Quando você ouve “Purple Rain” e “Faithfully”, fica difícil não associar uma à outra. A melodia, o arranjo, a sequência de acordes, tudo faz com que as músicas de Prince e Journey, respectivamente, sejam lembradas automaticamente por quem conhece ambas.
O popstar tinha total noção disso. Sendo assim, resolveu se resguardar de possíveis visitas do “famoso processinho”.
Ao criar a faixa-título da trilha sonora do filme homônimo, em 1984, o músico telefonou para Jonathan Cain, tecladista da banda americana e um dos compositores da balada presente no álbum “Frontiers”, disponibilizado no ano anterior.
O próprio instrumentista relembrou o momento à Billboard – em resgate do Far Out Magazine.
“Ele me ligou e disse: ‘Eu quero tocar algo e gostaria que você desse uma conferida. As mudanças de acordes estão próximas das de ‘Faithfully’ e não quero que me processem’.”
Apesar das semelhanças inegáveis, Cain fez questão de tranquilizar Prince. Na verdade, ele não apenas aprovou o resultado, como agradeceu.
“Achei que era uma música incrível e disse a ele: ‘Fico super lisonjeado por ter ligado. Isso mostra que você é um cara elegante. Boa sorte com a música. Eu sei que vai ser um sucesso’.”
Preocupação de Prince com ação judicial
Mesmo sem ter assinado a criação, o guitarrista Neal Schon ecoou a visão de Jonathan Cain – algo raro atualmente, já que são desafetos declarados, embora sigam tocando juntos.
“Acredito que Prince ficou preocupado que pudéssemos processá-lo. Ligou para o nosso escritório perguntando sobre isso. Todos nós conversamos e concluímos que era a melhor forma de homenagem possível.”
Nem mesmo a ideia de pedir créditos como coautores passou pela cabeça, como afirmou Jonathan.
“Não, não, isso só atrairia coisas ruins. Há muitas outras situações em que realmente fomos roubados.”
Journey e “Faithfully”
“Faithfully” chegou ao 12º lugar no Billboard Hot 100, principal parada de singles dos Estados Unidos. O sucesso de “Purple Rain” foi ainda maior, alcançando o 2º posto no mesmo chart, além de ter conquistado o topo em vários países europeus. Mais de 2 milhões de cópias do single foram comercializadas.
A balada dos gigantes do AOR ainda inspirou outro clássico do rock romântico oitentista. Abrindo para a banda durante a turnê de “Frontiers”, Bryan Adams admitiu a inspiração para compor “Heaven”, um de seus maiores hits. A gravação até mesmo contou com Steve Smith, baterista da formação clássica do Journey.
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