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Geração emo ganha de goleada: NX Zero repassa carreira em Allianz entupido

Repertório longo e coeso garante apresentação impecável do quinteto paulista em sua terra natal; Day Limns, Gloria, Supercombo e You Me At Six fizeram abertura

2023 foi o ano em que o rock nacional foi aos estádios de futebol como atração principal. A reunião da formação clássica possível do Titãs se apresentou por 3 dias em um Allianz Parque lotado e repetirá a dose nos próximos 21, 22 e 23 de dezembro. No meio dessa temporada, o improvável nome do NX Zero surgiu para ocupar o mesmo estádio na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Improvável? A cena emo, da qual o NX foi expoente, revelou uma longa série de bandas de diversos estilos — todas muito mais próximas do underground do que do mainstream. O Hangar 110 era a casa da turma, muito diferente de um espaço que comportasse mais de 40 mil pessoas.

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Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

O que não significa que não tenham tido sucesso. Tiveram e muito, mas a base do público era de adolescente para infantil. As gerações anteriores desprezavam as bandas emo e a fase das vacas gordas logo passou.

Logo, a ironia não foi pequena quando o nome do NX Zero, sozinho, foi suficiente para esgotar em poucas horas todos os ingressos para o sábado (16). Marco que o Evanescence não conseguiu recentemente. Uma nova data, sexta-feira (15), logo foi esgotada, e 4 bandas de abertura foram anunciadas: Day Limns, Gloria, Supercombo e You Me At Six.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

As atrações de abertura

A primeira a subir no palco do Allianz Parque foi a cantora Day Limns, promovendo o recém-lançado “VÊNUS≠netuno”. Não foram poucas as pessoas que chegaram cedo ao estádio para o ver show da goiana, que se apresentou acompanhada de um competente power-trio.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Quase metade do set veio do disco novo, em que ela segue a transição de artista pop para líder de banda de rock, com influências de trap, como na “Cinzeiro”, que encerrou o show. Arthur Mutanen, vocalista do Bullet Bane, fez participação em “Castelo de Areia”.

Diversas vozes pré-gravadas complementam o show, o que instiga o público a adivinhar qual é a que está sendo apresentada ao vivo. Só fica fácil de adivinhar quando a Day não canta e, ainda assim, vozes dela saem do P.A.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

A próxima banda foi o Gloria. Sem baixista e com todos trajados de preto, o quarteto paulista de metalcore celebrou uma década do disco mais celebrado da carreira, “(Re)Nascido” (2012).

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Ao mesmo tempo, sinalizaram para o futuro, apresentando os novos singles “Convencer” e “Coração Codificado”, que farão parte do disco a ser lançado em 2024. Contemporâneo e colega de cena da atração principal, o Gloria contou com presença e maior e participação do público, ainda que com espaço menor de palco.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

O Supercombo, que em 2023 lançou “Remédios”, sexto disco de inéditas, veio na sequência e foi a primeira banda a contar com espaço maior de palco e de estrutura. Isso não impediu que tivessem problemas com som e, principalmente, com a guitarra do vocalista Léo Ramos, que falhou durante duas músicas.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

A questão foi facilmente contornada pelo experiente quarteto fundado em Vitória, Espírito Santo e, principalmente, não comprometeu a performance de “Amianto”, uma das músicas mais bonitas do rock brasileiro do novo século.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Os britânicos do You Me At Six contaram com uma estrutura ainda melhor e tempo maior do que os artistas anteriores (pouco mais de uma hora em vez dos 40 minutos praticados até então). Atualmente com a turnê de “Truth Decay”, disco de inéditas lançado neste ano, a banda apresentou seu mezzo pop punk, mezzo indie com baixo grau de diferenciação ou ousadia.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

A performance energética, a constante interação com a plateia… tudo foi prejudicado pelo repertório mediano, na melhor das hipóteses. O Gloria, campeão de resposta do público do dia até então, teria ocupado muito melhor esse horário do lineup.

