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Red Hot Chili Peppers supera expectativas em Porto Alegre

Apresentação na Arena do Grêmio contou com muita entrega e melhor repertório da turnê brasileira

Quinta-feira (16) em Porto Alegre e após sucessivos dias de mau tempo a chuva deu uma trégua para receber uma das maiores bandas da década de 1990. Na Arena do Grêmio, o Red Hot Chili Peppers se apresentou pela segunda vez na capital gaúcha, primeira em 21 anos.

Os ingressos se esgotaram em menos de 24 horas após o início das vendas. E o hype se justificou: o grupo americano empolgou as mais de 50 mil pessoas que compareceram à apresentam ao demonstrar energia acima do habitual e um repertório que pode ser considerado o melhor da turnê brasileira.

- Advertisement -
Foto: Maira Dill / Live Nation

Shows de abertura

A abertura ficou por conta da banda colombiana-brasileira de hardcore 69 Enfermos. Por conta dos horários definidos previamente para o processo de credenciamento, não foi possível assistir à apresentação.

Entre a 69 Enfermos e o Red Hot, tocaram os também californianos do Irontom. Com estilo difícil de definir — o que é um enorme elogio —, a banda é formada por Harry Hayes (vocal), Dylan Williams (bateria) e Zach Irons (guitarra), filho de Jack Irons, ex-baterista da atração principal.

Atualmente promovendo seu quarto álbum de estúdio, “Gel Pt. 1”, o grupo subiu ao palco pontualmente às 19h45 e executou “Common Chaos”, música que abre o mais recente disco. A sonoridade moderna bebe na fonte de diferentes influências que vão do post-punk ao industrial, passando também pela música pop.

Os músicos suaram sangue no palco. Cada uma das canções do set era executada com uma entrega maior que a anterior, tudo embalado carinhosamente pelo carisma de seu frontman. Houve ainda bastante interação com o público, com pedidos diversos vezes para que todos erguessem as mãos (sempre recebendo excelente resposta), algumas palavras em português — “amo você” e “obrigado” — e, principalmente, uma performance como se suas vidas dependessem daquilo.

Além de suas ótimas músicas próprias, houve também espaço para um cover: a versão de “Feel Good Inc”, do Gorillaz, um dos pontos altos do curto set do Irontom. Ao final de pouco mais de 40 minutos, foram ovacionados pela plateia que já ocupava a maior parte da Arena. 

Surpresas logo de cara

O relógio marcava 21h05 quando as luzes da Arena se apagaram, para furor da audiência. A tradicional jam de introdução foi desnecessária, com cinco minutos do que soa meramente como auto-indulgência dos músicos.

O show começa de verdade com a famosa introdução de “Can’t Stop”, que põe a casa abaixo. Aplausos fervorosos, gritos, êxtase. Aquelas notas, tão conhecidas, eram uma declaração melódica do fim de uma longa espera dos fãs.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Cantada em coro, “Can’t Stop” antecedeu a primeira supresa: “Scar Tissue”. A canção do álbum “Californication” (1999) havia sido executada em Brasília (07/11) e Curitiba (13/11), mas a dobradinha com a faixa do disco “By the Way” (2002) não havia acontecido, ainda, em terras brasileiras.

Ainda mais aplaudida que a música que abriu o show, “Scar Tissue” serviu para deixar no ar, muito cedo, que o jogo estava ganho. A interação entre público e banda anunciava uma grande noite. 

Performance imperfeita, porém calorosa

Alvo de críticas ao longo desta e de outras turnês, a entrega do Red Hot Chili Peppers no palco da Arena do Grêmio foi diferenciada. A energia que se espera da banda — e que é excelentemente captada nos álbuns — pôde ser sentida de forma clara. Era uma banda dedicada, ainda que com falhas técnicas e erros de execução.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Logo em “Can’t Stop” alguns erros puderam ser percebidos pelos olhares mais atentos, algo que se repetiu em diversas outras músicas do repertório. A mais clara ficou por conta do vocalista Anthony Kiedis, que cantou fora do tempo não um, mas dois versos de “Californication” — o que arrancou risos do guitarrista John Frusciante e causou uma olhadinha discreta para Chad Smith na bateria.

Se o público não percebia as imperfeições, por outro lado, sentia muito claramente a energia dos quatro no palco. Houve quem chamasse as performances do Red Hot de “burocráticas” ou “protocolares”. Na última quinta-feira (16), não. Em Porto Alegre o que se viu foi uma banda dedicada, se divertindo no palco, celebrando em comunhão com sua plateia. E o ponto alto disso foi, justamente, a mencionada “Californication”.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Repertório bem pensado

Desta vez o repertório do Red Hot Chili Peppers foi bem pensado. Passados os dois mega-hits iniciais, a banda se permitiu passear por sua história de forma despojada, mas sem aparentar qualquer tipo de descompromisso.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Quem acompanha os trabalhos mais recentes pôde curtir ótimas execuções de “Eddie” e “Tippa My Tongue”, do ótimo álbum “Return of the Dream Canteen” (2022), e também duas faixas do registro anterior, “Unlimited Love” (2022): “Here Ever After” e “Black Summer”.

