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O significado antirracista de “Blackbird”, música dos Beatles regravada por Beyoncé

Paul McCartney revelou que ao criá-la, inspirou-se em conhecido episódio da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos

Marcado para sair nesta sexta-feira (29), “Cowboy Carter” é o mais novo álbum de Beyoncé e ten uma sonoridade mais voltada para o country. Apesar desta influência do gênero, uma das faixas do novo álbum da cantora se trata de uma releitura de “Blackbird”, canção dos Beatles interpretada por Paul McCartney.

Lançada em 1968 como parte do álbum homônimo do grupo — conhecido como “White Album” —, a música carrega um significado antirracista. Ao concebê-la, McCartney se inspirou em um marcante episódio do movimento que lutou por direitos civis nos Estados Unidos, visando o fim da discriminação racial.

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Beyoncé ainda não se manifestou sobre a escolha da faixa para sua releitura, nem a respeito de qualquer temática por trás de “Cowboy Carter”. No entanto, é habitual que a artista aborde questões raciais em suas obras. Além disso, o novo álbum seria uma forma de trazer luz às origens negras do country, ignoradas conforme o gênero se tornava mais popular.

O disco anterior, “Renaissance”, teve ideia similar ao exaltar que a house music veio da comunidade negra. Portanto, é possível que a temática antirracista de “Blackbird” tenha colaborado para a entrada no disco. Conheça a história.

Como “Blackbird” foi criada

“Blackbird” foi escrita por Paul McCartney com uma pequena contribuição de John Lennon — como habitual entre as criações dos Beatles, acabou creditada a Lennon/McCartney. Ao explicar o significado da composição, Macca revelou que se inspirou nos cantos de um pássaro preto durante a famosa época em que os Beatles estudaram meditação transcendental na Índia.

Ao mesmo tempo, o músico revelou que ela também era uma espécie de hino antirracista em resposta ao episódio conhecido como os Nove de Little Rock (Little Rock Nine). Em entrevista à GQ (via American Songwriter), McCartney — que é inglês, mas estava nos Estados Unidos na época — contou sobre a criação:

“Estava sentando com meu violão e aí, escutei sobre os problemas do movimento civil que ocorreram nos anos 60 no Alabama, Mississippi e Little Rock, em particular. Eu apenas pensei que seria muito bom se pudesse escrever algo que conseguisse alcançar as pessoas que enfrentavam esse problema como uma forma de dar a elas um pouco de esperança. Foi aí que escrevi ‘Blackbird’.”

Em 2018, o músico também comentou que o nome “Blackbird” (“pássaro preto”) deve ser interpretado como uma “black girl” (ou “garota negra”, em tradução direta).

O episódio dos Nove de Little Rock

O mencionado episódio dos Nove de Little Rock ocorreu em 1957, na cidade de Little Rock, capital do estado americano do Arkansas.

Historicamente, o Arkansas — localizado no sul dos Estados Unidos — foi um dos estados na Guerra Civil Americana que defendia a manutenção da escravidão. Mesmo com a derrota para os rivais que estavam ao norte, o problema do racismo persistiu e a população negra era constantemente segregada da branca.

Em 1954, a Suprema Corte dos Estados Unidos julgou que leis estaduais que defendessem a segregação racial em escolas eram inconstitucionais. Um ano mais tarde, a Little Rock Central High School, colégio de ensino médio da capital do estado, criou um plano para obedecer a determinação e aceitar estudantes negros a partir de 1957.

Nove alunos foram escolhidos para serem os primeiros do local: Ernest Green, Elizabeth Eckford, Jefferson Thomas, Terrence Roberts, Carlotta Walls LaNier, Minnijean Brown, Gloria Ray Karlmark, Thelma Mothershed e Melba Pattillo Beals. O primeiro dia de aula do ano letivo estava marcado para ocorrer no dia 4 de setembro daquele ano.

No entanto, o governador do Arkansas, Orval Faubus, se recusou a aceitar a determinação da Suprema Corte. O político enviou membros da guarda do estado para impedir a integração dos estudantes negros.

Além disso, uma multidão de pessoas também protestou contra a entrada dos alunos e demonstrou uma grande hostilidade contra eles, o que ficou evidente nos registros fotográficos do episódio.

Elizabeth Eckford, uma das estudantes, tentando entrar na Little Rock School (foto: Johnny Jenkins / United Press / Wikimedia)

Assim que soube do que estava acontecendo, o então presidente americano, Dwight Eisenhower, se utilizou de uma ordem na qual federalizou a guarda estadual. Sem outra escolha, os oficiais obedeceram ao chefe do Executivo nacional e protegeram os estudantes, permitindo a entrada deles na Little Rock Central High School.

