Quando Ritchie Blackmore disse não ver nada de mais em Eric Clapton

Em entrevista de 1975, guitarrista disse considerar o colega de função melhor como cantor e fez elogios a Jeff Beck e Jimi Hendrix

Encontrar entrevistas de Ritchie Blackmore falando mal de alguém é tão fácil quanto achar a palavra “love” em composições de David Coverdale. Em março de 1975, o guitarrista apareceu na capa da revista International Musician & Recording World, em uma conversa com o escritor, produtor e guitarrista americano Jon Tiven.

O autor define Blackmore como “talvez o melhor guitarrista elétrico do mundo”, mas destaca que ele “não se dá bem com entrevistas”. Uma fala do próprio destaca: “Sou um músico, não um político, e não quero influenciar as mentes dos nossos fãs”.

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A partir daí, Ritchie compartilhou impressões sobre vários de seus colegas. Conforme resgate da Classic Rock, o criador de vários dos maiores riffs da história foi questionado sobre quais colegas de função figurariam entre seus preferidos. Ele começou dizendo:

“Eu gosto de Jeff Beck, é meu favorito. Quando o assisto, fico surpreso e me questionando como ele sempre está fazendo algo de novo. Há muitos por aí que passam despercebidos. Quando você é guitarrista tende a ficar imerso no que está fazendo. Mike Bloomfield é muito bom. Steve Howe sempre foi um bom guitarrista.”

Na mesma resposta, também sobrou espaço para dizer que dois guitarristas não chamam tanto sua atenção.

“Não fico muito impressionado com Jimmy Page e Eric Clapton. Nunca entendi o que os outros enxergam em Clapton. Mas ele é um bom cantor.”

Elogios a Jimi Hendrix e críticas a Pete Townshend

Ritchie Blackmore ainda exaltou um ícone que havia falecido poucos anos antes: Jimi Hendrix, que ganhou uma definição bastante interessante sobre seu talento.

“Sua cabeça deveria dizer a suas mãos para onde ir, as mãos não deveriam fazer tudo sozinhas. A cabeça de Hendrix deve ter sido muito boa. Eu diria, por ouvir a música dele, que ele nunca se repetia. Isso significa que suas mãos não tinham voz, ele estava dizendo ‘eu quero tocar isso’.”

Em relação a Pete Townshend (The Who), a coisa ganhou tons críticos, embora moderados.

“Ele faz parte do sistema… você pode criticar o sistema, mas não faz muito sentido. Houve dias, lá por 1964, em que ele me inspirou. Foi o primeiro a usar distorção. Era inédito naquela época e ele fez um solo de distorção em ‘Anyway Anyhow Anywhere’. Isso foi muito bom, achei o The Who ótimo quando foi lançado. Townshend não é tanto um guitarrista, mas um cara versátil – compositor, tudo isso.”

Ao ser perguntado sobre nomes americanos que admirava, Blackmore citou ninguém menos que Tommy Bolin. O guitarrista o substituiria poucas semanas depois no Deep Purple.

Sobre Ritchie Blackmore

Nascido em Somerset, Inglaterra, Richard Hugh Blackmore começou sua carreira de músico profissional participando de sessões com o produtor Joe Meek, além de tocar ao vivo com o The Outlaws e Screaming Lord Sutch. Gravou com nomes como Glenda Collins, Heinz e Neil Christian.

Convidado pelo baterista Chris Curtis, se juntou ao Deep Purple em 1968. Acabou se tornando um dos grandes responsáveis pelo sucesso do grupo, criando momentos memoráveis da história do rock em seus riffs e solos. Saiu em 1975, retornando em 1984 e ficando até 1993.

Ainda na metade dos anos 1970, formou o Rainbow. A proposta inicial era fundir o hard rock com influências clássicas, adotando uma pegada mais comercial com o passar dos anos. Entre idas e vindas, o grupo retornou na década passada e segue fazendo shows esporádicos.

Desde 1997, comanda o Blackmore’s Night ao lado da esposa, Candice. O projeto condensa música renascentista e folk rock.

Genial e genioso, coleciona desavenças e sopapos com colegas de banda, incluindo os vocalistas Ian Gillan e David Coverdale. Recluso, não costuma comparecer a eventos, como a cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame 2016, quando foi induzido com o Deep Purple.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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