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Os melhores discos de 2023 na opinião de Guilherme Gonçalves

Rock psicodélico, nova vanguarda do death metal e soul norteiam a lista

Lista de melhores do ano é coisa séria. Não é competição, muito menos algo que carrega em si verdades inflexíveis, mas sua importância reside justamente aí. Em tempos de músicas, artistas e discos servidos sob o signo automatizado dos algoritmos, nada mais excitante do que encontrar pessoas reais expondo seus favoritos de forma orgânica, imperfeita e com aquele método milenar: o gosto pessoal.

Para o meu, 2023 foi um tanto quanto generoso. Ouvi belos álbuns novos de estilos que estão entre os preferidos da casa, como o rock psicodélico, o soul e, em especial, o death metal, que, a cada ano que passa, comprova ser a ramificação do metal que mais oferece novas possibilidades de experimentar, diversificar e evoluir.

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Esses três gêneros, portanto, acabaram formando a espinha dorsal do meu Top 10 de 2023, que também traz algo de rock tradicional, indie/pop e black metal. Além do Baroness, cuja tentativa de classificação é um mero exercício conceitual.

Dito isso, explore bem a lista e, no fim, passe seu próprio filtro. Que algum dos álbuns a seguir possa ser uma grata surpresa para você.

Os melhores discos de 2023 na opinião de Guilherme Gonçalves

10) Black Pumas – “Chronicles of a Diamond” (soul/R&B)

Menos previsível, o segundo álbum do Black Pumas talvez não tenha tantos hits instantâneos como o de estreia, mas brilha justamente por evitar cair na armadilha de se repetir – ou de ficar preso ao tutorial da bolha neo soul.

9) Jenny Lewis – “Joy’All” (indie/pop)

Não sei dizer exatamente o quê, mas algo na voz e nas melodias simples da música de Jenny Lewis consegue me arrebatar. É o terceiro disco consecutivo dela a entrar no meu Top 10, juntado-se a “On the Line” (2019) e ao imbatível “The Voyager” (2014).

8) Baroness – “Stone” (sludge/metal alternativo/prog)

Em “Stone”, o Baroness abandona a tradição de nomear seus discos com cores e traz consigo todas as tonalidades já utilizadas anteriormente, inclusive a da ousadia, sua principal marca. A banda soa mais enxuta, mas inquieta e desafiadora como sempre.

7) Rolling Stones – “Hackney Diamonds” (rock)

Os Stones fizerem de tudo um pouco e acertaram em quase todas. “Hackney Diamonds” tem blues, rockão, sons de garagem, hits dançantes, baladas emocionantes, acenos indie/pop… e aquele selo de qualidade. Se for o canto do cisne, desfrutemos.

6) Marthe – “Further in Evil” (black metal/punk)

A revelação do ano. Marzia Silvani, que encabeça esta “one woman band” italiana, entendeu tudo sobre Bathory e Siouxsie and the Banshees. Marthe é black metal e punk ao mesmo tempo. É rebelião e liberdade, como um grito de emancipação da mulher.

5) Durand Jones – “Wait Til I Get Over” (soul)

Durand Jones é uma das maiores vozes da atualidade. O cantor já vinha desfilando talento e genialidade ao lado da backing band The Indications. Com “Wait Til I Get Over”, ele debutou como artista solo e lançou o grande disco soul de 2023.

4) Israel Nash – “Ozarker” (rock)

Discípulo de nomes como Neil Young e Bruce Springsteen, Israel Nash chega ao seu melhor trabalho em “Ozarker”. Menos folk e mais eletrificado, com ganchos e refrãos que sintetizam o “heartland rock”, o cantor e compositor está no auge.

3) Tomb Mold – “The Enduring Spirit” (death metal)

Os canadenses do Tomb Mold estão na vanguarda do death metal já há algum tempo, mas, de certa forma, trilhando um caminho semelhante ao que foi desbravado, até primeiro, pelo Blood Incantation. Com “The Enduring Spirit”, conseguiram dar um salto gigante e se inserir de vez entre os nomes mais importantes do estilo – atualmente e pelos anos que virão -, agora com uma identidade mais latente e altas doses de criatividade, beirando o progressivo em algums momentos, mas sem perder a essência.