Abusos e “Ano Perdido”

Por mais que tivessem ultrapassado essa barreira, os primeiros estudantes negros do colégio sofreram um bocado no início. Eles foram vítimas de diversos abusos verbais e físicos por parte dos alunos brancos ao longo daquele ano.

Melba Pattillo, uma dessas estudantes, revelou que um dia, jogaram ácido em seus olhos. Em outra ocasião, disse que foi presa em um dos banheiros e que alunas brancas tentaram queimá-la, jogando sobre ela pedaços de papel em chamas.

O próprio Orval Faubus não se deu por vencido em sua determinação de impedir a integração de estudantes negros no Arkansas. No ano seguinte, assinou uma lei que fechava todas as escolas públicas no estado.

Para valer, a lei ainda precisaria do respaldo da população por meio de um referendo. Como a maior parte das pessoas também era contra a determinação, Faubus venceu e as escolas públicas do Arkansas ficaram um ano fechadas. Inúmeros estudantes, independente de cor de pele, ficaram sem aulas durante aquele ano letivo.

O episódio ficou conhecido no Arkansas como “O Ano Perdido” e ainda desencadeou uma onda de mais ódio e ataques contra a população negra, considerada “culpada” pela situação na opinião dos brancos.

Paul McCartney e o encontro com duas das estudantes

Dificuldades à parte, o caso envolvendo a escola de Little Rock deu início a um novo momento nos Estados Unidos, que, aos poucos, deixava a segregação racial no passado.

Em 2016, quase 60 anos após o episódio, Paul McCartney conseguiu se encontrar com duas dos nove estudantes do episódio — Thelma Mothershed e Elizabeth Eckford — durante uma passagem por Little Rock para realizar um show.

Em seu perfil no X/Twitter, McCartney fez questão de enaltecer o encontro e reforçar as origens de “Blackbird”.

“Incrível encontrar duas dos Nove de Little Rock, pioneiros do movimento de direitos civis e inspirações para ‘Blackbird’.”

Beatles e a letra de “Blackbird”

Confira abaixo a letra de “Blackbird”, música dos Beatles regravada por Beyoncé em “Cowboy Carter”.

“Pássaro preto cantando na calada da noite
Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar
Toda sua vida
Você só estava esperando por esse momento para se erguer

Pássaro preto cantando na calada da noite
Pegue esses olhos fundos e aprenda a enxergar
Toda sua vida
Você só estava esperando por esse momento para ser livre

Pássaro preto, voe
Pássaro preto, voe
Para a luz da noite escura

Pássaro preto, voe
Pássaro preto, voe
Para a luz da noite escura

Pássaro preto cantando na calada da noite
Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar
Toda sua vida
Você só estava esperando por esse momento para se erguer
Você só estava esperando por esse momento para se erguer
Você só estava esperando por esse momento para se erguer”

Beyoncé e “Cowboy Carter”

“Blackbird” não é a única releitura presente em “Cowboy Carter”. Outra versão presente, esta já comentada até pela autora original, é “Jolene”. A canção de Dolly Parton — lenda do country que, inclusive, se aventurou recentemente pelo rock — foi lançada originalmente em 1973.

De acordo com a Rolling Stone, o álbum é apresentado como uma transmissão pela estação de rádio fictícia do Texas KNTRY. Além de Parton, a tracklist cita nominalmente Willie Nelson e a pioneira do gênero Linda Martell, por conta de interlúdios utilizados.

A lista de convidados inclui Miley Cyrus (em “II Most Wanted”), Post Malone (“Levii’s Jeans”), Shaboozey (“Spaghettii”), Tanner Adell e Willie Jones (em faixas não especificadas).

Confira abaixo a tracklist completa de “Cowboy Carter”.

  1. AMERIICAN REQUIEM
  2. BLACKBIIRD (Beatles)
  3. 16 CARRIAGES
  4. PROTECTOR
  5. MY ROSE
  6. SMOKE HOUR ★ Willie Nelson
  7. TEXAS HOLD ’EM
  8. BODYGUARD
  9. DOLLY P
  10. JOLENE (Dolly Parton)
  11. DAUGHTER
  12. SPAGHETTII (Shaboozey)
  13. ALLIIGATOR TEARS
  14. SMOKE HOUR II
  15. JUST FOR FUN
  16. II MOST WANTED (com Miley Cyrus)
  17. LEVII’S JEANS (com Post Malone)
  18. FLAMENCO
  19. THE LINDA MARTELL SHOW
  20. YA YA
  21. OH LOUISIANA
  22. DESERT EAGLE
  23. RIIVERDANCE
  24. II HANDS II WANTED
  25. TYRANT
  26. SWEET HONEY BUCKIN
  27. AMEN

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Augusto Ikeda
Augusto Ikedahttp://www.igormiranda.com.br
Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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O significado antirracista de “Blackbird”, música dos Beatles regravada por Beyoncé

Paul McCartney revelou que ao criá-la, inspirou-se em conhecido episódio da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos

Marcado para sair nesta sexta-feira (29), “Cowboy Carter” é o mais novo álbum de Beyoncé e ten uma sonoridade mais voltada para o country. Apesar desta influência do gênero, uma das faixas do novo álbum da cantora se trata de uma releitura de “Blackbird”, canção dos Beatles interpretada por Paul McCartney.

