Sem atores ou coreografia: Bruce Dickinson conta como serão shows solo

Em entrevista coletiva, vocalista explicou que pretende tocar sem grandes produções de palco — como se a banda estivesse em 1972

Quem está acostumado com as superproduções de palco do Iron Maiden pode estranhar os shows solo que Bruce Dickinson trará ao Brasil entre abril e maio. O vocalista avisou que não haverá atores, bailarinos ou coreografia — nada além de um telão com alguns vídeos, num cenário bem mais intimista do que costuma usar com sua banda principal.

Durante coletiva do frontman acompanhada pelo site IgorMiranda.com.br, o veículo chileno Nación Rock, apontou para o fato de que o novo álbum, “The Mandrake Project”, também tem um conceito por trás, o que daria a chance de trazer algum tipo de cenografia para as apresentações. Dickinson negou a possibilidade e deu um panorama do que podemos esperar da nova turnê.

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“Teremos algumas telas, alguns vídeos, mas não teremos pessoas tentando ser atores no palco e coisas assim interpretando o conceito do álbum. Não é esse tipo de disco. E claro, vamos tocar muitas coisas de ‘Accident of Birth’ e ‘The Chemical Wedding’. As pessoas não ouvem essas músicas há 20 e poucos anos. Algumas pessoas nunca as ouviram ao vivo. Vai ser uma espécie de celebração. Eu esperaria talvez quatro músicas do novo álbum e o resto terá de tudo, incluindo também ‘Balls to Picasso’. E claro, teremos que tocar ‘Tears of the Dragon’.”

Em resposta à Rolling Stone Brasil, o vocalista falou um pouco mais sobre os vídeos nas telas. Eles devem fazer parte do show, mas não de forma automatizada e sincronizada com a música, algo que bandas como o W.A.S.P. vêm fazendo nos últimos anos.

“Teremos nos shows algumas coisas que fizemos para os dois vídeos de ‘Rain On the Graves’ e ‘Afterglow of Ragnarok’. Temos muitas coisas de efeitos especiais que fizemos lá e que podemos colocar nas telas. Mas não vou usar as telas como uma espécie de cenário coreografado. Não vamos tocar com um click no ouvido. Não vai ser o que vocês chamariam de um show moderno em que os músicos são fantoches e há um computador ao fundo tocando tudo. Tudo vai ser analógico, algo realmente autêntico. Quero que a gente toque como se estivéssemos em 1972.”

Bruce Dickinson (solo) ao vivo

A expectativa dos fãs pela nova turnê solo de Bruce Dickinson é enorme. Desde 2002, quando excursionou brevemente pela Europa, o vocalista do Iron Maiden não se aventura pelos palcos afastados de sua banda – exceção às participações no tributo ao Concerto for Group and Orchestra, de Jon Lord (Deep Purple).

A banda solo de Bruce conta atualmente com seu parceiro musical e produtor Roy Z na guitarra, a baixista do Whitesnake, Tanya O’Callaghan, o baterista Dave Moreno (Puddle of Mudd) e o tecladista italiano Maestro Mistheria. Os dois últimos, assim como Roy Z, estiveram no álbum anterior do vocalista, “Tyranny of Souls” (2005), e gravaram “The Mandrake Project” — Tanya só participará da turnê.

Shows no Brasil

Entre o final de abril e o começo de maio desse ano, Bruce Dickinson realiza uma série de shows pelo Brasil. A divulgação do novo álbum, “The Mandrake Project”, começa na América Latina antes do vocalista seguir para tocar nos festivais europeus na metade do ano. Por aqui, serão sete datas.

São elas:

  • 24/04 Curitiba (Live Curitiba)
  • 25/04 Porto Alegre (Pepsi On Stage)
  • 27/04 Brasília (Opera Hall)
  • 28/04 Belo Horizonte (Arena Hall)
  • 30/04 Rio de Janeiro (Qualistage)
  • 02/05 Ribeirão Preto (Quinta Linda)
  • 04/05 São Paulo (Vibra São Paulo)

O frontman retorna no final do ano, já que o Iron Maiden trará a turnê “The Future Past Tour” para o Brasil. Serão dois shows em São Paulo, em dezembro. O repertório combina músicas do álbum mais recente do grupo, “Senjutsu” (2021), com o resgate de “Somewhere in Time” (1986).

Confira as datas:

  • 06/12 São Paulo (Allianz Parque)
  • 07/12 São Paulo (Allianz Parque)

Sobre “The Mandrake Project”

“The Mandrake Project” será acompanhado por uma graphic novel, cujo preview já saiu junto com o primeiro single. São 12 capítulos, divididos em 3 volumes, a serem lançados ao longo deste ano. O conceito foi criado por Bruce Dickinson, com roteiro de Tony Lee e ilustrações de Staz Johnson, da Z2 Comics.

As gravações aconteceram, em sua maior parte, no estúdio Doom Room, em Los Angeles, Estados Unidos. Entre as faixas, pode chamar atenção dos fãs a sexta, denominada “Eternity Has Failed”. Ela é uma versão retrabalhada de “If Eternity Should Fail”, presente em “The Book of Souls” (2015), do Iron Maiden. A demo original, ainda com o nome anterior, entrou no compacto “Afterglow of Ragnarok”.

Assim como “The Chemical Wedding” (1998), conceituado trabalho de Dickinson, “The Mandrake Project” contará com referências à obra do escritor e alquimista William Blake. Segundo o release oficial, a temática será “obscura e adulta, sobre poder, abuso e uma luta por identidade, em um cenário genial de ciência e ocultismo”.

O lançamento está programado para o dia 1º de março.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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