2) Vastum – “Inward to Gethsemane” (death metal)

Para se destacar na ótima safra atual de death metal, a banda tem que ser excelente e muito original. O Vastum é não só isso, mas também extremamente competente ao desenvover sua linguagem lírica e estética, com um som doentio, único e que transita por agruras e traumas psicológicos, eróticos e relacionados à loucura. “Inward to Gethsemane” é, até agora, o ápice da trajetória do quinteto de São Francisco (EUA), que tem a intrigante guitarrista e vocalista Leila Abdul-Rauf à frente.

1) Altın Gün – “Aşk” (rock psicodélico)

Não é simples fazer rock psicodélico em pleno 2023 sem soar genérico e datado. O Altın Gün, formado na Holanda por integrantes de origem turca, tem driblado essa armadilha ao mesclar elementos lisérgicos com a música tradicional da Turquia. Essa mistura veio sendo refinada nos últimos anos, e o resultado obtido em Aşk, seu quinto álbum, é fabuloso. As letras em turco, diferentes instrumentos de corda e percussão e a alternância dos vocais entre Erdinç Yıldız e Merve Daşdemir criam uma paisagem distinta de tudo, que alça voos ainda maiores com o uso certeiro de sintetizadores.

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Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Atualmente revisa livros da editora Estética Torta e é editor do Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

1 COMENTÁRIO

  1. Caramba, que sensacional esse trabalho do Altin Gün. Não conhecia a banda até então e agora estou viciado. Com certeza esse album conseguiu conquistar um lugar na minha lista de melhores do ano agora, aos 45 do segundo tempo, graças a você!!!

    Fico feliz tbm de ver na sua lista os mais recentes do Israel Nash e do Tomb Mold, dois albuns que não fizeram o meu top 10 por muito pouco 😀

    Abraço e um feliz ano novo!”

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Lista de melhores do ano é coisa séria. Não é competição, muito menos algo que carrega em si verdades inflexíveis, mas sua importância reside justamente aí. Em tempos de músicas, artistas e discos servidos sob o signo automatizado dos algoritmos, nada mais excitante do que encontrar pessoas reais expondo seus favoritos de forma orgânica, imperfeita e com aquele método milenar: o gosto pessoal.

Para o meu, 2023 foi um tanto quanto generoso. Ouvi belos álbuns novos de estilos que estão entre os preferidos da casa, como o rock psicodélico, o soul e, em especial, o death metal, que, a cada ano que passa, comprova ser a ramificação do metal que mais oferece novas possibilidades de experimentar, diversificar e evoluir.

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Esses três gêneros, portanto, acabaram formando a espinha dorsal do meu Top 10 de 2023, que também traz algo de rock tradicional, indie/pop e black metal. Além do Baroness, cuja tentativa de classificação é um mero exercício conceitual.

Dito isso, explore bem a lista e, no fim, passe seu próprio filtro. Que algum dos álbuns a seguir possa ser uma grata surpresa para você.

Os melhores discos de 2023 na opinião de Guilherme Gonçalves

10) Black Pumas – “Chronicles of a Diamond” (soul/R&B)

Menos previsível, o segundo álbum do Black Pumas talvez não tenha tantos hits instantâneos como o de estreia, mas brilha justamente por evitar cair na armadilha de se repetir – ou de ficar preso ao tutorial da bolha neo soul.

9) Jenny Lewis – “Joy’All” (indie/pop)

Não sei dizer exatamente o quê, mas algo na voz e nas melodias simples da música de Jenny Lewis consegue me arrebatar. É o terceiro disco consecutivo dela a entrar no meu Top 10, juntado-se a “On the Line” (2019) e ao imbatível “The Voyager” (2014).

