dUg Pinnick, do King’s X, era discriminado na igreja e implorava a Deus para deixar de ser gay

Relação do baixista e vocalista com a religião é complexa, com traumas de infância se originando diretamente disso

Hoje com 71 anos, o baixista e vocalista do King’s X, dUg Pinnick, possui história artística diretamente ligada à religião. Nascido em Braidwood, Illinois, Douglas Theodore Pinnick começou a carreira musical na igreja frequentada pela família. Suas primeiras influências vieram do gospel e do R&B.

Porém, tudo mudou em 1998, quando assumiu sua homossexualidade. Afastou-se do cristianismo devido às reações negativas que sofreu de pessoas do meio. Hoje se considera agnóstico.

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Em entrevista ao The Chuck Shute Podcast (transcrita pelo Blabbermouth), dUg falou sobre o alívio que sentiu depois de romper com a religião.

“É horrível ter que ficar calado enquanto ouve dizer que se você é gay é uma abominação e Deus odeia isso mais do que qualquer outra coisa que não seja blasfêmia contra o Espírito Santo. De acordo com a Bíblia, um homem não deve se deitar com outro, é uma abominação. Disseram-me isso a vida toda. E eu sou gay. Então, eu não podia contar a ninguém.”

O músico adotou até mesmo uma tentativa radical para mudar seus caminhos.

“Uma vez eu decidi: ‘vou fazer como Jesus fez: jejuar por três dias e pedir a Deus que me transforme’. Sentei em um trailer no campo, jejuei, não comi nem bebi água por dois dias. E eu orei e orei e chorei, implorei a Deus para me mudar, mas não senti nada. Foi quando parei e disse: ‘desisto’. E tudo o que eu conseguia pensar no fundo da minha mente eram as escrituras e as pessoas dizendo: ‘Não desista de Deus’ e ‘Deus não desistiu de você’ e ‘você tem que confiar em Deus’ e ‘você pode obter as coisas no tempo de Deus’. Então, qualquer coisa que eu fizesse e não funcionasse era minha culpa.”

Religião e traumas

Os traumas trazidos pela igreja remetem até mesmo à infância de dUg.

“Veja, a religião para mim não era nada além de opressiva. Eles não me deixavam fazer nada. Lembro-me de estar sentado na igreja com minha bisavó aos quatro ou cinco anos, na primeira fila, ouvindo o pastor gritando e berrando que se você dança, bebe, fuma cigarros, vai para o inferno, os demônios vão te pegar. Eu ia dormir todas as noites morrendo de medo, quando criança, pensando que o diabo viria me incomodar. Eu costumava ter pesadelos o tempo todo, acordava gritando.”

Mesmo assim, o músico deixa claro que as experiências que relata só servem a si, respeitando as relações que outras pessoas possuem com a própria fé.

“Para mim, a religião era abusiva. Para outras pessoas não é assim. E eu estou bem com isso. Mas para mim é. E quando alguém vem me dizer: ‘Oh, Jesus te ama e morreu por seus pecados’, na minha mente eu tenho vontade de dizer: ‘Vá se foder’. Mas, ao invés disso, eu só tenho que ser como eu quero que todo mundo seja – aceitar a pessoa como ela é, o que ela acredita e amá-la, porque isso é o que importa. O amor cobre uma multidão de pecados – até a Bíblia diz isso. Bem, alguém disse que veio da Bíblia. Não tenho certeza, então não me dê créditos.”

Apesar da ponderação, Pinnick não se furta de atacar os cristãos com mentalidade de hipocrisia, dinheiro e popularidade que anseiam por adulação, alienando os incrédulos com seu orgulho e ganância.

“Acredito que há muitos, muitos, muitos, muitos crentes verdadeiros que admiro e aplaudo. Mas, da mesma forma, acredito que há muitos, muitos, muitos, muitos que são apenas pessoas más, que só atendem seus próprios interesses e visam o ganho pessoal. São figuras vaidosas, que usam a religião. Como quando um cara desses diz: ‘Me dê seu dinheiro, porque Deus quer que eu tenha um avião’.

Você tem Jimmy Swaggart (televangelista envolvido em escândalos) e todas aquelas pessoas pedindo seu dinheiro, eles são apenas mentirosos. Um bando de narcisistas que encontraram uma maneira de sangrar as pessoas. Tenho nojo deles. E eu tenho uma tristeza pelas pessoas que acreditaram e ainda acreditam neles. Assim, preciso ficar longe, pois sou o tipo de pessoa que eles não vão aceitar. É triste, mas é a vida.”

dUG Pinnick e o King’s x

Misturando hard rock e prog, o King’s X tem mais de quatro décadas de carreira, sempre com a mesma formação. Treze discos foram lançados até hoje. O mais recente, “Three Side of One”, saiu em 2022, interrompendo um hiato de 14 anos sem material inédito.

dUg também lançou álbuns solo e toca em projetos como o KXM, com George Lynch (Dokken, Lynch Mob) e Ray Luzier (Korn), além de Poundhound, The Mob, Tres Mts., 3rd Ear Experience, Grinder Blues e Supershine.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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