E outra: não custaria nada mandar um salve para a atração principal ou para as outras bandas, né?

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

NX Zero

O NX Zero começou o show meia hora depois do horário marcado. Foi disparado o maior atraso do dia, o que não foi problema.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Por mais que seis bandas sejam o suficiente para configurar um festival, não havia concorrência: o público era deles e a demora mais aumentou a ansiedade do que causou irritação.

“Só Rezo” foi a primeira de uma longa apresentação, quase 30 músicas. O que poderia parecer abuso da boa vontade dos fãs se demonstrou um acerto.

Verdade seja dita: o mundo do quinteto paulista não domina um vocabulário muito extenso; vide o setlist, que tinha, dentre outras, “Você Vai Lembrar de Mim”, “A Melhor Parte de Mim” e “Além de Mim”. Mesmo o vocalista, Di Ferreiro, para se dirigir ao público, alterna “família NX Zero” e “Vocês estão aí?” e fica por aí.

Mas eles conseguem fazer render os poucos ingredientes com que trabalham — e são muito bons nisso. Foram duas horas e meia de hits e lados b que formaram um todo coeso.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Fossem mais ou até menos conhecidas, todas as canções conseguiram prender a atenção e arrancar reação empolgada do público em um nível a mais de apenas cantar as letras e isso não é comum. Antes que surja nostalgia como argumento, é possível afirmar que uma parte significativa do povo que compareceu no Allianz na noite da última sexta-feira (15) não viu o NX Zero no auge do sucesso durante a década passada.

Assim fica fácil de entender por que um hit como “Pela Última Vez” é apresentado na primeira parte do show: eles podem se dar ao luxo de queimar um hit tão logo. Em determinado momento, a banda se desloca para a pequena pista comum, no fundo do estádio, do lado oposto de onde está o palco, para uma sequência acústica de cinco músicas — que inclui “Marcas de Expressão”, por demanda dos fãs.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Assim terminam as primeiras duas horas de show, num clima intimista, que poderia ser de desânimo quando “Vamos Seguir” (uma música tão inexpressiva que poderia ser do You Me At Six) é apresentada. Mas a sequência “Pedra Murano”, “Ligação” e “Não é Normal” faz com que pareça que o show tivesse apenas começado e a dobradinha final, “Além de Mim” e “Razões e Emoções” arrematou. Um estádio lotado pulando, da arquibancada superior até a pista vip, é visão que poucos artistas tiveram — e o NX Zero é um deles.

Difícil saber se haverá uma nova tendência de bandas brasileiras de rock em estádio ou se é algo episódico. Mas o estilo como um todo tem sido passado a limpo nesse novo momento de popularidade.

Nesse processo, o que liga bandas como Titãs e o NX Zero parece mais evidente do que o que as separa. Que o erro que impedia tal reconhecimento fique para os escombros do mundo pré-pandemia.

*Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Mais imagens ao fim da página.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

NX Zero — ao vivo em São Paulo

  • Local: Allianz Parque
  • Data: 15 de novembro de 2023
  • Turnê: Cedo ou Tarde

Repertório

  1. Só rezo
  2. Daqui pra frente
  3. Bem ou mal
  4. Pela última vez
  5. Apenas um olhar
  6. Insubstituível
  7. Onde estiver
  8. Espero a minha vez
  9. Mais além
  10. Inimigo invisível
  11. Cedo ou tarde
  12. Você vai lembrar de mim
  13. Meu bem
  14. Círculos
  15. Maré
  16. Mais e Mais

Set acústico:

  1. Incompleta
  2. Fração de segundo
  3. Marcas de Expressão
  4. Silêncio
  5. Cartas pra você

Volta set elétrico:

  1. Hoje o céu abriu
  2. Vamos seguir
  3. Pedra murano
  4. Ligação
  5. Não é normal
  6. A melhor parte de mim
  7. Além de mim
  8. Razões e emoções

Gloria:

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos
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Supercombo:

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You Me At Six:

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NX Zero:

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Rolf Amaro
Rolf Amarohttps://igormiranda.com.br
Nasceu em 83, é baixista do Mars Addict, formado em Ciências Sociais pela USP. Sempre anda com o Andreas no braço, um livro numa mão e a Ana na outra.

