intuito é “conectar e potencializar todos os movimentos do skate”. Antes marcado para ocorrer no Parque Municipal Prefeito Altair Guidi (Parque Centenário), o evento de música urbana aconteceu no Country Park Fest.
Histórico do Planet Hemp
Ao longo de sua carreira, o Planet Hemp sofreu diversas maneiras de repressão. Por exemplo, em novembro de 1997, os integrantes acabaram presos após um show no Minas Brasília Tênis Clube. A acusação da polícia é de que realizavam apologia ao uso de drogas em suas letras.
À época, artistas como Cássia Eller, Gilberto Gil, Marisa Monte e Tom Zé defenderam os músicos. Juntos, assinaram um manifesto a favor dos colegas, que dizia (via O Globo):
“Os artistas do Planet Hemp estão presos por expressarem sua opinião através de suas músicas. Já vimos esse enredo antes. E, como antes, não vamos ficar calados diante desta agressão à liberdade. O coro da censura e da repressão desafina com as aspirações de democracia e de liberdade.”
Depois de cinco dias, os artistas foram soltos. Ainda assim, havia uma promessa de que a Polícia Federal enviaria agentes para vistoriar todas as próximas apresentações da banda. Por isso, o vocalista Marcelo D2 afirmou:
“Essa prisão só reforça o que a gente já canta. Prova que estamos no caminho certo ao questionar a hipocrisia social e exercer o direito à opinião. Somos pessoas honestas e vamos agir dentro da lei. Sabemos que as drogas fazem mal e não fazemos apologia ao uso. Esperamos ter contribuído para o debate, não apenas da legalização da maconha, mas também sobre a liberdade de expressão.”
No mesmo ano, conforme publicado pela Folha de S. Paulo, um juiz proibiu que menores de 18 anos assistissem ao show do grupo no Recife, sob a justificativa de que os membros faziam “apologia do uso da maconha, substância vegetal de uso proscrito, ilícito e proibido no Brasil”. Já em Brasília, a Polícia Civil enviou cartas a rádios e boates banindo a execução de músicas do Planet Hemp em todo o Distrito Federal.
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QUERO A MESMA AÇÃO DO GENIAL GILBERTO GIL (E SUA TRUPE) À SENSURA ACIRRADA QUE ESTÁ HAVENDO. HÁ PESSOAS PRESAS, E INVESTIGADAS, POR EMITIREM SUAS OPINIÕES, E SEM APOLOGIA ÀS DROGAS OU QUALQUER DROGA QUE SEJA.
E AÍ, “IMORTAL” GILBERTO GIL??? VAI PROTESTAR CONTRA ISSO TAMBÉM?! VAI REPETIR O GRANDE CAETANO VELOSO (E CADÊ ELE, PARA PROTESTAR CONTRA A CENSURA EXPLÍCITA QUE VIVEMOS?), COM O *”É PROIBIDO PROIBIR”?*
CARAS, CHEGA DE DEMAGOGIA E HIPOCRISIAS. VOCÊS TRABALHAM COM “DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS”.