Lançada em 1968 como parte do álbum homônimo do grupo — conhecido como “White Album” —, a música carrega um significado antirracista. Ao concebê-la, McCartney se inspirou em um marcante episódio do movimento que lutou por direitos civis nos Estados Unidos, visando o fim da discriminação racial.

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Beyoncé ainda não se manifestou sobre a escolha da faixa para sua releitura, nem a respeito de qualquer temática por trás de “Cowboy Carter”. No entanto, é habitual que a artista aborde questões raciais em suas obras. Além disso, o novo álbum seria uma forma de trazer luz às origens negras do country, ignoradas conforme o gênero se tornava mais popular.

O disco anterior, “Renaissance”, teve ideia similar ao exaltar que a house music veio da comunidade negra. Portanto, é possível que a temática antirracista de “Blackbird” tenha colaborado para a entrada no disco. Conheça a história.

Como “Blackbird” foi criada

“Blackbird” foi escrita por Paul McCartney com uma pequena contribuição de John Lennon — como habitual entre as criações dos Beatles, acabou creditada a Lennon/McCartney. Ao explicar o significado da composição, Macca revelou que se inspirou nos cantos de um pássaro preto durante a famosa época em que os Beatles estudaram meditação transcendental na Índia.

Ao mesmo tempo, o músico revelou que ela também era uma espécie de hino antirracista em resposta ao episódio conhecido como os Nove de Little Rock (Little Rock Nine). Em entrevista à GQ (via American Songwriter), McCartney — que é inglês, mas estava nos Estados Unidos na época — contou sobre a criação:

“Estava sentando com meu violão e aí, escutei sobre os problemas do movimento civil que ocorreram nos anos 60 no Alabama, Mississippi e Little Rock, em particular. Eu apenas pensei que seria muito bom se pudesse escrever algo que conseguisse alcançar as pessoas que enfrentavam esse problema como uma forma de dar a elas um pouco de esperança. Foi aí que escrevi ‘Blackbird’.”

Em 2018, o músico também comentou que o nome “Blackbird” (“pássaro preto”) deve ser interpretado como uma “black girl” (ou “garota negra”, em tradução direta).

O episódio dos Nove de Little Rock

O mencionado episódio dos Nove de Little Rock ocorreu em 1957, na cidade de Little Rock, capital do estado americano do Arkansas.

Historicamente, o Arkansas — localizado no sul dos Estados Unidos — foi um dos estados na Guerra Civil Americana que defendia a manutenção da escravidão. Mesmo com a derrota para os rivais que estavam ao norte, o problema do racismo persistiu e a população negra era constantemente segregada da branca.

Em 1954, a Suprema Corte dos Estados Unidos julgou que leis estaduais que defendessem a segregação racial em escolas eram inconstitucionais. Um ano mais tarde, a Little Rock Central High School, colégio de ensino médio da capital do estado, criou um plano para obedecer a determinação e aceitar estudantes negros a partir de 1957.

Nove alunos foram escolhidos para serem os primeiros do local: Ernest Green, Elizabeth Eckford, Jefferson Thomas, Terrence Roberts, Carlotta Walls LaNier, Minnijean Brown, Gloria Ray Karlmark, Thelma Mothershed e Melba Pattillo Beals. O primeiro dia de aula do ano letivo estava marcado para ocorrer no dia 4 de setembro daquele ano.

No entanto, o governador do Arkansas, Orval Faubus, se recusou a aceitar a determinação da Suprema Corte. O político enviou membros da guarda do estado para impedir a integração dos estudantes negros.

Além disso, uma multidão de pessoas também protestou contra a entrada dos alunos e demonstrou uma grande hostilidade contra eles, o que ficou evidente nos registros fotográficos do episódio.

Elizabeth Eckford, uma das estudantes, tentando entrar na Little Rock School (foto: Johnny Jenkins / United Press / Wikimedia)

Assim que soube do que estava acontecendo, o então presidente americano, Dwight Eisenhower, se utilizou de uma ordem na qual federalizou a guarda estadual. Sem outra escolha, os oficiais obedeceram ao chefe do Executivo nacional e protegeram os estudantes, permitindo a entrada deles na Little Rock Central High School.