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2023 foi o ano em que o rock nacional foi aos estádios de futebol como atração principal. A reunião da formação clássica possível do Titãs se apresentou por 3 dias em um Allianz Parque lotado e repetirá a dose nos próximos 21, 22 e 23 de dezembro. No meio dessa temporada, o improvável nome do NX Zero surgiu para ocupar o mesmo estádio na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Improvável? A cena emo, da qual o NX foi expoente, revelou uma longa série de bandas de diversos estilos — todas muito mais próximas do underground do que do mainstream. O Hangar 110 era a casa da turma, muito diferente de um espaço que comportasse mais de 40 mil pessoas.

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O que não significa que não tenham tido sucesso. Tiveram e muito, mas a base do público era de adolescente para infantil. As gerações anteriores desprezavam as bandas emo e a fase das vacas gordas logo passou.

Logo, a ironia não foi pequena quando o nome do NX Zero, sozinho, foi suficiente para esgotar em poucas horas todos os ingressos para o sábado (16). Marco que o Evanescence não conseguiu recentemente. Uma nova data, sexta-feira (15), logo foi esgotada, e 4 bandas de abertura foram anunciadas: Day Limns, Gloria, Supercombo e You Me At Six.

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As atrações de abertura

A primeira a subir no palco do Allianz Parque foi a cantora Day Limns, promovendo o recém-lançado “VÊNUS≠netuno”. Não foram poucas as pessoas que chegaram cedo ao estádio para o ver show da goiana, que se apresentou acompanhada de um competente power-trio.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Quase metade do set veio do disco novo, em que ela segue a transição de artista pop para líder de banda de rock, com influências de trap, como na “Cinzeiro”, que encerrou o show. Arthur Mutanen, vocalista do Bullet Bane, fez participação em “Castelo de Areia”.

Diversas vozes pré-gravadas complementam o show, o que instiga o público a adivinhar qual é a que está sendo apresentada ao vivo. Só fica fácil de adivinhar quando a Day não canta e, ainda assim, vozes dela saem do P.A.

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A próxima banda foi o Gloria. Sem baixista e com todos trajados de preto, o quarteto paulista de metalcore celebrou uma década do disco mais celebrado da carreira, “(Re)Nascido” (2012).

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Ao mesmo tempo, sinalizaram para o futuro, apresentando os novos singles “Convencer” e “Coração Codificado”, que farão parte do disco a ser lançado em 2024. Contemporâneo e colega de cena da atração principal, o Gloria contou com presença e maior e participação do público, ainda que com espaço menor de palco.

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O Supercombo, que em 2023 lançou “Remédios”, sexto disco de inéditas, veio na sequência e foi a primeira banda a contar com espaço maior de palco e de estrutura. Isso não impediu que tivessem problemas com som e, principalmente, com a guitarra do vocalista Léo Ramos, que falhou durante duas músicas.

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A questão foi facilmente contornada pelo experiente quarteto fundado em Vitória, Espírito Santo e, principalmente, não comprometeu a performance de “Amianto”, uma das músicas mais bonitas do rock brasileiro do novo século.

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Os britânicos do You Me At Six contaram com uma estrutura ainda melhor e tempo maior do que os artistas anteriores (pouco mais de uma hora em vez dos 40 minutos praticados até então). Atualmente com a turnê de “Truth Decay”, disco de inéditas lançado neste ano, a banda apresentou seu mezzo pop punk, mezzo indie com baixo grau de diferenciação ou ousadia.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

A performance energética, a constante interação com a plateia… tudo foi prejudicado pelo repertório mediano, na melhor das hipóteses. O Gloria, campeão de resposta do público do dia até então, teria ocupado muito melhor esse horário do lineup.

