Em meio a conflitos pessoais e criativos agravados pelo abuso de álcool, Ace Frehley deixou o Kiss em junho de 1982. A saída de um membro original foi um marco na história do grupo, que enfrentou um prejuízo milionário por conta da decisão do guitarrista de seguir seu próprio caminho.
O assunto foi abordado em 2018, durante entrevista à Musicians Institute – via Blabbermouth –, onde o Spaceman levantou os bastidores burocráticos e motivos por trás de sua saída.
“O Kiss nos anos setenta era como um passeio de montanha russa pra mim. Eu estava segurando pela minha vida. Estávamos constantemente ocupados, e as drogas, álcool, e todas as festas combinadas com aquele cronograma começaram a me pegar. No início dos anos oitenta, eu só queria pular fora da montanha russa porque pensei que iria cair.”
O músico revelou que mesmo com contratos milionários sua insatisfação com o Kiss era crescente.
“Eu estava sentado no escritório do meu advogado antes de deixar a banda. Nós [Kiss] tínhamos acabado de fechar um contrato de 15 milhões de dólares. Estava falando com meu advogado, dizendo: ‘15 milhões é incrível, mas toda noite quando dirijo para casa em Connecticut quero jogar meu carro em uma árvore porque não estou feliz.’ Ele diz: ‘Ok, Ace. Entendo, mas são 15 milhões.’ Após cerca de meia hora eu disse: ‘Olha, você não pode gastar dinheiro debaixo da terra.’ Ele ainda não tinha entendido.”
Quando oficializou sua saída, a banda perdeu metade do valor do contrato, levando a um prejuízo final de 7,5 milhões de dólares.
“Infelizmente, quando saí [da banda] eles perderam 7,5 milhões, e me senti mal por isso, porque o contrato exigia que pelo menos três dos quatro membros [originais] estivessem na banda. Eles já tinham deixado Peter [Criss] sair. Então quando desisti quebrei o contrato pela metade e foi de 15 milhões para 7,5 milhões. Eu acho que eles ficaram um pouco bravos comigo por conta disso.”
Por fim, Frehley comentou a reação de Gene Simmons, co-fundador do grupo, perante sua intenção de abandonar o projeto. O guitarrista aproveitou para esclarecer que não foi demitido, assim como seus colegas afirmaram em algumas ocasiões.
“Lembro-me da primeira vez em que quis sair da banda. Gene me ligou e disse: ‘Ace, você não precisa sair da banda se quiser fazer um disco solo. Você pode continuar no Kiss. Até daremos uma pausa e permitiremos que você o faça.’ Eles não queriam que eu saísse. Eles nunca quiseram que eu saísse, e eu saí da banda duas vezes. Se você olhar para entrevistas antigas, às vezes eles me incluíam junto com Peter e diziam: ‘Sim, demitimos Peter e Ace.’ Eles nunca me demitiram – eu sempre saí. Quero deixar isso claro.”
Kiss e Ace Frehley
Com a saída de Ace Frehley, a banda contratou Vinnie Vincent para assumir o posto de guitarrista durante a gravação e turnê do álbum “Creatures of the Night” (1982). Nos anos seguintes a vaga foi ocupada por Mark St. John e Bruce Kulick, até o retorno temporário do Spaceman em 1996, na reunião da formação original.
Durante os anos fora do Kiss, Frehley enfrentou altos e baixos em seus projetos solo, com destaque para a Frehley’s Comet.
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