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A música do Rush que não combina com a visão política atual de Geddy Lee

Músico se considera mais liberal e com responsabilidade social em comparação a quem era quando a gravou

É muito comum um artista de grande longevidade não se identificar com algo que fez no passado. Alguns fãs não suportam quando isso acontece, mas eles também não são mais as mesmas pessoas de antes – ainda bem em quase todos os casos. Geddy Lee não tem qualquer constrangimento em reconhecer mudanças em relação a quem era nos primórdios do Rush.

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Para exemplificar, o baixista, vocalista e tecladista citou à revista Vulture a letra de uma música com a qual não consegue mais se conectar. Ela integra o álbum “Hemispheres” (1978) e chegou a ser disponibilizada como single.

“Algumas músicas também podem ter sido um pouco ingênuas em sua intenção original. O pequeno conto desagradável chamado ‘The Trees’, é claro – um comentário sobre a igualdade forçada. Sendo um adulto de mentalidade muito mais liberal, agora tenho uma abordagem mais suave às coisas da vida e estou muito mais aberto e disposto. Dou muito mais importância à responsabilidade social agora do que nunca. Falo sobre isso, é claro, quando me refiro ao livre arbítrio.”

De acordo com o Quora, a letra de “The Trees”, escrita pelo baterista Neil Peart, “conta uma fábula sobre árvores lutando por luz do sol. Deixa a ideia de que algumas árvores merecem mais sol (carvalhos) enquanto outras (bordos) pensam que precisam mais. É uma alegoria sobre a demanda das classes trabalhadores. É usada a palavra ‘sindicato’ em relação a ‘demandar direitos iguais’. No fim, as árvores são ‘mantidas iguais por machadinhos, machados e serrotes’, o que zomba da fase violenta de uma revolução”. A composição traz ideias influenciadas pela escritora Ayn Rand.

Reposicionamento de Geddy Lee

De qualquer modo, Geddy Lee não se sente realmente culpado por não pensar mais assim. O músico destaca se tratar apenas de um reposicionamento que a vivência traz a qualquer pessoa.

“Havia algumas coisas sobre as quais cantávamos quando tínhamos vinte e poucos anos que pareciam muito importantes. Mas com o passar do tempo, você melhora essas opiniões porque a vida lhe ensina que não é tão simples. Depois de encontrar problemas e começar a ajudar sua família ou amigos com alguns deles, você aprenderá muito sobre quanto da vida foi vivido nas áreas cinzentas, em oposição às áreas pretas e brancas.”

Rush e “Hemispheres”

Sexto trabalho de estúdio do Rush, “Hemispheres” deu prosseguimento à saga progressiva do grupo, com duas músicas no formato de suíte: “Cygnus X-1 Book II: Hemispheres” e “La Villa Strangiato (An Exercise in Self-Indulgence)”. Ganhou disco de platina nos Estados Unidos.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

16 COMENTÁRIOS

  1. Não entendi. Hoje muito mais do que nunca a letra de The Trees está sendo vivida: liberdade assistida e igualdade forçada. Me surpreende é ser jovem e já entender Ayn Rand. E hoje, mais velho e mais conhecedor da vida, ao invés de se orgulhar do que escreveu, ele se critica? Tá estranho isso.

    • O Geddy amadureceu o suficiente pra entender que as questões sociais são bem mais complexas do que a música diz, principalmente hoje em dia. Quando você chegar na idade dele, talvez você entenda também.

    • Concordo plenamente com o comentário do Marcelo. Ayn Rand foi uma vítima do igualitarismo socialista impositivo e totalitário soviético. Se Geddy Lee se arrepende, é porque regrediu muito em seus conceitos políticos.

  2. Talvez Neil Peart acreditasse em meritocracia nessa época, sem levar em conta as dificuldades sociais enfrentadas pela maioria, para obter o mesmo êxito que uma minoria. “Algumas árvores merecem mais”, parece ignorar as injustiças sociais que são obstáculos para se chegar até o objetivo final. Geddy Lee complementa o pensamento, quando diz que “a vida lhe ensina que não é tão simples. Depois de encontrar problemas e começar a ajudar sua família ou amigos com alguns deles, você aprenderá muito sobre quanto da vida foi vivido nas áreas cinzentas, em oposição às áreas pretas e brancas.” De qualquer forma, considero Hemispheres uma obra prima e “The Trees” e “Circumstances” são minhas músicas favoritas do Rush.

    • Apesar de inteligentes, não tinham muita vivência na época. Nada que o amadurecimento não pudesse resolver… É preciso muita ingenuidade pra acreditar em meritocracia nos moldes liberais.

  3. A palavra “union” utilizada na letra e citada no artigo não significa união, mas sim sindicato.

    “So the maples formed a union…”
    Então os bordos formaram um sindicato…

  4. Liberal lá no norte nao é o mesmo que aqui. Lá, tem a ver com direitos civis e filosofias de esquerda. Ayn Rand tem uma ideologia muito frágil, infantil até. E depois de alguns anos quando se decide abraçar a realidade e conhecer a verdade de como o Mundo funciona, aí voce entende o engodo libertário. Eu já fui libertario objetivista e ancap, por isso entendo bem o Geddy. Essas ideias nao sobrevivem a 1 minuto da realidade.

    • A realidade é que independente de quem esteja nos cargos políticos, e independente de quais sejam suas visões políticas, eles nos forçarão a pagar impostos e utilizarão essa grana para comer lagostas.

  5. Pois e, geração bozolandia terraplana , fascismo disfarçado de liberalismo!! Ainda bem que outros artistas não mudam a posição revolucionária como Roger Waters e outros!!

  6. O Estado é necessário para a garantia de direitos básicos, como direito à propriedade, à vida e à liberdade individual, e a sua abolição seria um mal bem maior, apesar da tendência ao excesso de intervencionismo e centralização, que pode gerar mais distorções do que pretende corrigir.
    Tudo isso é contrário à lógica pura libertária, que desconsidera certos detalhes na prática.
    Mas rotular qualquer um que critique o ideal socialista e que não partilhe da mesma “fé” de “geração essa” ou aquela, ou mesmo de “bozo isso” ou aquilo, está sendo infantil, tanto em relação à compreensão dos motivos e produtos das tantas revoluções, quanto dando a entender que não tem bagagem para entrar numa discussão que vai bem além do complexo.

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