Realizado em Roma, Nova York, entre os dias 22 e 25 de julho de 1999, o Woodstock ’99 foi pensado para resgatar a vibe “paz e amor” do famoso festival de 1969. Acabou por conseguiu exatamente o oposto. O evento foi marcado por destruição generalizada, abusos sexuais e três mortes. E embora a confusão tenha escalado por uma série de fatores, o vocalista Fred Durst, do Limp Bizkit, é frequentemente acusado de ter incitado o já irritado público.
A banda de nu metal se apresentou no terceiro dos quatro dias, sendo a atração principal do East Stage depois de um line-up não muito próximo de sua sonoridade. Antes deles, tocaram Dave Matthews Band e Alanis Morissette. Enquanto isso a organização do festival já ia mal desde o segundo dia, por problemas de infraestrutura e calor extremo.
O ápice do tumulto aconteceu durante o set do Limp Bizkit, mais especificamente durante a música “Break Stuff”. Na ocasião, o frontman Fred Durst foi orientado pela organização mais de uma vez a acalmar o público — e até tentou faze-lo, mas talvez não da melhor forma.
Durante o show, o vocalista disse, conforme transcrito pelo livro “Limp Bizkit”, de Colin Devenish:
“Eles querem nos pedir para pedir a vocês para relaxar um pouco. Eles dizem que muitas pessoas estão se machucando. Não deixem ninguém se machucar, mas não acho que devam relaxar. Relaxar? Isso é o que Alanis Morissette fez com vocês. Se alguém cair, levanter-o.”
Durst incitou o público em outros momentos da apresentação e chegou a “surfar” sobre um dos tapumes arrancados das instalações do evento, algo que muitos fãs estavam fazendo. Na saída, ele foi recebido por policiais.
A opinião de Fred Durst
O frontman do Limp Bizkit sempre negou ter incitado a plateia naquele dia. Em entrevista da época, Fred Durst afirmou que do palco tudo parecia bem e que estava apenas sentindo a música, se isentando de qualquer culpa.
Ao Washington Post, ele disse:
“Eu não vi ninguém se machucando. Você não consegue ver. Quando você está olhando para um mar de pessoas, o palco está a 6 metros de altura e você está tocando, você está sentindo sua música. Como você pode esperar que vejamos algo ruim acontecendo?”
Durst ainda se referiu ao final do festival, no dia seguinte, quando velas foram distribuídas para serem acesas durante a execução de “Under the Bridge”, no show do Red Hot Chili Peppers. No fim das contas, as velas foram usadas para atear fogo em objetos, complicando ainda mais o caos do dia anterior.
O vocalista do Limp Bizkit afirmou:
“Eles precisavam de alguém para apontar o dedo. Eles precisavam de um bode expiatório. Eles não vão culpar o idiota que deu velas para todo mundo e disse: ‘vamos capturar o momento, eu aposto que todo mundo vai acendê-las e levantá-las’. Depois dessas condições, eles vão queimar tudo? Eles vão queimar tudo.”
Quem estava no Woodstock ’99
Jon Scher, organizador do Woodstock ’99, foi um dos que culpou Fred Durst pelo caos generalizado daquele dia. E outros artistas estavam presentes no show do Limp Bizkit e tiveram reação parecida.
O vocalista Jonathan Davis e o baixista Reginald “Fieldy” Arvizu, ambos do Korn, presenciaram a pancadaria. Embora tenham condenado o Limp Bizkit inicialmente, Davis chegou a afirmar anos depois que não acha que a banda foi o catalisador de tudo aquilo.
Trent Reznor, frontman do Nine Inch Nails, foi ainda mais duro em uma entrevista para a Rolling Stone ainda no mesmo ano:
“Fred Durst pode surfar um pedaço de tapume no meu c*.”
Na defesa do vocalista, está – obviamente – o guitarrista do Limp Bizkit, Wes Borland, bem como o empresário da banda, Peter Katsis. Os dois criticaram a estrutura e a organização do festival, que de fato já tinha problemas antes do grupo subir ao palco.
Documentários sobre Woodstock ’99
Entre 2021 e 2022, HBO e Netflix lançaram documentários contando a história do fatídico festival. A primeira produziu “Woodstock 99: Peace, Love and Rage”, enquanto a segunda disponibilizou “Trainwreck: Woodstock ‘99”.
Os vídeos não contam com a presença de Fred Durst, embora outros artistas que tocaram no evento apareçam. Apesar disso, na época do lançamento, o Limp Bizkit experienciou um breve ressurgimento.
“Break Stuff”, marcada pelos atos de vandalismo no show, voltou às paradas musicais americanas, assim como “My Way”. O grupo liderado por Fred Durst segue em atividade depois de um hiato entre os anos de 2006 e 2009. Seu trabalho mais recente é “Still Sucks”, de 2021.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.