Já os fãs mais antigos foram à loucura com “Me & My Friends” e a surpresa “Sir Psycho Sexy” — esta, já no bis. O encerramento, como não poderia deixar de ser, ficou por conta do clássico absoluto “Give It Away”. 

Alma lavada

As opiniões, seja de público ou crítica, vinham se dividindo quanto à turnê brasileira do Chili Peppers. Enquanto alguns louvavam a atitude da banda quanto à escolha de repertório ou mesmo da postura indiferente quanto a — considerada por muitos — curta duração de seus shows, outros criticavam por entendê-la como uma espécie de desrespeito.

De um lado, o RHCP é dono de uma montanha de hits radiofônicos; de outro, são artistas criativos que se mantém ávidos por apresentar novas performances instrumentais e também canções menos previsíveis em seu setlist. Levando isso em consideração, é possível afirmar que, no último show desta turnê, o Red Hot encontrou o equilíbrio.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Logicamente o público sentiu falta de grandes hits como “The Zephyr Song”, “Otherside”, “Around the World”, “Under the Bridge” e “Suck My Kiss”. Porém, a disposição do quarteto no palco foi tamanha que o público voltou para casa de alma lavada.

Quem foi, certamente, gostou do que viu e ouviu de Anthony Kieds, John Frusciante, Flea e do brasileiríssimo Chad Smith, o último a deixar o palco e, disparadamente, o mais aplaudido dos quatro. Se as opiniões se dividiram em outras capitais, no Rio Grande do Sul a sensação pós-show foi muito mais positiva.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Red Hot Chili Peppers – ao vivo em Porto Alegre

  • Local: Arena do Grêmio
  • Data: 16 de novembro de 2023
  • Turnê: 2022-23 Global Stadium Tour

Repertório:

  1. Intro Jam
  2. Can’t Stop
  3. Scar Tissue
  4. Snow ((Hey Oh))
  5. Here Ever After
  6. Terrapin (Syd Barrett)
  7. Havana Affair (Ramones)
  8. Eddie
  9. Parallel Universe
  10. Soul to Squeeze
  11. Me & My Friends
  12. Strip My Mind
  13. Tippa My Tongue
  14. Tell Me Baby
  15. Californication
  16. What Is Soul? (Funkadelic)
  17. Black Summer
  18. By the Way

Bis:

  1. Sir Psycho Sexy
  2. They’re Red Hot (Robert Johnson)
  3. Give It Away
Foto: Maira Dill / Live Nation
Foto: Maira Dill / Live Nation
Foto: Maira Dill / Live Nation
Foto: Maira Dill / Live Nation
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Marcel Bittencourt
Marcel Bittencourthttps://igormiranda.com.br/
Marcel Bittencourt é jornalista musical, produtor musical e baixista da banda Hit the Noise. Esteve presente em mais de 600 shows, sendo mais de 200 na qualidade de repórter dos hoje extintos sites PoaShow e Rockbox, dos quais também foi editor. Nas horas vagas joga poker e espalha a palavra dos suecos do Hellacopters.

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Os ingressos se esgotaram em menos de 24 horas após o início das vendas. E o hype se justificou: o grupo americano empolgou as mais de 50 mil pessoas que compareceram à apresentam ao demonstrar energia acima do habitual e um repertório que pode ser considerado o melhor da turnê brasileira.

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Shows de abertura

A abertura ficou por conta da banda colombiana-brasileira de hardcore 69 Enfermos. Por conta dos horários definidos previamente para o processo de credenciamento, não foi possível assistir à apresentação.

Entre a 69 Enfermos e o Red Hot, tocaram os também californianos do Irontom. Com estilo difícil de definir — o que é um enorme elogio —, a banda é formada por Harry Hayes (vocal), Dylan Williams (bateria) e Zach Irons (guitarra), filho de Jack Irons, ex-baterista da atração principal.

Atualmente promovendo seu quarto álbum de estúdio, “Gel Pt. 1”, o grupo subiu ao palco pontualmente às 19h45 e executou “Common Chaos”, música que abre o mais recente disco. A sonoridade moderna bebe na fonte de diferentes influências que vão do post-punk ao industrial, passando também pela música pop.

Os músicos suaram sangue no palco. Cada uma das canções do set era executada com uma entrega maior que a anterior, tudo embalado carinhosamente pelo carisma de seu frontman. Houve ainda bastante interação com o público, com pedidos diversos vezes para que todos erguessem as mãos (sempre recebendo excelente resposta), algumas palavras em português — “amo você” e “obrigado” — e, principalmente, uma performance como se suas vidas dependessem daquilo.

Além de suas ótimas músicas próprias, houve também espaço para um cover: a versão de “Feel Good Inc”, do Gorillaz, um dos pontos altos do curto set do Irontom. Ao final de pouco mais de 40 minutos, foram ovacionados pela plateia que já ocupava a maior parte da Arena. 