E outra: não custaria nada mandar um salve para a atração principal ou para as outras bandas, né?

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NX Zero

O NX Zero começou o show meia hora depois do horário marcado. Foi disparado o maior atraso do dia, o que não foi problema.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Por mais que seis bandas sejam o suficiente para configurar um festival, não havia concorrência: o público era deles e a demora mais aumentou a ansiedade do que causou irritação.

“Só Rezo” foi a primeira de uma longa apresentação, quase 30 músicas. O que poderia parecer abuso da boa vontade dos fãs se demonstrou um acerto.

Verdade seja dita: o mundo do quinteto paulista não domina um vocabulário muito extenso; vide o setlist, que tinha, dentre outras, “Você Vai Lembrar de Mim”, “A Melhor Parte de Mim” e “Além de Mim”. Mesmo o vocalista, Di Ferreiro, para se dirigir ao público, alterna “família NX Zero” e “Vocês estão aí?” e fica por aí.

Mas eles conseguem fazer render os poucos ingredientes com que trabalham — e são muito bons nisso. Foram duas horas e meia de hits e lados b que formaram um todo coeso.

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos

Fossem mais ou até menos conhecidas, todas as canções conseguiram prender a atenção e arrancar reação empolgada do público em um nível a mais de apenas cantar as letras e isso não é comum. Antes que surja nostalgia como argumento, é possível afirmar que uma parte significativa do povo que compareceu no Allianz na noite da última sexta-feira (15) não viu o NX Zero no auge do sucesso durante a década passada.

Assim fica fácil de entender por que um hit como “Pela Última Vez” é apresentado na primeira parte do show: eles podem se dar ao luxo de queimar um hit tão logo. Em determinado momento, a banda se desloca para a pequena pista comum, no fundo do estádio, do lado oposto de onde está o palco, para uma sequência acústica de cinco músicas — que inclui “Marcas de Expressão”, por demanda dos fãs.

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Assim terminam as primeiras duas horas de show, num clima intimista, que poderia ser de desânimo quando “Vamos Seguir” (uma música tão inexpressiva que poderia ser do You Me At Six) é apresentada. Mas a sequência “Pedra Murano”, “Ligação” e “Não é Normal” faz com que pareça que o show tivesse apenas começado e a dobradinha final, “Além de Mim” e “Razões e Emoções” arrematou. Um estádio lotado pulando, da arquibancada superior até a pista vip, é visão que poucos artistas tiveram — e o NX Zero é um deles.

Difícil saber se haverá uma nova tendência de bandas brasileiras de rock em estádio ou se é algo episódico. Mas o estilo como um todo tem sido passado a limpo nesse novo momento de popularidade.

Nesse processo, o que liga bandas como Titãs e o NX Zero parece mais evidente do que o que as separa. Que o erro que impedia tal reconhecimento fique para os escombros do mundo pré-pandemia.

*Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Mais imagens ao fim da página.

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NX Zero — ao vivo em São Paulo

  • Local: Allianz Parque
  • Data: 15 de novembro de 2023
  • Turnê: Cedo ou Tarde

Repertório

  1. Só rezo
  2. Daqui pra frente
  3. Bem ou mal
  4. Pela última vez
  5. Apenas um olhar
  6. Insubstituível
  7. Onde estiver
  8. Espero a minha vez
  9. Mais além
  10. Inimigo invisível
  11. Cedo ou tarde
  12. Você vai lembrar de mim
  13. Meu bem
  14. Círculos
  15. Maré
  16. Mais e Mais

Set acústico:

  1. Incompleta
  2. Fração de segundo
  3. Marcas de Expressão
  4. Silêncio
  5. Cartas pra você

Volta set elétrico:

  1. Hoje o céu abriu
  2. Vamos seguir
  3. Pedra murano
  4. Ligação
  5. Não é normal
  6. A melhor parte de mim
  7. Além de mim
  8. Razões e emoções

Gloria:

Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos
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Supercombo:

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You Me At Six:

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NX Zero:

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