8) Baroness – “Stone” (sludge/metal alternativo/prog)

Em “Stone”, o Baroness abandona a tradição de nomear seus discos com cores e traz consigo todas as tonalidades já utilizadas anteriormente, inclusive a da ousadia, sua principal marca. A banda soa mais enxuta, mas inquieta e desafiadora como sempre.

7) Rolling Stones – “Hackney Diamonds” (rock)

Os Stones fizerem de tudo um pouco e acertaram em quase todas. “Hackney Diamonds” tem blues, rockão, sons de garagem, hits dançantes, baladas emocionantes, acenos indie/pop… e aquele selo de qualidade. Se for o canto do cisne, desfrutemos.

6) Marthe – “Further in Evil” (black metal/punk)

A revelação do ano. Marzia Silvani, que encabeça esta “one woman band” italiana, entendeu tudo sobre Bathory e Siouxsie and the Banshees. Marthe é black metal e punk ao mesmo tempo. É rebelião e liberdade, como um grito de emancipação da mulher.

5) Durand Jones – “Wait Til I Get Over” (soul)

Durand Jones é uma das maiores vozes da atualidade. O cantor já vinha desfilando talento e genialidade ao lado da backing band The Indications. Com “Wait Til I Get Over”, ele debutou como artista solo e lançou o grande disco soul de 2023.

4) Israel Nash – “Ozarker” (rock)

Discípulo de nomes como Neil Young e Bruce Springsteen, Israel Nash chega ao seu melhor trabalho em “Ozarker”. Menos folk e mais eletrificado, com ganchos e refrãos que sintetizam o “heartland rock”, o cantor e compositor está no auge.

3) Tomb Mold – “The Enduring Spirit” (death metal)

Os canadenses do Tomb Mold estão na vanguarda do death metal já há algum tempo, mas, de certa forma, trilhando um caminho semelhante ao que foi desbravado, até primeiro, pelo Blood Incantation. Com “The Enduring Spirit”, conseguiram dar um salto gigante e se inserir de vez entre os nomes mais importantes do estilo – atualmente e pelos anos que virão -, agora com uma identidade mais latente e altas doses de criatividade, beirando o progressivo em algums momentos, mas sem perder a essência.

2) Vastum – “Inward to Gethsemane” (death metal)

Para se destacar na ótima safra atual de death metal, a banda tem que ser excelente e muito original. O Vastum é não só isso, mas também extremamente competente ao desenvover sua linguagem lírica e estética, com um som doentio, único e que transita por agruras e traumas psicológicos, eróticos e relacionados à loucura. “Inward to Gethsemane” é, até agora, o ápice da trajetória do quinteto de São Francisco (EUA), que tem a intrigante guitarrista e vocalista Leila Abdul-Rauf à frente.

1) Altın Gün – “Aşk” (rock psicodélico)

Não é simples fazer rock psicodélico em pleno 2023 sem soar genérico e datado. O Altın Gün, formado na Holanda por integrantes de origem turca, tem driblado essa armadilha ao mesclar elementos lisérgicos com a música tradicional da Turquia. Essa mistura veio sendo refinada nos últimos anos, e o resultado obtido em Aşk, seu quinto álbum, é fabuloso. As letras em turco, diferentes instrumentos de corda e percussão e a alternância dos vocais entre Erdinç Yıldız e Merve Daşdemir criam uma paisagem distinta de tudo, que alça voos ainda maiores com o uso certeiro de sintetizadores.

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Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Atualmente revisa livros da editora Estética Torta e é editor do Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

1 COMENTÁRIO

  1. Caramba, que sensacional esse trabalho do Altin Gün. Não conhecia a banda até então e agora estou viciado. Com certeza esse album conseguiu conquistar um lugar na minha lista de melhores do ano agora, aos 45 do segundo tempo, graças a você!!!

    Fico feliz tbm de ver na sua lista os mais recentes do Israel Nash e do Tomb Mold, dois albuns que não fizeram o meu top 10 por muito pouco 😀

    Abraço e um feliz ano novo!”

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