Surpresas logo de cara

O relógio marcava 21h05 quando as luzes da Arena se apagaram, para furor da audiência. A tradicional jam de introdução foi desnecessária, com cinco minutos do que soa meramente como auto-indulgência dos músicos.

O show começa de verdade com a famosa introdução de “Can’t Stop”, que põe a casa abaixo. Aplausos fervorosos, gritos, êxtase. Aquelas notas, tão conhecidas, eram uma declaração melódica do fim de uma longa espera dos fãs.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Cantada em coro, “Can’t Stop” antecedeu a primeira supresa: “Scar Tissue”. A canção do álbum “Californication” (1999) havia sido executada em Brasília (07/11) e Curitiba (13/11), mas a dobradinha com a faixa do disco “By the Way” (2002) não havia acontecido, ainda, em terras brasileiras.

Ainda mais aplaudida que a música que abriu o show, “Scar Tissue” serviu para deixar no ar, muito cedo, que o jogo estava ganho. A interação entre público e banda anunciava uma grande noite. 

Performance imperfeita, porém calorosa

Alvo de críticas ao longo desta e de outras turnês, a entrega do Red Hot Chili Peppers no palco da Arena do Grêmio foi diferenciada. A energia que se espera da banda — e que é excelentemente captada nos álbuns — pôde ser sentida de forma clara. Era uma banda dedicada, ainda que com falhas técnicas e erros de execução.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Logo em “Can’t Stop” alguns erros puderam ser percebidos pelos olhares mais atentos, algo que se repetiu em diversas outras músicas do repertório. A mais clara ficou por conta do vocalista Anthony Kiedis, que cantou fora do tempo não um, mas dois versos de “Californication” — o que arrancou risos do guitarrista John Frusciante e causou uma olhadinha discreta para Chad Smith na bateria.

Se o público não percebia as imperfeições, por outro lado, sentia muito claramente a energia dos quatro no palco. Houve quem chamasse as performances do Red Hot de “burocráticas” ou “protocolares”. Na última quinta-feira (16), não. Em Porto Alegre o que se viu foi uma banda dedicada, se divertindo no palco, celebrando em comunhão com sua plateia. E o ponto alto disso foi, justamente, a mencionada “Californication”.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Repertório bem pensado

Desta vez o repertório do Red Hot Chili Peppers foi bem pensado. Passados os dois mega-hits iniciais, a banda se permitiu passear por sua história de forma despojada, mas sem aparentar qualquer tipo de descompromisso.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Quem acompanha os trabalhos mais recentes pôde curtir ótimas execuções de “Eddie” e “Tippa My Tongue”, do ótimo álbum “Return of the Dream Canteen” (2022), e também duas faixas do registro anterior, “Unlimited Love” (2022): “Here Ever After” e “Black Summer”.

Já os fãs mais antigos foram à loucura com “Me & My Friends” e a surpresa “Sir Psycho Sexy” — esta, já no bis. O encerramento, como não poderia deixar de ser, ficou por conta do clássico absoluto “Give It Away”. 

Alma lavada

As opiniões, seja de público ou crítica, vinham se dividindo quanto à turnê brasileira do Chili Peppers. Enquanto alguns louvavam a atitude da banda quanto à escolha de repertório ou mesmo da postura indiferente quanto a — considerada por muitos — curta duração de seus shows, outros criticavam por entendê-la como uma espécie de desrespeito.

De um lado, o RHCP é dono de uma montanha de hits radiofônicos; de outro, são artistas criativos que se mantém ávidos por apresentar novas performances instrumentais e também canções menos previsíveis em seu setlist. Levando isso em consideração, é possível afirmar que, no último show desta turnê, o Red Hot encontrou o equilíbrio.

Foto: Maira Dill / Live Nation

Logicamente o público sentiu falta de grandes hits como “The Zephyr Song”, “Otherside”, “Around the World”, “Under the Bridge” e “Suck My Kiss”. Porém, a disposição do quarteto no palco foi tamanha que o público voltou para casa de alma lavada.

Quem foi, certamente, gostou do que viu e ouviu de Anthony Kieds, John Frusciante, Flea e do brasileiríssimo Chad Smith, o último a deixar o palco e, disparadamente, o mais aplaudido dos quatro. Se as opiniões se dividiram em outras capitais, no Rio Grande do Sul a sensação pós-show foi muito mais positiva.

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  • Local: Arena do Grêmio
  • Data: 16 de novembro de 2023
  • Turnê: 2022-23 Global Stadium Tour

Repertório:

  1. Intro Jam
  2. Can’t Stop
  3. Scar Tissue
  4. Snow ((Hey Oh))
  5. Here Ever After
  6. Terrapin (Syd Barrett)
  7. Havana Affair (Ramones)
  8. Eddie
  9. Parallel Universe
  10. Soul to Squeeze
  11. Me & My Friends
  12. Strip My Mind
  13. Tippa My Tongue
  14. Tell Me Baby
  15. Californication
  16. What Is Soul? (Funkadelic)
  17. Black Summer
  18. By the Way

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  1. Sir Psycho Sexy
  2. They’re Red Hot (Robert Johnson)
  3. Give It Away
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