O Mötley Crüe se tornou rapidamente uma das bandas mais populares do hard rock americano na década de 1980. Diversos elementos servem de explicação para tamanho êxito, mas mas para Mick Mars, integrante clássico do grupo, há um componente sonoro que os tornava diferentes de todos os outros.
Trata-se da afinação da guitarra e do baixo, um tom abaixo do convencional. Em entrevista para Kylie Olsson (transcrita pelo Ultimate Guitar), Mars revelou que a ideia de alterar a tonalidade dos instrumentos surgiu durante um ensaio — e resultou no som facilmente reconhecível do Crüe.
Ele disse:
“Músicos como Robert Fripp, do King Crimson, baixavam sua corda mizona de E (mi) para D (ré). Ele tocou assim por anos. E eu pensei: ‘não, vamos fazer isso com a guitarra toda, certo?’. Então, um dia estávamos ensaiando – estávamos tocando ‘Live Wire’ – e eu disse: ‘ok, isso é legal, mas vamos baixar o tom’.”
Além de citar Fripp, o músico falou de outros guitarristas que o inspiraram a fazer essa experiência — que no final, deu certo. Eddie Van Halen, Jimi Hendrix e Jeff Beck foram mencionados como influência para focar em um aspecto do instrumento.
“Pessoas como o Van Halen, eu conheço aqueles caras desde sempre – tocávamos em casas noturnas juntos. De qualquer forma, Eddie (Van Halen) afinava sua guitarra em E, Jimi Hendrix fazia isso também. Eu disse ‘vamos baixar tudo… até D’. E então foi isso. Esse era meio que o som do Mötley. Era um pouco mais pesado do que estava rolando em Hollywood na época. Mas também tinha que ser orientado ao timbre — isso é algo que aprendi de Jeff Beck. Então eu trabalhei muito mais no meu timbre do que nas minhas habilidades de ‘fritação’.”
E a base, vem como?
Apesar do justo orgulho do que criou com o Mötley Crüe, Mick Mars é um dos poucos músicos de sua geração que não apresenta opiniões saudosistas. Em entrevista exclusiva ao site IgorMiranda.com.br, ele comentou sobre como gostaria que as bandas jovens tivessem mais espaço do que os veteranos.
“Espero que eles levem a coisa a outro patamar. Eu sempre disse isso sobre bandas mais jovens. Tipo: ‘por que todos os caras dos anos 1980 não saem fora e vão aproveitar, seja lá o que for?’. Para mim, são os jovens que importam agora, porque nós já tivemos nosso quinhão. Deixem espaço para esses caras porque eles vão levar a coisa a outro patamar. Você entende? Mas as pessoas ainda querem ver isso [as bandas dos anos 1980]. Mesmo a geração mais jovem fica tipo: ‘oh!’. E isso me incomoda um pouco.”
Mick Mars além do Mötley Crüe
Nascido em Terre Haute, Indiana, Robert Alan Deal saiu da escola após o ensino fundamental, se dedicando à carreira de guitarrista. Tocou em várias bandas de blues rock nos anos 1970, às vezes usando o pseudônimo Zorky Charlemagne. Entre os grupos que participou estava o Whitehorse, cujo vocalista se chamava Micki Marz, o que inspiraria a alcunha que o consagraria.
Outro nome que criou foi o do Mötley Crüe. Participou de todos os discos até o momento, sendo o único a ter acompanhado o baixista e líder Nikki Sixx incondicionalmente. Saiu — ou foi convidado a se retirar — em 2022.
É portador de espondilite anquilosante desde os 17 anos. Um tipo de artrite, causa inflamações crônicas nas articulações da coluna vertebral, afetando outras partes do corpo. Não há cura para a doença.
No próximo dia 23 de fevereiro, Mick lança seu primeiro álbum solo. “The Other Side of Mars” conta com 10 faixas e será distribuído pela 1313 LLC – gravadora do próprio guitarrista – em parceria com a MRI.
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