2023 foi ótimo ano para o fã de música alternativa no Brasil. Além dos lançamentos consistentes, muitos artistas visitaram o nosso pais. Foi o ano das turnês de despedida para gigantes do rock e reuniões de quem já teve seus 15 minutos de fama.
Tivemos a volta do Blur, o primeiro álbum da PJ Harvey em 7 anos, um disco de imenso bom gosto realizado por Gaz Coombes (pelo líder do Supergrass), Jenny Lewis fazendo seu trabalho mais country e o Slowdive entregando mais músicas dignas de seu (lindo) catálogo).
Ainda foram oferecidos bons álbuns de artistas novos como Beach Fossils, Youth Lagoon, Alex Lahey e King Krule.
- Confira mais listas: Os melhores discos de 2023 na opinião da equipe do site IgorMiranda.com.br
É só uma lista. E gosto delas porque você pode concordar, discordar, fazer a sua, etc. Elas ajudam a compartilhar o que existe de mais legal e rico rolando por aí. É um hábito incrível para preservarmos.
Espero que gostem.
Os 10 melhores discos de 2023 para Gabriel Caetano
10) Black Country, New Road — “Live at the Bush Hall” (art rock)
Após a saída do vocalista Isaac Wood, o Black Country, banda influente na cena pós-punk britânica, abandonou seu passado musical e apresentou um repertório totalmente novo no show “Live at the Bush Hall”. Sem a finesse e complexidade instrumental dos álbuns anteriores, como “For the First Time” e “Ants From Up Above”, o novo álbum compensa com intensidade.
9) Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo — “Música do Esquecimento” (indie rock)
O som caótico da Sophia Chablau combina indie rock, rock psicodélico e elementos de música brasileira, resultando em uma mistura divertida e original que não leva a sério, caracterizando-se como rock. Em seu álbum “Música do Esquecimento”, os paulistanos, incluindo Téo Serson, Vicente Tassara e Theo Ceccato, demonstram uma evolução notável ao trabalharem mais próximos da vocalista. Essa abordagem intensifica a sintonia entre os músicos, permitindo uma exploração mais livre da diversidade musical proposta.
8) Slow Pulp — “Yard” (alt country)
Originário de Madison, Wisconsin, o Slow Pulp, formado por amigos de infância que se mudaram para Chicago em busca de consolidar sua sonoridade e carreira, apresenta seu segundo álbum, “Yard”. Com uma vibe nostálgica, lembrando a trilha sonora de séries de TV dos anos 90, o disco oferece uma leitura interessante do momento atual no rock alternativo. Emily Massey, responsável pela guitarra e voz, escreveu as músicas após um isolamento em uma cabana no norte de Wisconsin, resultando em composições confessionais com arranjos diretos e uma estética lo-fi de estilo “faça você mesmo”.
7) Yo La Tengo — “This Stupid World” (post-rock)
Prestes a completar 40 anos, o Yo La Tengo ainda tem vigor para produzir um álbum que deve ser lembrado como um de seus melhores trabalhos. É o 17º do trio de Nova Jérsei e tem a mesma proeminência que “I Can Hear the Heart Beating as One” e “And Then Nothing Turned Itself Inside-Out”, os mais celebrados nessa extensa discografia. Para conseguirem os timbres desejados em “This Stupid World”, Ira Kaplan (guitarra/voz) Georgia Hubley (bateria/voz) e James McNew (baixo) fizeram sua gravação ao vivo. Tocando os três simultaneamente numa sala do estúdio.
6) 100 Gecs — “10.000 Gecs” (hyperpop)
Laura Les e Dylan Brady são o 100 Gecs – um duo de hyperpop. Cumprindo regra do gênero, eles exageram na artificialidade com efeitos nas vozes, inserção de ruídos que parecem uma interminável bateção de panela e blips de computadores retrô. Como se fosse pouco, ainda tem riffs de guitarra com a distorção de um metal zone para sua música circular entre os estilos característicos dos anos 2000. É um som difícil de descrever, mas de assimilação instantânea, porque é direto, enérgico e divertido.
5) PJ Harvey — “I Inside the Old Year Dying” (indie folk)
Polly reaparece com seu primeiro álbum desde “The Hope Six Demolition Project” (de 2016, aquele que ganhou documentário). “I Inside the Old Year Dying” nasce como extensão de Orlam, romance de realismo mágico publicado pela cantora em 2022. É um trabalho ousado e contemplativo, que foge aos padrões até mesmo de uma cantora disruptiva como PJ. Mas simultaneamente, extremamente afável, capaz de conversar com um público que não é tão próximo da cantora pelo seu fator fantástico.
4) Sufjan Stevens — “Javelin” (indie folk)
Como não poderia deixar de ser, mais uma vez Sufjan Stevens é profundamente sensível. Dessa vez, explora um mundo de sentimentos difíceis de lidar com uma poesia inspirada. “Javelin” é dedicado a Evans Richardson, parceiro de Stevens que faleceu em abril. O luto, a complexidade dos relacionamentos e como encontramos nosso lugar no mundo sob o olhar do outro são a matéria prima com a qual o cantor molda essas letras – e que soam como conversas. “Javelin” pode não carregar a finesse de “Illinois”, mas chega à prateleira dos melhores trabalhos de Stevens, como “Carrie & Lowell”.
3) Bar Italia — “Tracey Denim” (post-punk)
Na esteira do Dry Cleaning, outra banda londrina ganhou a atenção e elogios da imprensa europeia. “Tracey Denim” do Bar Italia já era ovacionado antes de seu lançamento. Das novas bandas pós-punk, o Bar Italia é a mais próxima das origens do gênero na virada dos anos 70 e 80. Notas lentas, as vozes alternadas entre os três integrantes, por vezes cantadas e hora faladas – sendo que algumas músicas parecem mesmo uma conversa – dão a atmosfera melancólica em torno do álbum.
2) Mitski — “The Land Is So Inhospitable and So Are We” (indie folk)
Mitski apresenta “The Land Is So Inhospitable and So Are We” como seu trabalho mais “americano”. De fato, é um álbum que alterna folk e country, mas no fim das contas, é um registro onde a assinatura artística da cantora é muito presente e parece se apropriar desses estilos. Em muitos momentos, a voz da cantora parece uma manifestação com vontade própria. “I’m Your Man”, onde canta “You believe me like a god, I’ll betray you like a man”, quase que sussurrando, causa impacto imediato e assombroso.
1) Boygenius — “The Record” (indie rock)
Interpretar “The Record” “só” como um dos melhores lançamentos de 2023 seria deixar escapar o impacto e significado que essa união e obra tem para o momento da música pop. Phoebe Bridgers, Julien Baker e Lucy Dacus são garotas que beiram os 30 anos, se encontraram pela sintonia e que acabaram descobrindo outras afinidades. As três têm suas carreiras sólidas e criaram algo especial juntas: um disco de melodias simples e calorosas.
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