Abusos e “Ano Perdido”

Por mais que tivessem ultrapassado essa barreira, os primeiros estudantes negros do colégio sofreram um bocado no início. Eles foram vítimas de diversos abusos verbais e físicos por parte dos alunos brancos ao longo daquele ano.

Melba Pattillo, uma dessas estudantes, revelou que um dia, jogaram ácido em seus olhos. Em outra ocasião, disse que foi presa em um dos banheiros e que alunas brancas tentaram queimá-la, jogando sobre ela pedaços de papel em chamas.

O próprio Orval Faubus não se deu por vencido em sua determinação de impedir a integração de estudantes negros no Arkansas. No ano seguinte, assinou uma lei que fechava todas as escolas públicas no estado.

Para valer, a lei ainda precisaria do respaldo da população por meio de um referendo. Como a maior parte das pessoas também era contra a determinação, Faubus venceu e as escolas públicas do Arkansas ficaram um ano fechadas. Inúmeros estudantes, independente de cor de pele, ficaram sem aulas durante aquele ano letivo.

O episódio ficou conhecido no Arkansas como “O Ano Perdido” e ainda desencadeou uma onda de mais ódio e ataques contra a população negra, considerada “culpada” pela situação na opinião dos brancos.

Paul McCartney e o encontro com duas das estudantes

Dificuldades à parte, o caso envolvendo a escola de Little Rock deu início a um novo momento nos Estados Unidos, que, aos poucos, deixava a segregação racial no passado.

Em 2016, quase 60 anos após o episódio, Paul McCartney conseguiu se encontrar com duas dos nove estudantes do episódio — Thelma Mothershed e Elizabeth Eckford — durante uma passagem por Little Rock para realizar um show.

Em seu perfil no X/Twitter, McCartney fez questão de enaltecer o encontro e reforçar as origens de “Blackbird”.

“Incrível encontrar duas dos Nove de Little Rock, pioneiros do movimento de direitos civis e inspirações para ‘Blackbird’.”

Beatles e a letra de “Blackbird”

Confira abaixo a letra de “Blackbird”, música dos Beatles regravada por Beyoncé em “Cowboy Carter”.

“Pássaro preto cantando na calada da noite
Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar
Toda sua vida
Você só estava esperando por esse momento para se erguer

Pássaro preto cantando na calada da noite
Pegue esses olhos fundos e aprenda a enxergar
Toda sua vida
Você só estava esperando por esse momento para ser livre

Pássaro preto, voe
Pássaro preto, voe
Para a luz da noite escura

Pássaro preto, voe
Pássaro preto, voe
Para a luz da noite escura

Pássaro preto cantando na calada da noite
Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar
Toda sua vida
Você só estava esperando por esse momento para se erguer
Você só estava esperando por esse momento para se erguer
Você só estava esperando por esse momento para se erguer”

Beyoncé e “Cowboy Carter”

“Blackbird” não é a única releitura presente em “Cowboy Carter”. Outra versão presente, esta já comentada até pela autora original, é “Jolene”. A canção de Dolly Parton — lenda do country que, inclusive, se aventurou recentemente pelo rock — foi lançada originalmente em 1973.

De acordo com a Rolling Stone, o álbum é apresentado como uma transmissão pela estação de rádio fictícia do Texas KNTRY. Além de Parton, a tracklist cita nominalmente Willie Nelson e a pioneira do gênero Linda Martell, por conta de interlúdios utilizados.

A lista de convidados inclui Miley Cyrus (em “II Most Wanted”), Post Malone (“Levii’s Jeans”), Shaboozey (“Spaghettii”), Tanner Adell e Willie Jones (em faixas não especificadas).

Confira abaixo a tracklist completa de “Cowboy Carter”.

  1. AMERIICAN REQUIEM
  2. BLACKBIIRD (Beatles)
  3. 16 CARRIAGES
  4. PROTECTOR
  5. MY ROSE
  6. SMOKE HOUR ★ Willie Nelson
  7. TEXAS HOLD ’EM
  8. BODYGUARD
  9. DOLLY P
  10. JOLENE (Dolly Parton)
  11. DAUGHTER
  12. SPAGHETTII (Shaboozey)
  13. ALLIIGATOR TEARS
  14. SMOKE HOUR II
  15. JUST FOR FUN
  16. II MOST WANTED (com Miley Cyrus)
  17. LEVII’S JEANS (com Post Malone)
  18. FLAMENCO
  19. THE LINDA MARTELL SHOW
  20. YA YA
  21. OH LOUISIANA
  22. DESERT EAGLE
  23. RIIVERDANCE
  24. II HANDS II WANTED
  25. TYRANT
  26. SWEET HONEY BUCKIN
  27. AMEN

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