Como noticiado, Ozzy Osbourne não gostou nada de saber que Kanye West — hoje chamado apenas Ye — usou o trecho de uma música do Black Sabbath durante um evento que promoveu o novo álbum do artista, “Vultures”, na última quinta-feira (8).
Por meio de uma publicação no X/Twitter, o vocalista revelou que o rapper pediu autorização para usar um trecho da versão ao vivo de “Iron Man” tocada por Osbourne durante show no US Festival, em 1983. Mesmo com a negativa, o artista — descrito pelo veterano do heavy metal como “antissemita” — resolveu utilizá-la durante o evento.
A canção de West que traz o sample é “Carnival”, uma parceria com Playboy Carti. Um pedaço do riff de guitarra inicial de “Iron Man”, em tom ligeiramente mais agudo, é executado entre duas estrofes. Confira no vídeo abaixo, ou clicando aqui, a partir de 40min58seg.
Ozzy declarou:
“Kanye West pediu permissão para usar como sample um trecho da performance ao vivo de ‘Iron Man’ do US Festival, sem vocais. O pedido foi negado, pois ele é um antissemita e causou desgosto incalculável a várias pessoas. Mesmo assim, ele foi adiante e usou o sample na festa de lançamento de seu álbum na noite passada. Não quero nenhuma associação com este homem!”
Em mensagem anterior, o Madman disse que a canção era “War Pigs” — que não foi tocada por ele durante seu show no US Festival, em 29 de maio de 1983. Depois, se corrigiu e apontou que era “Iron Man”.
Sample de brasileiro
A música do Black Sabbath não é a única utilizada por Kanye West em “Vultures”. Conforme apontado pela CNN Brasil, a faixa “Paper Work” traz um pedaço do funk “Faz o Macete 3.0”, dos brasileiros DJ Roca e DJ Vitinho Beat.
Não é possível confirmar se os samples serão mantidos na versão final do álbum, que teve seu lançamento anunciado para a última sexta (9), mas acabou não chegando às plataformas digitais.
Kanye West e o antissemitismo
West gerou controvérsia nos últimos anos por posicionamentos considerados antissemitas. No fim de 2022, o rapper foi banido de redes sociais por acusar o colega de profissão Diddy de ser manipulado por judeus (após ser criticado por usar uma camiseta com os escritos “White Lives Matter”) e dizer que iria adotar “death con 3 em relação aos judeus”, uma referência ao termo Defcon (estado de alerta usado pelas Forças Armadas americanas). Também disse “amar” nazistas e Adolf Hitler em uma transmissão ao vivo no site InfoWars.com.
No fim de 2023, voltou a ganhar manchetes por fazer um discurso contra judeus. Além de se comparar a Hitler e a Jesus Cristo, ele disse:
“Eu ainda mantenho alguns judeus perto de mim. Como empresários? Não. Só deixo fazerem minhas joias. […] Eu estava lidando com um advogado de divórcio e expliquei para ele qual era o meu problema. E a resposta dele foi: ‘se você continuar com essa retórica antissemita, você não vai poder ver seus filhos’. Eu não poderia ter uma opinião, ou não poderia ver meus filhos. Vocês sabem com quem estão mexendo? Eu sou um intermediário de Deus.”
Na música “Vultures”, de ¥$ em parceria com Kanye e Bump J, o rapper canta em um trecho: “Como posso ser antissemita? Eu acabei de transar com uma p*ta judia”.
Referências a Varg Vikernes e Burzum
Além dos episódios relatados acima, Kanye West causou surpresa recentemente ao aparecer em uma foto com uma camiseta do Burzum, projeto black metal de Varg Vikernes, músico conhecido por ter assassinado o guitarrista Euronymous (Mayhem) e pelos posicionamentos preconceituosos. O rapper também fez referência à banda na capa de seu novo trabalho, “Vultures”, parceria com Ty Dolla $ign.
A imagem na capa de “Vultures” carrega ainda outra conexão com o nazismo. O registro faz parte de uma paisagem maior criada pelo artista plástico Caspar David Friedrich, um dos favoritos de Adolf Hitler, que chegou a usar suas obras como parte da propaganda nazista nos anos 1930 e 1940. Friedrich, no entanto, viveu entre os séculos 18 e 19.
Vikernes passou 16 anos preso por ter assassinado Euronymous e incendiado 3 igrejas na Noruega. Em anos recentes, ele seguiu se manifestando nas mídias, pregando guerras raciais e nacionalismo extremo, com posturas anti-imigração.
Em 2014, chegou a ser condenado a seis meses de liberdade condicional e pagamento de multa de 8 mil euros por incitar ódio racial contra judeus e muçulmanos em seu blog, Thulean Perspective. Cinco anos depois, teve o seu canal no YouTube removido, no mesmo período em que a plataforma anunciou que intensificaria a retirada de “vídeos que alegam que um grupo é superior para justificar discriminação, segregação ou exclusão”.
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